60% dos estudantes querem empreender, mas poucos se preparam
Uma pesquisa feita pela Endeavor ouviu professores e estudantes universitários brasileiros para saber o que eles pensam sobre empreendedorismo
Da Redação
Publicado em 8 de outubro de 2012 às 20h00.
São Paulo – Um estudo desenvolvido pela Endeavor, instituição que apoia empreendedores com alto potencial de crescimento, mostrou que a maioria dos universitários brasileiros está interessada em abrir um negócio próprio, mas poucos estudantes estão realmente empenhados em se preparar para tocar uma pequena empresa .
Para Amisha Miller, gerente de pesquisa e políticas públicas da Endeavor, os dados impressionam. “A coisa mais importante é que 60% dos jovens universitários querem abrir uma empresa. Os estudantes, no entanto, não estão se preparando, não estão lendo, fazendo parte de instituições estudantis e se preparando para aprender como empreender“, explica.
Além de mostrar que 60% dos estudantes pensam em abrir uma empresa no futuro, a pesquisa constatou que 47,6% concordam totalmente com a afirmação “muitas vezes penso em me tornar um empreendedor”. “Empreendedorismo está na moda. Eu acho que muitas pessoas estão falando sem pensar o que é ser e o esforço que você precisa para ser empreendedor”, diz Amisha.
Entre estes universitários, 38,1% dos ouvidos disseram que gastam tempo aprendendo a empreender e 44,2% já cursaram uma disciplina ligada a empreendedorismo. Apenas 8,8% dos entrevistados já empreendem em negócios pequenos e com até 10 funcionários.
Mais da metade já trabalha em empresas novas no mercado ou startups. Para Amisha, ter a vivência em uma pequena empresa é tão importante quanto buscar capacitação. “Dos que já trabalharam, mais de 70% ficam mais confiantes na capacidade deles. É importante estagiar em uma pequena empresa para ver se pode ser empreendedor mesmo”, diz.
Outros 24,4% disseram que estão guardando dinheiro para começar a empresa. Apesar disso, em uma escala de 0 a 100, os estudantes tiveram média de 51,81 pontos sobre o nível de confiança para determinar o valor de investimento inicial e capital de giro necessário para iniciar um novo empreendimento.
Os homens estão mais dispostos a empreender e mais confiantes do que as mulheres, segundo o estudo. Além disso, a opinião dos pais é muito importante para 60,2% dos universitários ouvidos.
A pesquisa avaliou ainda o desempenho das universidades quando o assunto é empreendedorismo. Só 4,3% das faculdades não têm atividades ligadas a empreendedorismo e mais da metade oferece cursos de introdução sobre o tema e sobre criação de empresas. Além disso, a maioria das instituições de ensino superior do Brasil promove palestras e visitas sobre empreendedorismo.
O impacto destas atividades é positivo. Quase 40% dos alunos já cursaram uma disciplina ligada a empreendedorismo e se sentem mais confiantes. “Quem já fez algum curso tem qualidade superior do que aquele que não fez e realmente melhora em coisas técnicas”, diz. Apesar do tema estar em evidência, os cursos ainda são restritos. “As universidades estão no caminho certo, o que precisa agora é entender a qualidade desses cursos e se os estudantes acham que vale a pena ou não”, diz Amisha.
O estudo desenvolvido pela Endeavor ouviu professores de 46 universidades brasileiras e 6.215 estudantes universitários, de todas as regiões do país. A pesquisa faz parte de um projeto que envolve 80 universidades em 40 países.