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Turismo pós-pandemia: "Já sobrevivemos", diz CVC após prejuízo bilionário

Viagens nacionais e domésticas puxam a volta do turismo — com vendas atualmente em cerca de 70% do volume total em relação ao ano passado, diz a CVC

CVC: sem efeitos extraordinários, a perda seria de 73 milhões de reais no primeiro trimestre (Germano Lüders/Exame)

Karin Salomão

Publicado em 1 de outubro de 2020 às 16h00.

Última atualização em 1 de outubro de 2020 às 16h07.

A maior operadora de turismo do Brasil, CVC , sofreu um prejuízo de 1,15 bilhão de reais no primeiro trimestre, ante resultado positivo de cerca de 50 milhões no mesmo período de 2019. Mesmo assim, afirma que o pior já passou e que fortaleceu seu caixa para a retomada das vendas. "Já sobrevivemos", diz Leonel Andrade, presidente da CVC, em teleconferência com investidores a respeito dos resultados.

A empresa afirmou que excluindo efeitos não recorrentes que incluíram baixa contábil de 637,5 milhões de reais e provisão para perda de créditos fiscais de 302,7 milhões, o resultado dos três primeiros meses do ano teria sido de prejuízo líquido aproximado de 73 milhões de reais.

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A baixa contábil referiu-se à "a redução significativa nas operações da companhia e de suas controladas ao longo de 2020 e as incertezas acerca das perspectivas de retomada das atividades do setor de viagens e turismo", afirmou a CVC no balanço. "O desempenho da companhia nos meses de janeiro e fevereiro estava em linha com o cenário projetado para o ano, porém, março chegou e com ele a enorme tempestade causada pela pandemia."

As reservas confirmadas caíram 31% para 3,3 bilhões de reais, as receitas encolheram 38% e o Ebitda ajustado quase desapareceu com queda de 91%, para 13 milhões de reais.

Em relatório sobre o balanço, a KPMG cita "incerteza relevante relacionada com a continuidade operacional" da companhia e que "os planos da companhia consistem substancialmente em realização de aumento de capital e negociação com os debenturistas para repactuação dos vencimentos previstos para 2020". Como consequência, as ações da empresa chegaram a cair 4% e às 15 horas estavam em queda de 3%.

Fortalecimento de caixa

Para aumentar o capital, a CVC levantou 301,7 milhões de reais em um movimento de capitalização. O total disponível em caixa e equivalentes ficou em 606 milhões de reais, ante 365,7 milhões no final do ano passado.

Ainda assim, a empresa tem 634 milhões de reais em dívidas a vencer no quarto trimestre do ano. A CVC antecipou 440 milhões de recebíveis, principalmente de cartões de crédito para se preparar para o impacto e está renegociando suas dívidas com os credores.

Retomada com viagens domésticas

Atualmente com 1.200 lojas abertas, a CVC diz que seus franqueados estão otimistas com o retorno, embora veja espaço para fechamento de até 10% das unidades.

Com restrições de viagens internacionais e crise econômica na Argentina, onde fica parte de sua operação, as vendas internacionais estão fracas, assim como as viagens corporativas. Quem está retomando o turismo são as viagens nacionais e domésticas — com vendas atualmente em cerca de 70% do volume total em relação ao ano passado, diz a empresa.

Leia mais sobre a viagem para o futuro da CVC em matéria da revista EXAME.

Andrade, que completa hoje seis meses na liderança da empresa, diz que alguns concorrentes, como pequenas agências, estão mais fragilizados que a CVC nesse momento e que a empresa tende a ganhar mercado. "Mas isso não é motivo para celebrar, não baseamos nossa estratégia em concorrência fragilizada", afirma.

"A empresa está 100% operacional em todas as suas linhas de negócio, não teve nenhum produto ou parceria interrompidos e não teve redução de pessoas ou de negócios que poderiam reduzir sua competitividade", diz o presidente.

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