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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.
O farmacêutico químico Eduardo Cruz, de 48 anos, é sócio de um negócio que fatura 10 milhões de reais por ano. Mas seu passaporte tem mais carimbos internacionais do que o de muitos donos de grandes empresas. Nos últimos tempos, ele se tornou assíduo freqüentador do trajeto RioNova YorkRio. Só neste ano, fez esse percurso seis vezes. As viagens são necessárias para que Cruz faça sua Cryopraxis, empresa que armazena células-tronco, dar um passo ousado para seu tamanho -- abrir o capital nos Estados Unidos. Por que lá? Além da armazenagem, a empresa faz pesquisa com células-tronco para descobrir tratamentos de doenças cardiovasculares, diabetes e renovação de ossos e tecidos humanos. Para isso, é preciso muito dinheiro. "Optamos pelos Estados Unidos porque os investidores de lá vêem com muito bons olhos empresas promissoras de biotecnologia", diz Cruz. Ele acredita ser possível captar até 80 milhões de dólares nos próximos três anos. "No Brasil, dificilmente uma empresa de biotecnologia conseguiria mais que 10 milhões de dólares", diz Eduardo Emrich, presidente da Fundação Biominas, que representa empreendimentos do setor. Pequeno ou grande, quem se aventura a abrir o capital nos Estados Unidos precisa lidar com uma lista enorme de exigências que demandam tempo, custos e muita paciência. "Começamos a negociar o ingresso na Nasdaq há três anos", diz Cruz. Ele acredita que a Cryopraxis terá a licença para operar até 2009. "A empresa precisa estar preparada para chegar ao final do processo com as finanças em ordem", diz Emrich. Para melhorar as chances de fazer uma boa captação nos Estados Unidos, a Cryopraxis associou-se neste ano a uma pequena empresa americana de biotecnologia, a Saneron. Pelo acordo, a Cryopraxis terá direito a 5% do capital da Saneron até 2010 -- em troca, vai ceder sua tecnologia à parceira americana, em vez de desembolsar dinheiro. Em 2007, também foi fechada uma parceria com a Universidade do Sul da Flórida para o desenvolvimento de pesquisas.