São Paulo – Faltam menos de dez dias para o Brasil receber a abertura da Copa do Mundo . Organizada pela Fifa, a competição vai trazer ao país cerca de 600 mil turistas, que vão movimentar 6,7 bilhões de reais na economia neste período.
Segundo um levantamento feito pelo Sebrae em parceria com a FGV, a Copa trouxe quase mil oportunidades de negócios para micro e pequenas empresas das cidades-sede. Quem fez a lição de casa e se preparou deve conseguir bons resultados neste ano. “É uma época importante para evocar a ideia de senso de competição, de nacionalismo. É uma disputa entre países e acho saudável que o empreendedor possa explorar isso”, opina Luiz Fernando Turatti, coordenador do Centro de Pesquisas em Estratégia do Insper.
Por outro lado, o que pode ser uma ótima oportunidade para empreendedores, principalmente donos de estabelecimentos comerciais como bares e restaurantes, pode virar um pesadelo até na justiça.
Antes de fazer materiais de divulgação para aproveitar a movimentação do evento, é importante tomar alguns cuidados. “A Copa do Mundo é um evento particular e tem objetivo claro de promoção e lucro da Fifa”, diz Cássio Santos e Oliveira, consultor do Sebrae-SP. Veja alguns cuidados antes de usar a competição para faturar mais.
1.Escolha bem as palavras
As propriedades registradas pela Fifa são protegidas também pela Lei Geral da Copa. “Existem algumas marcas de domínio da Fifa, como todas que dizem respeito diretamente ao evento Copa do Mundo e alguns títulos que foram desenvolvidos para o evento”, explica Oliveira.
Alguns exemplos são as palavras e expressões Copa do Mundo, Copa 2014, Brasil 2014, São Paulo 2014 e Copa do Mundo de Futebol. “Porém, tudo que for de domínio público pode ser usado, como a decoração que se refere ao Brasil, sem associar com o ano ou a Copa, elementos como a cor, a bandeira ou algum ícone cultural do Brasil”, explica o consultor.
Use e abuse de elementos do futebol, como gramado e silhueta de jogadores. “Não há nenhum impedimento para um empresário usar, por exemplo, as cores do Brasil ou uma bola que não seja a oficial”, indica o professor. Elementos como a taça, o mascote ou a logomarca do evento devem ficar de fora dos materiais de divulgação, sob o risco da sua empresa ser processada por uso indevido de marca.
2.Exibição com regras
Se você tem um estabelecimento que planeja faturar com o aumento do público durante os jogos, também precisa de cuidados para evitar dor de cabeça. Segundo o consultor do Sebrae, existem licenças para exibição da competição.
A exibição pública não comercial só é válida quando há menos de 5 mil pessoas e sem exploração comercial. “O restaurante pode estar em funcionamento normal. Não há necessidade de pedir a licença. Mas ele não pode fazer uma associação comercial com as imagens dos jogos, criando uma ação promocional no horário”, indica.
A regra, no entanto, nem sempre é clara. “Se já tem o hábito de fazer um happy hour com desconto das 17 às 20 horas, que é o horário dos jogos, tudo bem continuar fazendo”, diz Oliveira.
3.Sem autorização, não produza
Fazer produtos com a temática da Copa também é uma forma de faturar, desde que respeitando os limites. “É preciso ter licenciamento das marcas para usar o nome do evento”, diz Oliveira. Sem tempo hábil par afazer o pedido, o melhor é explorar elementos da brasilidade e não da Copa em si. “É interessante explorar o momento, mas evitando usar o que é de fato marca. Use verde e amarelo, 5 estrelas, bola de futebol ou torcida, que não são de ninguém e não podem ser registrados”, diz Turatti.
São Paulo – Daqui pouco menos de um mês, um dos eventos mais esperados do mundo irá começar: a
Copa do Mundo no Brasil.
Empreendedores e pequenos empresários podem aproveitar o período do evento para faturar mais. De acordo com o Sebrae, as micro e
pequenas empresas devem faturar 500 milhões de reais com a Copa. Para Mark Paladino, sócio do Instituto Aquila, consultoria em gestão avançada, é um pouco tarde, mas ainda dá tempo de planejar uma ação para o evento. “As empresas podem direcionar sua estratégia para absorver os turistas que estarão na cidade. Criar alguns eventos festivos de celebração, antes ou durante dos jogos”, explica. A recomendação para quem já se preparou e tem muita expectativa para faturar durante o próximo mês é clara: não deixe de monitorar. “Tem que ter uma gestão eficiente, acompanhar os resultados e observar a performance diariamente”, ensina Paladino. Veja seis exemplos de empresas de setores diversos que estão prontas para a Copa do Mundo no Brasil.
