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Vale espera que China permitia navios Valemax

A mineradora espera que a melhora da economia chinesa impulsione a demanda de aço, o que poderá liberar o caminho para a sua classe de supernavios

Trabalhadores em frente a dois navios Valemax: uma decisão da China de relaxar as restrições de transporte neste tipo de navio será um estímulo estratégico para  a Vale (Aly Song/Arquivo/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 10 de setembro de 2013 às 14h45.

Xangai - A mineradora Vale espera que a melhora da economia chinesa impulsione a demanda de aço, o que poderá pavimentar o caminho para que sua classe de navios de grandes proporções abasteça diretamente o mercado para o qual eles foram especialmente desenhados, mas no qual têm sido barrados.

Uma decisão da China de relaxar as restrições de transporte neste tipo de navio, chamados de Valemax, será um estímulo estratégico para a maior produtora de minério de ferro do mundo em termos de produção.

Os navios têm cerca de duas vezes o tamanho da segunda maior classe de navios de carga, com peso de cerca de 400 mil toneladas de porte bruto, e foram desenvolvidos pela Vale especificamente para reduzir a desvantagem decorrente da distância mais longa de transporte para o mercado chinês, que é fundamental em comparação com os rivais australianas BHP Billiton e Rio Tinto.

Ameaçada pela competição com as frotas próprias das empresas, os proprietários de navios chineses, incluindo a estatal China Ocean Shipping (Group) Co. fizeram um lobby bem-sucedido em Pequim no início do ano passado para proibir efetivamente os Valemaxes, descrevendo os navios como "uma questão de monopólio e concorrência desleal" e citando preocupações de segurança.

Diante do argumento de alguns grupos, incluindo as siderúrgicas, de que os navios podem vir a significar minério de ferro mais abundante e, portanto, mais barato, Pequim está considerando uma mudança de política que poderia voltar a permitir que portos individuais decidam o tamanho dos cargueiros que aceitarão. Os portos chineses podem formalmente permitir apenas navios de até 300 mil toneladas de porte bruto, apesar de alguns portos estarem se movimentando para construir instalações que poderiam receber navios de maiores, como o Valemax.

O presidente da Vale Minerals China, João Mendes Faria, disse que a China poderá importar minério de ferro mais rentável, se as autoridades abrirem os portos para os Valemaxes, mas acrescentou que isso era uma questão de soberania. "A decisão está nas mãos da China", ressaltou.


No fim de agosto, o Ministério de Transporte circulou um esboço de uma proposta para permitir que as autoridades portuárias aceitem navios com capacidade maior que 300 mil toneladas de peso bruto, sujeitos a restrições de segurança e outras normas. Analistas dizem que a linguagem da proposta é vaga, mas poderá abrir a porta para os Valemaxes.

"Minha interpretação é que isso permitirá navios maiores que 300 mil toneladas de peso bruto atraquem em um porto com uma capacidade nominal de 300 mil toneladas de peso bruto, disse Bonnie Chan, analista de transporte da Macquarie Securities. No entanto, segundo ela, pode ser exigido que a embarcação descarregue carga suficiente para cumprir os limites de segurança do cais.

O Ministério dos Transportes da China se recusou a comentar. Um funcionário com conhecimento da proposta afirmou que ainda estava coletando opiniões da indústria e não tinha tomado uma decisão ainda.

Faria disse que a Vale não recebeu nenhum comunicado oficial de autoridades chinesas, mas afirmou que estava ansioso para ver qual forma as regras poderão ter. "A nova regulação pode conduzir como as coisas serão à frente", acrescentou.

Ele afirmou que as respostas de siderúrgicas chinesas, empresas de transporte marítimo e portos sugeriram que a revisão das regulações foi "mais positiva do que negativa".

A Vale começou a encomendar seus primeiros 35 navios de transporte de carga grandes de estaleiros asiáticos em 2008 por um valor de mais de US$ 100 milhões, cada. A mineradora possui 19 e aluga 16 desses navios. A maioria já está navegando, mas as embarcações têm ancorado fora das águas chinesas - principalmente perto de Subic Bay, nas Filipinas - e usaram navios menores para transportar sua carga para portos chineses.

A China representa aproximadamente metade do aço mundial. Em 2012, a Vale vendeu 148 milhões de toneladas de minério de ferro à China, ante as 60 milhões de toneladas embarcadas para outros mercados na Ásia, incluindo Japão e Coreia do Sul.

A Vale está mantendo uma perspectiva "muito positiva" para a demanda chinesa por minério de ferro, e a companhia está "esperançosa" de que a China mudará sua política de atracação", disse Faria. As importações chinesas de minério de ferro subiram cerca de 8% de janeiro a agosto, em bases anuais.

Os preços do minério de ferro recuaram cerca de 12,4% até agora neste ano, mas Faria disse que acredita que os preços "não ficarão significativamente mais baixos" nos próximos anos. "Este ano, estamos com os estoques esgotados", disse ele. "Para 2014 e 2015, nós recebemos indicações de nossos clientes que estaremos com os estoques esgotados. Então, não temos preocupações".

