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5 desafios para abrir uma startup no Brasil

Falta de sócios bem preparados e burocracia são dificuldades para começar um negócio digital

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Da Redação

Publicado em 6 de agosto de 2012 às 09h06.

Quais os desafios para abrir um negócio digital no Brasil?
Respondido porFernando de La Riva, especialista em negócios digitais

A maioria das dificuldades enfrentadas pelos negócios digitais no Brasil tem um fundo comum: a novidade deste ciclo econômico em um cenário onde as reformas estruturais, tão necessárias, ainda não foram feitas.

A falta de reformas políticas, fiscais e previdenciárias e o baixo nível de investimento afeta a competitividade de todos os setores, mas é especialmente nefasto com o de alta tecnologia pela fragilidade e novidade do ecossistema.

De acordo com a minha experiência, as maiores dificuldades na hora de montar um negócio digital no Brasil estão na falta de gente qualificada e na burocracia.

1. Falta de sócios qualificados
A sociedade é a principal forma de empreender em tecnologia e fazer “bootstrap”, ou seja, se autofinanciar. Mas, para que esta estratégia dê certo, você precisa de talento equilibrado (tecnologia, design de produto e vendas) que possa ser convertido em dinheiro. Se não houver, não surge dinheiro de nenhum tipo e o modelo de negócio não vai se provar.

O Brasil é carente de mão de obra qualificada no geral, e não existe um ciclo prévio de empreendedores que tenham tido sucesso ou não e que possam ser reengajados com mais chances em uma nova startup .

2. Burocracia e custo Brasil
Montar uma empresa no Brasil, pagar seus impostos e lidar com a justiça (trabalhista ou não) é um esforço hercúleo. A estratégia de impostos é muito focada em faturamento e não lucro, e foi montada em um cenário de sonegação muito maior do que existe hoje. Por sua vez, a legislação trabalhista é adequada aos tempos de Getúlio Vargas e não aos de Zuckerberg.

3. Custo de capital
Associada ao bootstrap, uma forma ainda comum de financiamento é a dívida, seja pessoal ou corporativa. A junção de demora, burocracia e spread no Brasil faz com que a mortalidade causada por essa forma de financiamento seja desnecessariamente alta.

4. Penalização do erro
Um fundador que quebra com uma falência desordenada no Brasil, mesmo que não tenha cometido nenhuma fraude, ficará cinco anos sem fazer negócio e poderá ser preso por apropriação indébita. Ou seja, ao invés de retroalimentarmos essa experiência no nosso pool de talentos e, com isso, aumentarmos a chance de sucesso da próxima startup, mandamos o empreendedor para o limbo social.

5. Ciclo de capital de risco incompleto
A palavra ciclo implica em um processo periódico que tenha um padrão de repetição. Para isso, precisamos de fundos de crescimento e principalmente de opções de saída.

O mercado de capitais não é uma dessas opções, e as aquisições estratégicas de empresas locais semelhantes (copycats) também não têm acontecido. Sem essa regularidade, é difícil precificar este tipo de ativo e a quantidade de investimento que vai pra ele é menor do que poderia ser. Consequentemente, não há velocidade de giro no mercado.

Fernando De La Riva, da Concrete Solutions


Fernando de La Riva é diretor-executivo da Concrete Solutions , consultoria global de TI, e ajudou a desenvolver mais de 17 startups de tecnologia.

Envie suas dúvidas sobre negócios digitais paraexamecanalpme@abril.com.br.


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Quais os desafios para abrir um negócio digital no Brasil?
Respondido porFernando de La Riva, especialista em negócios digitais

A maioria das dificuldades enfrentadas pelos negócios digitais no Brasil tem um fundo comum: a novidade deste ciclo econômico em um cenário onde as reformas estruturais, tão necessárias, ainda não foram feitas.

A falta de reformas políticas, fiscais e previdenciárias e o baixo nível de investimento afeta a competitividade de todos os setores, mas é especialmente nefasto com o de alta tecnologia pela fragilidade e novidade do ecossistema.

De acordo com a minha experiência, as maiores dificuldades na hora de montar um negócio digital no Brasil estão na falta de gente qualificada e na burocracia.

1. Falta de sócios qualificados
A sociedade é a principal forma de empreender em tecnologia e fazer “bootstrap”, ou seja, se autofinanciar. Mas, para que esta estratégia dê certo, você precisa de talento equilibrado (tecnologia, design de produto e vendas) que possa ser convertido em dinheiro. Se não houver, não surge dinheiro de nenhum tipo e o modelo de negócio não vai se provar.

O Brasil é carente de mão de obra qualificada no geral, e não existe um ciclo prévio de empreendedores que tenham tido sucesso ou não e que possam ser reengajados com mais chances em uma nova startup .

2. Burocracia e custo Brasil
Montar uma empresa no Brasil, pagar seus impostos e lidar com a justiça (trabalhista ou não) é um esforço hercúleo. A estratégia de impostos é muito focada em faturamento e não lucro, e foi montada em um cenário de sonegação muito maior do que existe hoje. Por sua vez, a legislação trabalhista é adequada aos tempos de Getúlio Vargas e não aos de Zuckerberg.

3. Custo de capital
Associada ao bootstrap, uma forma ainda comum de financiamento é a dívida, seja pessoal ou corporativa. A junção de demora, burocracia e spread no Brasil faz com que a mortalidade causada por essa forma de financiamento seja desnecessariamente alta.

4. Penalização do erro
Um fundador que quebra com uma falência desordenada no Brasil, mesmo que não tenha cometido nenhuma fraude, ficará cinco anos sem fazer negócio e poderá ser preso por apropriação indébita. Ou seja, ao invés de retroalimentarmos essa experiência no nosso pool de talentos e, com isso, aumentarmos a chance de sucesso da próxima startup, mandamos o empreendedor para o limbo social.

5. Ciclo de capital de risco incompleto
A palavra ciclo implica em um processo periódico que tenha um padrão de repetição. Para isso, precisamos de fundos de crescimento e principalmente de opções de saída.

O mercado de capitais não é uma dessas opções, e as aquisições estratégicas de empresas locais semelhantes (copycats) também não têm acontecido. Sem essa regularidade, é difícil precificar este tipo de ativo e a quantidade de investimento que vai pra ele é menor do que poderia ser. Consequentemente, não há velocidade de giro no mercado.

Fernando De La Riva, da Concrete Solutions


Fernando de La Riva é diretor-executivo da Concrete Solutions , consultoria global de TI, e ajudou a desenvolver mais de 17 startups de tecnologia.

Envie suas dúvidas sobre negócios digitais paraexamecanalpme@abril.com.br.


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