2. Terraço Itália 2 /8(Divulgação/Terraço Itália)
Um dos principais pontos turísticos do centro de São Paulo, o Terraço Itália atrai pela sua história e pela possibilidade de ver a capital do alto. André Marques, gerente geral do Terraço Itália, conta que o espaço recebe muitos eventos corporativos e que algumas empresas vão aproveitar a Copa para relacionar-se com seus clientes. Assim surgiu a ideia de um camarote para assistir aos jogos da Copa do Mundo no Bar do Terraço Itália. Cada ingresso custa 151 reais e dá direito a alguns petiscos. O local preparou ainda coquetéis inspirados em países do mundial. De acordo com Marques, a preparação para o evento inclui um reforço da equipe nos horários dos jogos e a instalação de telões e uma sonorização adequada. Até agora, o jogo que tem mais reservas é o do dia 23 de junho, entre Holanda e Chile. A expectativa é faturar 25% mais.
3. Pub Crawl São Paulo 3 /8(Divulgação/Pub Crawl São Paulo)
Os horários em que serão transmitidos os jogos da Copa do Mundo não serão o foco da estratégia do Pub Crawl São Paulo, que oferece tours gastronômicos e em baladas pela cidade. “Vamos focar na torcida”, resume Kyu Bill, um dos cinco sócios da empresa. “A cidade é a principal porta de entrada de turistas e é uma cidade sede. Vai ter um clima festivo, movimentação, e esse clima vai se estender fora dos jogos”, conta. A equipe dobrou, passando a 40 pessoas e, desde ano passado, a marca tem diversificado seus produtos. Os tours variam de 20 a 95 reais por pessoa. O faturamento esperado até o final do ano é de 1 milhão de reais, o dobro do ano passado. Hoje, a empresa trabalha com até sete eventos semanais. Bill explica que a alta temporada da empresa coincide com os meses do mundial. O Pub Crawl São Paulo espera atender, em média, cinco mil pessoas nesse período.
4. Vuvuzela do Brasil 4 /8(Divulgação/Vuvuzela do Brasil)
O e-commerce Vuvuzla do Brasil começou suas operações no ano passado e a ideia de criar o negócio surgiu quando Eduardo Sani, consultor de marketing digital, estava preparando uma apresentação. “Ninguém vendia vuvuzela ainda no mercado e vi que o volume de pesquisas ainda era alto. Pesquisei e vi que não tinha nenhum site do tipo”, resume. Ele se uniu ao empreendedor Vinícius Prado Ramos e investiu 20 mil reais. A Copa das Confederações foi o teste da empresa e eles venderam 1,4 mil vuvuzelas. A estratégia da dupla é de investir em mídia online e anúncios no Google e Facebook. Além disso, a marca fez uma parceria com lojas físicas em São Paulo para vender produtos por consignação. No site é possível comprar não só vuvuzelas, mas também camisetas, perucas e cornetas. A maior demanda vem de empresas que estão comprando os produtos para ações de marketing. Nos próximos três meses, a expectativa é de faturar 180 mil reais. Mesmo após a Copa, o site estará no ar, pois os empreendedores querem aproveitar as Olimpíadas de 2016.
5. Lush Motel 5 /8(Divulgação/Lush Motel)
Com a possível falta de hospedagem, o Lush Motel criou um formato especial para turistas, com cobrança por diária. Felipe Martinez, diretor de marketing da empresa, explica que o objetivo não é disputar com os hotéis, pois algumas regras do motel serão mantidas, como a proibição do acesso a menores de idade. “É voltado casais que buscam hospedagem, mas com um pouco de privacidade”, explica. O valor de uma diária varia de 360 reais a 1,5 mil reais, com café da manhã incluso. Até agora, foram confirmadas 37 reservas de estrangeiros. Durante a Copa, a fachada do motel será iluminada nas cores verde e amarelo e os chinelos também terão com o tema do evento. Além disso, a marca investiu em uma versão do site em inglês e contratou um professor de inglês para treinar a equipe. O investimento foi de 50 mil reais e a expectativa da empresa é que o faturamento cresça 10% em junho.
6. Amazonas Brands 6 /8(Divulgação/Amazonas Brands)
A Amazonas Brands faz parte do Grupo Amazonas e firmou a parceria com a FIFA para desenvolver as sandálias oficiais da Copa do Mundo. A marca tem um mix de 39 chinelos especiais para o evento. Os modelos são inspirados no mascote oficial, o Fuleco, nas bandeiras de algumas seleções que participarão do mundial, na taça e nas cidades sedes como o Rio. A expectativa de vendas é de 1 milhão de pares e o aumento de produção foi de 28%. Os chinelos podem ser encontrados nas lojas oficiais da FIFA e os preços partem de 29,90 reais.
7. Seven Idiomas 7 /8(Divulgação/Seven Idiomas)
Fundada em 1987, a Seven Idiomas é especializada no ensino do inglês e espanhol. Em 2012, a marca desenvolveu um curso pensando nos eventos como Copa das Confederações, Copa do Mundo e Olímpiadas. De acordo com o CEO da empresa, Steven Beggs, as aulas foram pensadas para que os alunos aprendessem estruturas essenciais para se comunicar com turistas e situações que cada tipo de profissional terá que vivenciar. A empresa treinou cerca de 500 pessoas, como os funcionários do Airport Bus Service. A carga horária do treinamento é de 100 horas e o curso custa, em média, 2 mil reais por aluno. A abordagem das aulas depende das necessidades da empresa contratante.
8. Agora, veja mais sobre empreendedorismo 8 /8(Buda Mendes/Getty Images)