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Um dos pesticidas mais usados no mundo vai a júri pela 1ª vez

Advogado considerou que a Monsanto pôs seus lucros acima da saúde pública ao lutar contra os estudos sobre os riscos cancerígenos do RoundUp

Monsanto: julgamento contra o gigante agroquímico deve durar até o final de agosto, com potencial de ter um grande impacto sobre a companhia (Juan Carlos Ulate/Reuters)

Monsanto: julgamento contra o gigante agroquímico deve durar até o final de agosto, com potencial de ter um grande impacto sobre a companhia (Juan Carlos Ulate/Reuters)

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AFP

Publicado em 8 de agosto de 2018 às 10h47.

Última atualização em 8 de agosto de 2018 às 10h57.

Depois da apresentação das alegações de ambas as partes, o júri começa a deliberar em um tribunal de San Francisco, nesta quarta-feira (8), no âmbito do primeiro julgamento contra o gigante agroquímico Monsanto por suposto vínculo entre o câncer e seus produtos à base de glifosato.

"Chegou o dia em que a Monsanto terá que prestar contas", afirmou Brent Wisner, advogado do demandante Dewayne Johnson, que diz ter contraído câncer pelo uso desses produtos.

Todos os produtos cancerígenos conhecidos "passaram por este momento: quando a ciência finalmente dá as provas, quando não podem mais se esconder", disse Wisner na terça.

O advogado considerou que a Monsanto pôs seus lucros acima da saúde pública ao lutar contra os estudos sobre os riscos cancerígenos do RoundUp, um dos pesticidas mais usados no mundo, há 40 anos no mercado.

Agora, busca estabelecer um paralelo entre este caso e as estratégias usadas pela indústria, no passado, para negar os efeitos nocivos do cigarro, ou do amianto.

"No que diz respeito ao cigarro, já conhecemos o fim da história, e sabemos como terminará a história para a Monsanto", insistiu Wisner, acrescentando que, neste caso, não é necessário "demonstrar que o RoundUp é a única causa (do câncer de seu cliente), mas apenas que contribuiu" para que ele contraísse a doença.

Se a Monsanto for condenada, "terá de fazer algo, estudos que nunca fez, e alertar público", afirmou.

O demandante, que manuseou os produtos entre 2012 e 2014 por conta de seu trabalho em escolas californianas, reivindica mais de 400 milhões de dólares da Monsanto.

Para a empresa, que foi comprada pelo grupo Bayer, não existe qualquer vínculo entre o glifosato e o câncer. Por isso - alega -, não há motivos para advertir sobre o perigo de se utilizar essa polêmica substância.

"Aqui tem muita retórica" para dizer que a Monsanto é "horrível", argumentou o advogado da empresa ré no processo, George Lombardi.

"A menos que (Winser) a vincule com o câncer do sr. Johnson, isso não significa nada", afirmou, apontando que o diagnóstico se deu muito pouco tempo depois da utilização dos produtos, o que seria - segundo ele - uma prova de que contraiu a doença anteriormente.

"O que os testes revelam é claro: o câncer não foi provocado" pelos produtos da Monsanto, insistiu.

O julgamento contra o gigante agroquímico deve durar até o final de agosto, com o potencial de ter um grande impacto sobre a companhia.

Este caso sobre a relação do câncer com o RoundUp é o primeiro a chegar a julgamento.

Fundada em 1901 em St Louis, no Missouri, a Monsanto começou a produzir agroquímicos em 1940 e foi comprada em junho pela Bayer, por mais de US$ 62 bilhões.

 

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