6 motivos para desconfiar de um investidor-anjo
Saiba quais características um empreendedor deve analisar antes de aceitar um investimento
Da Redação
Publicado em 3 de abril de 2012 às 06h00.
São Paulo – A chegada de um investimento costuma ser muito comemorada nas startups . Geralmente, este é um sinal de que a empresa está indo pelo caminho certo e de que há quem aposte – e coloque dinheiro – para que ela cresça.
Mas, o que tinha tudo para ser motivo de festa, pode acabar em confusão. Com a propagação cada vez mais intensa do universo das startups, tem muita gente aproveitando para se dar bem de forma ilícita neste mercado.
Quando se fala em investimento-anjo, é preciso falar de smart-money, o dinheiro com valor agregado para empresa. O investidor precisa contribuir para o negócio, seja com experiência de gestão, conhecimento técnico ou contatos.
Para Fernando Campos, investidor-anjo e gestor da Devise, muitas vezes os empresários se empolgam muito e esquecem que a relação com o investidor vai ser intensa. “O investidor vai se tornar um sócio e não vai ser passivo, vai ter uma frequência de comunicação semanal muitas vezes. Geralmente, a ansiedade do empreendedor pelo recurso financeiro é grande e ele deixa de controlar esse ponto”, explica Campos.
Para Cassio Spina, também investidor e presidente da associação Anjos do Brasil, a relação deve ter sintonia, antes de tudo. “É importante ter discussões de ideias, mas não dá para pensar de forma totalmente oposta. Precisa ter ideias complementares e se sentir confortável durante a conversa”, explica.
Por isso, o primeiro passo que o empreendedor deve dar é avaliar a reputação do investidor. “O empreendedor tem que estar preparado para puxar uma ficha do investidor, saber se ele tem processos ou o nome limpo. É bom também avaliar a reputação: saber de onde vem e se já teve startups, por exemplo”, opina Campos.
O histórico do investidor, portanto, é tão importante quanto o do empreendedor. “Aqui não é tão popular ou comum eles divulgarem os investimentos que fazem, mas é bom fazer uma pesquisa na internet ou perguntar diretamente ao investidor. É bom saber em que segmento ele atuou e como é a relação com as outras empresas”, ensina Spina.
Esta pesquisa é importante para dizer se o investidor pode estar interessado em outros fatores que não o investimento, como ver de perto sua ideia ou mercado. Veja a seguir seis atitudes estranhas vindas de um investidor-anjo.
1.Pedir garantias reais
Campos faz uma distinção entre um investidor-anjo passivo, aquele que só aporta capital e não se envolve muito na empresa, e um “não anjo”, que só busca retorno financeiro. “Isso não é como investimento financeiro, o risco é altíssimo e é preciso ser paciente e estar preparado para perder 100% do capital”, diz. Por isso, um anjo nunca deve pedir garantias reais, como bens ou notas promissórias, sobre o investimento.
2.Oferecer empréstimos
Assim como é estranho o investidor exigir um carro ou casa como garantia do investimento, é também muito esquisito ele falar em empréstimos. “Não é papel do investidor acertar um empréstimo para o empreendedor. Ele nunca vai pedir pagamentos em dinheiro e não vai querer empréstimo”, alerta Spina. O que costuma acontecer é a “dívida conversível”, mas neste caso, o valor é convertido em participação na empresa.
3.Impor cláusulas de exclusividade longas
Outra questão importante para ser avaliada é o período de exclusividade imposto no contrato. Um longo tempo de contrato exclusivo pode fazer a empresa perder uma boa oportunidade e causar problemas financeiros também. O investidor pode exigir isso por estar de olho em outras startups do mesmo mercado e querer observar qual vai se sair melhor. “Precisa cuidado com cláusulas de exclusividade muito longas e investidores muito lentos na tomada de decisão”, diz Campos.
4.Exigir um cargo na empresa
Apesar de ser como um sócio, o investidor costuma ter outras atividades e se dedicar à startup por um tempo acertado entre as partes. “Investidor não se propõe a ser um funcionário ou um diretor”, explica Spina. É comum, por outro lado, que ele tenha o direito de indicar um nome para ocupar a cadeira de CEO ou outro cargo do tipo, mas não que ele mesmo tente fazer parte do quadro de funcionários.
5.Pedir um salário
Já que não é funcionário, não faz sentido pedir dinheiro por sua atuação na empresa. “Investidor não pede salários ou dividendos”, afirma Campos. Para Spina, é claro que nenhum investidor pode propor a cobrança de serviços remunerados do investidor. “Ele não vai pedir dinheiro para o empreendedor; tem que receber participação no negócio. Uma oferta de pagamento em dinheiro é uma inversão de valores”, diz o presidente da Anjos do Brasil.
Assim como está fora de jogo pedir garantias reais, o investidor-anjo também não deve ter um salário. É comum que as empresas paguem pelos serviços dos conselheiros mas, neste caso, eles não costumam ser os próprios investidores.
6.Ser majoritário
Para os especialistas, não faz sentido um investidor-anjo pedir a maior parte da empresa em troca do investimento. “O princípio é que o empreendedor seja o principal interessado no negócio”, justifica Campos. Segundo Spina, principalmente nos estágios iniciais da empresa, o ideal é ser minoritário. “O comum é ter de 20% a 30% da empresa, na média”, explica.