Ele afirmou que a nova liderança da China, que assumiu em março, parece estar pressionando para que as empresas chinesas, tanto as estatais como as privadas, enfrentem as realidades do mercado, acrescentando: "Nós vemos o cenário para nossas empresas na China muito melhor em 2013 e à frente". Fonte: Dow Jones Newswires.

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Xangai - A mineradora Vale espera que a melhora da economia chinesa impulsione a demanda de aço, o que poderá pavimentar o caminho para que sua classe de navios de grandes proporções abasteça diretamente o mercado para o qual eles foram especialmente desenhados, mas no qual têm sido barrados.

Uma decisão da China de relaxar as restrições de transporte neste tipo de navio, chamados de Valemax, será um estímulo estratégico para a maior produtora de minério de ferro do mundo em termos de produção.

Os navios têm cerca de duas vezes o tamanho da segunda maior classe de navios de carga, com peso de cerca de 400 mil toneladas de porte bruto, e foram desenvolvidos pela Vale especificamente para reduzir a desvantagem decorrente da distância mais longa de transporte para o mercado chinês, que é fundamental em comparação com os rivais australianas BHP Billiton e Rio Tinto.

Ameaçada pela competição com as frotas próprias das empresas, os proprietários de navios chineses, incluindo a estatal China Ocean Shipping (Group) Co. fizeram um lobby bem-sucedido em Pequim no início do ano passado para proibir efetivamente os Valemaxes, descrevendo os navios como "uma questão de monopólio e concorrência desleal" e citando preocupações de segurança.

Diante do argumento de alguns grupos, incluindo as siderúrgicas, de que os navios podem vir a significar minério de ferro mais abundante e, portanto, mais barato, Pequim está considerando uma mudança de política que poderia voltar a permitir que portos individuais decidam o tamanho dos cargueiros que aceitarão. Os portos chineses podem formalmente permitir apenas navios de até 300 mil toneladas de porte bruto, apesar de alguns portos estarem se movimentando para construir instalações que poderiam receber navios de maiores, como o Valemax.

O presidente da Vale Minerals China, João Mendes Faria, disse que a China poderá importar minério de ferro mais rentável, se as autoridades abrirem os portos para os Valemaxes, mas acrescentou que isso era uma questão de soberania. "A decisão está nas mãos da China", ressaltou.


No fim de agosto, o Ministério de Transporte circulou um esboço de uma proposta para permitir que as autoridades portuárias aceitem navios com capacidade maior que 300 mil toneladas de peso bruto, sujeitos a restrições de segurança e outras normas. Analistas dizem que a linguagem da proposta é vaga, mas poderá abrir a porta para os Valemaxes.

"Minha interpretação é que isso permitirá navios maiores que 300 mil toneladas de peso bruto atraquem em um porto com uma capacidade nominal de 300 mil toneladas de peso bruto, disse Bonnie Chan, analista de transporte da Macquarie Securities. No entanto, segundo ela, pode ser exigido que a embarcação descarregue carga suficiente para cumprir os limites de segurança do cais.

O Ministério dos Transportes da China se recusou a comentar. Um funcionário com conhecimento da proposta afirmou que ainda estava coletando opiniões da indústria e não tinha tomado uma decisão ainda.

Faria disse que a Vale não recebeu nenhum comunicado oficial de autoridades chinesas, mas afirmou que estava ansioso para ver qual forma as regras poderão ter. "A nova regulação pode conduzir como as coisas serão à frente", acrescentou.

Ele afirmou que as respostas de siderúrgicas chinesas, empresas de transporte marítimo e portos sugeriram que a revisão das regulações foi "mais positiva do que negativa".

A Vale começou a encomendar seus primeiros 35 navios de transporte de carga grandes de estaleiros asiáticos em 2008 por um valor de mais de US$ 100 milhões, cada. A mineradora possui 19 e aluga 16 desses navios. A maioria já está navegando, mas as embarcações têm ancorado fora das águas chinesas - principalmente perto de Subic Bay, nas Filipinas - e usaram navios menores para transportar sua carga para portos chineses.

A China representa aproximadamente metade do aço mundial. Em 2012, a Vale vendeu 148 milhões de toneladas de minério de ferro à China, ante as 60 milhões de toneladas embarcadas para outros mercados na Ásia, incluindo Japão e Coreia do Sul.

A Vale está mantendo uma perspectiva "muito positiva" para a demanda chinesa por minério de ferro, e a companhia está "esperançosa" de que a China mudará sua política de atracação", disse Faria. As importações chinesas de minério de ferro subiram cerca de 8% de janeiro a agosto, em bases anuais.

Os preços do minério de ferro recuaram cerca de 12,4% até agora neste ano, mas Faria disse que acredita que os preços "não ficarão significativamente mais baixos" nos próximos anos. "Este ano, estamos com os estoques esgotados", disse ele. "Para 2014 e 2015, nós recebemos indicações de nossos clientes que estaremos com os estoques esgotados. Então, não temos preocupações".

Ele afirmou que a nova liderança da China, que assumiu em março, parece estar pressionando para que as empresas chinesas, tanto as estatais como as privadas, enfrentem as realidades do mercado, acrescentando: "Nós vemos o cenário para nossas empresas na China muito melhor em 2013 e à frente". Fonte: Dow Jones Newswires.

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