60% das empresas são éticas por pressão social, diz FNQ
Pesquisa divulgada pela Fundação Nacional da Qualidade envolveu cerca de mil empresários de todo o País; maioria gostaria de ter área específica para tratar da ética
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.
São Paulo - Uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira (11) pela Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), em São Paulo, revela que cerca de 75% dos pequenos negócios no País acreditam que as empresas de um modo geral que adotam uma postura ética tendem a ter um maior retorno (reconhecimento público, lucro) do que outras que não consideram questões éticas em suas rotinas. Além disso, praticamente 70% dos entrevistados gostariam que a sua empresa futuramente viesse a desenvolver ou implantar uma área específica para tratar da ética.
Estas são algumas das conclusões de pesquisa Ética nas Relações Empresariais, iniciativa da FNQ com apoio do Sebrae. O Senac no Rio Grande do Sul, que conduziu a pesquisa, apresentou os resultados durante o 18º Seminário Internacional em Busca da Excelência (Sebe), que teve como tema as Dimensões da Ética Empresarial. Para a coordenadora do Comitê de Ética da FNQ, Izilda Capeletto, a pesquisa tem por objetivo levantar informações sobre como os pequenos negócios estão tratando este assunto. "Devemos no futuro aprofundar o tema neste segmento".
A pesquisa envolveu cerca de 1.000 empresários de micro e pequenas empresas no País, de uma base de dados de 15 mil empresas fornecida pelo Sebrae. Apesar de os empresários acreditarem que o exercício da ética é importante em suas empresas, cerca de 90% dos entrevistados têm a percepção de que as empresas brasileiras em geral não se preocupam em assumir uma postura ética nos negócios.
Mais de 80% dos empresários consideram correto o conceito de que "ética é um conjunto de práticas que podem ser representadas pela honestidade e integridade de conduta em todas as áreas da nossa vida", de acordo com a pergunta feita aos empresários. Outro dado interessante é a questão "Ética" faz parte do cotidiano da maioria das empresas entrevistadas (72,9%), porém de maneira informal.
Para Maria Del Carmen, analista de Atendimento Individual do Sebrae, este último dado é mais do esperado, já que a maioria das pequenas empresas ainda não tem seus departamentos totalmente estruturados. "A pesquisa revela que as pequenas empresas entendem a importância do tema e o transportam para o seu dia a dia".
Quando o assunto é relações éticas entre empresas e governo, as MPE vêem com desconfiança essa situação. Questionadas quais relações são mais consolidadas dentro do padrão ético, 35,95% responderam empresa-cliente. Em seguida, empresa-funcionário (28,33%); empresa-governo ficou em último lugar com 2,86%.
A pesquisa mostra ainda que as empresas consideram que a adoção da ética nos negócios ocorre principalmente por "pressão social" (59,7%), sendo que a grande maioria (83,4%) acredita que o comportamento ético das empresas brasileiras é apenas "parcialmente alinhado" com o próprio discurso.
Quanto ao perfil analisado, a maioria dos participantes concentrou-se no Sul (30,6%), Sudeste (28,6%) e Nordeste (18%), regiões que reúnem o maior número de micro e pequenas empresas no País. Os setores que mais se destacaram foram Comércio (31%) e Serviços (26%).