São Paulo – A chegada de um investimento costuma ser muito comemorada nas startups . Geralmente, este é um sinal de que a empresa está indo pelo caminho certo e de que há quem aposte – e coloque dinheiro – para que ela cresça.
Mas, o que tinha tudo para ser motivo de festa, pode acabar em confusão. Com a propagação cada vez mais intensa do universo das startups, tem muita gente aproveitando para se dar bem de forma ilícita neste mercado.
Quando se fala em investimento-anjo, é preciso falar de smart-money, o dinheiro com valor agregado para empresa. O investidor precisa contribuir para o negócio, seja com experiência de gestão, conhecimento técnico ou contatos.
Para Fernando Campos, investidor-anjo e gestor da Devise, muitas vezes os empresários se empolgam muito e esquecem que a relação com o investidor vai ser intensa. “O investidor vai se tornar um sócio e não vai ser passivo, vai ter uma frequência de comunicação semanal muitas vezes. Geralmente, a ansiedade do empreendedor pelo recurso financeiro é grande e ele deixa de controlar esse ponto”, explica Campos.
Para Cassio Spina, também investidor e presidente da associação Anjos do Brasil, a relação deve ter sintonia, antes de tudo. “É importante ter discussões de ideias, mas não dá para pensar de forma totalmente oposta. Precisa ter ideias complementares e se sentir confortável durante a conversa”, explica.
Por isso, o primeiro passo que o empreendedor deve dar é avaliar a reputação do investidor. “O empreendedor tem que estar preparado para puxar uma ficha do investidor, saber se ele tem processos ou o nome limpo. É bom também avaliar a reputação: saber de onde vem e se já teve startups, por exemplo”, opina Campos.
O histórico do investidor, portanto, é tão importante quanto o do empreendedor. “Aqui não é tão popular ou comum eles divulgarem os investimentos que fazem, mas é bom fazer uma pesquisa na internet ou perguntar diretamente ao investidor. É bom saber em que segmento ele atuou e como é a relação com as outras empresas”, ensina Spina.
Esta pesquisa é importante para dizer se o investidor pode estar interessado em outros fatores que não o investimento, como ver de perto sua ideia ou mercado. Veja a seguir seis atitudes estranhas vindas de um investidor-anjo.
1.Pedir garantias reais
Campos faz uma distinção entre um investidor-anjo passivo, aquele que só aporta capital e não se envolve muito na empresa, e um “não anjo”, que só busca retorno financeiro. “Isso não é como investimento financeiro, o risco é altíssimo e é preciso ser paciente e estar preparado para perder 100% do capital”, diz. Por isso, um anjo nunca deve pedir garantias reais, como bens ou notas promissórias, sobre o investimento.
2.Oferecer empréstimos
Assim como é estranho o investidor exigir um carro ou casa como garantia do investimento, é também muito esquisito ele falar em empréstimos. “Não é papel do investidor acertar um empréstimo para o empreendedor. Ele nunca vai pedir pagamentos em dinheiro e não vai querer empréstimo”, alerta Spina. O que costuma acontecer é a “dívida conversível”, mas neste caso, o valor é convertido em participação na empresa.
3.Impor cláusulas de exclusividade longas
Outra questão importante para ser avaliada é o período de exclusividade imposto no contrato. Um longo tempo de contrato exclusivo pode fazer a empresa perder uma boa oportunidade e causar problemas financeiros também. O investidor pode exigir isso por estar de olho em outras startups do mesmo mercado e querer observar qual vai se sair melhor. “Precisa cuidado com cláusulas de exclusividade muito longas e investidores muito lentos na tomada de decisão”, diz Campos.
4.Exigir um cargo na empresa
Apesar de ser como um sócio, o investidor costuma ter outras atividades e se dedicar à startup por um tempo acertado entre as partes. “Investidor não se propõe a ser um funcionário ou um diretor”, explica Spina. É comum, por outro lado, que ele tenha o direito de indicar um nome para ocupar a cadeira de CEO ou outro cargo do tipo, mas não que ele mesmo tente fazer parte do quadro de funcionários.
5.Pedir um salário
Já que não é funcionário, não faz sentido pedir dinheiro por sua atuação na empresa. “Investidor não pede salários ou dividendos”, afirma Campos. Para Spina, é claro que nenhum investidor pode propor a cobrança de serviços remunerados do investidor. “Ele não vai pedir dinheiro para o empreendedor; tem que receber participação no negócio. Uma oferta de pagamento em dinheiro é uma inversão de valores”, diz o presidente da Anjos do Brasil.
Assim como está fora de jogo pedir garantias reais, o investidor-anjo também não deve ter um salário. É comum que as empresas paguem pelos serviços dos conselheiros mas, neste caso, eles não costumam ser os próprios investidores.
6.Ser majoritário
Para os especialistas, não faz sentido um investidor-anjo pedir a maior parte da empresa em troca do investimento. “O princípio é que o empreendedor seja o principal interessado no negócio”, justifica Campos. Segundo Spina, principalmente nos estágios iniciais da empresa, o ideal é ser minoritário. “O comum é ter de 20% a 30% da empresa, na média”, explica.