Estácio investirá R$ 32 milhões em campus de medicina, o curso da moda
A novidade marca uma nova fase de crescimento do grupo Estácio, que em julho mudou de nome e de estratégia de expansão
Karin Salomão
Publicado em 4 de outubro de 2019 às 18h30.
Última atualização em 4 de outubro de 2019 às 18h54.
A Estácio , rebatizada de Yduqs, acaba de anunciar seu maior investimento em um único campus. A empresa de educação irá aplicar 32 milhões de reais em um novo campus de Medicina no Rio de Janeiro.A novidade marca uma nova fase do grupo Estácio, que em julho mudou de nome e de estratégia de expansão, e chega em um momento de crescimento dos cursos de medicina no Brasil.
O novo projeto da Yduqs será construído no shopping Città América, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. A expectativa é que o novo campus, com capacidade para 1.200 mil alunos de graduação de Medicina e 600 de Odontologia, seja inaugurado no primeiro semestre letivo de 2020.
O investimento será apenas em instalações e equipamentos, uma vez que a estrutura do prédio já está pronta.Com foco em tecnologia, além dos laboratórios de anatomia, a unidade contará também com realidade virtual de técnica cirúrgica. Os alunos terão ainda um núcleo para o treinamento de atendimento pré-hospitalar, com acesso para entrada de ambulâncias.
Para os alunos dos últimos anos do curso, a Estácio lançará um aplicativo que os acompanhará durante sua jornada acadêmica, especialmente nos estágios. O grupo desenvolveu conteúdo próprio para o aplicativo e estabeleceu parcerias com empresas como a startup e EdTech Jaleko.com, e com centros de saúde brasileiros de excelência, como o Hospital Albert Einstein.
Além disso, a Estácio será a primeira Universidade do Estado do Rio de Janeiro a implantar um Centro Internacional de Treinamento da American Heart Association (AHA), um órgão americano que desde 1961 desenvolve os protocolos de atendimento a pacientes vítimas de emergências cardiovasculares. Para que possa difundir os protocolos e impactar os serviços médicos locais, AHA precisa de polos ou centros de treinamento distribuídos pelo mundo, como o novo campus da Estácio.
Com mais de 3.800, a Yduqs tem oito campi dedicados ao curso de medicina em operação e a previsão é chegar a 12 unidades no próximo ano.
"O curso de medicina é muito sensível, pois tem um custo de operação incomparável a qualquer outro. Ter um projeto pedagógico único e consolidado nos facilita muito, mas expandimos com muito cuidado pois os investimentos são muito altos e reverter uma situação negativa não é trivial. Mas estamos muito animados com o que estamos construindo e vemos essa área como um vetor importante para o nosso futuro", dizSilvio Pessanha Neto, diretor nacional de Medicina da Estácio, em entrevista por e-mail.
Mudança de estratégia
O anúncio chega em um momento de mudança de estratégia da Estácio, que mudou seu nome para Yduqs em julho deste ano.A companhia voltou a comprar após três anos, depois que uma frustrada união com a maior concorrente, a Kroton, foi vetada pelo Cade, o conselho de defesa da concorrência.
Ela anunciou, em setembro, a aquisição da Sociedade de Ensino Superior Toledo (UniToledo), sediada em Araçatuba, no interior de São Paulo, e com 5.300 alunos.A Yduqs pagará 102,5 milhões de reais pela compra. Pela primeira vez, o grupo irá manter a marca da empresa adquirida. A Estácio sempre apostou no valor de sua própria marca nacional para trazer unidade. Agora, sob novo nome, essa estratégia também irá mudar.
A aposta da Yduqs em um campus de medicina também faz parte de uma tendência de crescimento e sofisticação dos cursos de medicina.Apesar das mensalidades altas, milhares de alunos optam pelo curso por conta dos salários atraentes e da falta de profissionais no mercado.
De 2003 a 2018, foram criados mais de 178 cursos de medicina no Brasil, segundo o MEC. Mesmo tendo apenas 1,5% do volume de alunos em cursos de graduação no país, as faculdades de medicina respondem por 14,2% da receita.
De 2012 a 2017, o faturamento da graduação em medicina no país cresceu 78%, ante 30% de todos os cursos de ensino superior privado. O valor da mensalidade de medicina, cuja média foi de 7.124 reais em 2017, quase dez vezes a média de toda a graduação privada, subiu 29% nos últimos cinco anos, ante 8% da média geral.
Há até estreias na bolsa de empresas do setor. A Afya, grupo brasileiro de educação médica, fez sua oferta pública inicial de ações em julho deste ano, na bolsa americana Nasdaq. A Afya, desconhecida do grande público, foi concebida pelo atual ministro da Fazenda, Paulo Guedes, quando ele era sócio da Bozano Investimentos.
No Brasil, o grupo está presente em oito estados e tem mais de 36 mil alunos, a maioria na graduação. A empresa pretende usar os recursos para comprar escolas, entrar em novos mercados e desenvolver produtos. Além de programas tradicionais de graduação, a Afya oferece educação médica continuada por meio de canais digitais e físicos.