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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.
Uma eventual venda das ações da Bradespar, braço de participação do Bradesco em empresas não-financeiras, à holding EBX, do empresário Eike Batista, não daria ao banco poder para uma grande aquisição, segundo os analistas da corretora Banif Securities. A aquisição dos 21,21% de participação que a Bradespar tem na Valepar, grupo que detém o controle da Vale, beneficiaria principalmente os detentores de ações da Bradespar, pois os recursos da venda seriam distribuídos na forma de dividendos.
A possibilidade de entrada de Eike na Vale foi levantada em reportagem publicada pelo jornal Folha de S.Paulo no último sábado. Apesar do interesse de Eike na Vale não ser novidade, o jornal afirmou que Eike chegou a conversar com executivos do Bradesco, da Previ e com o próprio presidente Lula sobre o assunto.
Para os analistas, embora o negócio entre a EBX e a Bradespar seja possível e viável, é improvável que seja concretizado, dada a delicadeza do assunto e a dificuldade de contorno de vários interesses.
Segundo a corretora, para um acordo bem sucedido, seria necessário haver boa coordenação entre os atuais acionistas da Valepar. Os passos de uma possível operação seriam, de acordo com os analistas: (1) a decisão do Bradesco frente à proposta de Eike Batista; (2) uma vez aceita a proposta, a Bradespar teria que oferecer a participação para os demais acionistas da Valepar - BNDESpar, fundos de pensão e Mitsui - em função do acordo de acionistas em vigor; (3) apesar dos analistas acreditarem que há uma coordenação entre EBX e governo, através das participações dos fundos de pensão e do BNDESpar, a Mitsui poderia exercer seu direito de preferência, aumentando sua participação na Valepar; (4) se a Mitsui declinar desse direito, então a EBX poderia comprar a participação da Bradespar.
A mudança nos acionistas da Valepar promoveria alterações estratégicas e mudança no foco dos negócios da mineradora. A possível volta de Eike ao conselho da Valepar e da Vale poderia trazer expertise e uma maior visão de longo prazo e de planejamento estratégico à companhia, além da inserção de uma visão mais focada na geração de lucro para o acionista. Em contrapartida, a corretora aponta a possibilidade de riscos de transição dos controladores, o que poderia refletir em uma reformulação profunda da alta gerência da Vale, atrasando algumas tomadas de decisão estratégicas.
Outra beneficiada pela aquisição da Bradespar seria a LLX, uma das companhias do grupo de Eike. Analistas da corretora do banco Itaú acreditam que o passo seguinte ao da compra da Bradespar seria a aquisição da LLX pela Vale, dados os recursos logísticos que a empresa de Eike possui para a exportação de minério de ferro. Com o suporte da mineradora, o risco de realização dos portos do Sudeste, Minas-Rio e Açu, que estão sendo construídos pela LLX, diminuiria, levando os analistas a revisarem o preço-alvo das ações da LLX (LLXL3), de 7,20 reais para 9 reais.
Às 15h34 as ações da Vale (VALE5) operavam em queda de 0,41%, a 33,65 reais, e os da LLX, a 5,80 reais, oprando em queda de 1,36%. Os papéis da Bradespar (BRAP4) também mostravam queda, de 1,36%, sendo negociadas a 30,48 reais, e os do Bradesco (BBDC4) eram negociados a 31,56 reais, em alta de 0,10%. No mesmo horário o Ibovespa operava em queda de 0,22%, aos 57.727 pontos.