Negócios

Valeant corta equipe de vendas de pílula da libido

A Valeant eliminou a equipe de vendas da pílula da libido feminina que a empresa adquiriu no ano passado por US$ 1 bilhão, disseram fontes


	Addyi, o viagra feminino: o Addyi não conseguiu ganhar força em seus primeiros seis meses no mercado
 (REUTERS/ Sprout Pharmaceuticals)

Addyi, o viagra feminino: o Addyi não conseguiu ganhar força em seus primeiros seis meses no mercado (REUTERS/ Sprout Pharmaceuticals)

DR

Da Redação

Publicado em 5 de abril de 2016 às 22h27.

A Valeant Pharmaceuticals International eliminou a equipe de vendas da pílula da libido feminina que a empresa adquiriu no ano passado por US$ 1 bilhão, disseram pessoas com conhecimento da situação.

O medicamento, o Addyi, não conseguiu ganhar força em seus primeiros seis meses no mercado.

A Valeant planeja relançar seu esforço de vendas para o Addyi com uma equipe interna que montará nos próximos meses, segundo as pessoas, que pediram anonimato porque o assunto era privado. O medicamento ainda estará disponível nesse intervalo.

Juntamente com os 140 trabalhadores contratados que compõem a equipe de vendas do Addyi, a Valeant está demitindo também cerca de 140 funcionários de suas divisões de dermatologia, gastrointestinal e saúde da mulher, sendo que dermatologia sofreu o maior impacto, segundo uma das pessoas. A Valeant tem cerca de 22.000 funcionários.

“Embora a antiga equipe tenha feito um ótimo trabalho conseguindo aprovação regulatória para o Addyi, e apesar dos nossos melhores esforços em relação à comercialização, as vendas do Addyi ainda não atingiram as nossas expectativas”, disse o CEO Mike Pearson, que está de saída, em um memorando aos funcionários obtido pela Bloomberg, cuja autenticidade foi confirmada por uma porta-voz da Valeant.

Pearson disse que a divisão de dermatologia seria reduzida porque a empresa “recebeu vários retornos de médicos dizendo que temos muitas pessoas telefonando para eles para falar sobre produtos estreitamente relacionados”.

Declínio da Valeant

Laurie Little, porta-voz da Valeant, preferiu não comentar as mudanças. No memorando, Pearson disse que os executivos da empresa “estão intensamente focados no acesso e avançando com melhorias e aprimoramentos para os nossos planos de vendas e de marketing” para o Addyi.

As ações da Valeant caíram 90 por cento desde o pico de agosto depois que a empresa foi questionada pelos preços de seus medicamentos, criticada por candidatos presidenciais, investigada pelo Congresso e teve que cortar laços com uma farmácia especializada em entregas pelo correio que, segundo os críticos, estava sendo usada pelo laboratório para inflar os números de vendas.

Pearson deixa o cargo de CEO depois que a empresa reportou resultados fracos no quarto trimestre e informou que corrigiria alguns resultados de lucros.

Além disso, na segunda-feira a empresa enfrentava resistência de parte dos credores em um momento em que busca adiar um calote e flexibilizar as restrições sobre sua dívida, segundo pessoas informadas sobre o assunto. As ações caíram 7,1 por cento, para US$ 26,11, na segunda-feira, em Nova York.

Os cortes na equipe de vendas do Addyi surgem após um início lento do medicamento, que é o primeiro do tipo para mulheres que sofrem de baixa libido. Os planos de saúde vêm negando ou limitando a cobertura à pílula e muitas prescrições preparadas pelos médicos não estão sendo utilizadas.

Investidores da Sprout

A Valeant também está enfrentando exigências de um grupo de investidores da empresa controladora original do Addyi, a Sprout Pharmaceuticals.

No mês passado, os investidores enviaram uma carta à Valeant dizendo que a farmacêutica não havia conseguido comercializar o tratamento com sucesso porque fixou um preço alto demais e deixou de fazer propaganda dele, colocando a fabricante sob risco de violar o acordo de fusão. Eles também pediram garantias de que a Valeant manteria uma equipe de vendas de 150 pessoas para distribuir o Addyi.

No memorando de Pearson, ele não especificou quantos profissionais de vendas seriam usados para vender o Addyi.

Quanto à divisão gastrointestinal, Pearson disse que diversas partes da equipe de vendas seriam integradas devido ao foco maior da empresa na comercialização do Xifaxan para encefalopatia hepática. O medicamento também está aprovado para a síndrome do cólon irritável com diarreia.

“Esperamos que haja novas oportunidades para que alguns dos afetados assumam diferentes cargos dentro da empresa”, disse Pearson em sua nota.

Acompanhe tudo sobre:MulheresRemédiosSaúdeVendas

Mais de Negócios

De entregadores a donos de fábrica: irmãos faturam R$ 3 milhões com pão de queijo mineiro

Como um adolescente de 17 anos transformou um empréstimo de US$ 1 mil em uma franquia bilionária

Um acordo de R$ 110 milhões em Bauru: sócios da Ikatec compram participação em empresa de tecnologia

Por que uma rede de ursinho de pelúcia decidiu investir R$ 100 milhões num hotel temático em Gramado

Mais na Exame