Tragédia mancha ano que, para o Flamengo, era para ser de consagração
Após seis anos de gestão financeira eficiente, clube investiu 100 milhões de reais em reforços para sair da fila por títulos em 2019
Da Redação
Publicado em 8 de fevereiro de 2019 às 12h44.
Última atualização em 8 de fevereiro de 2019 às 12h49.
O incêndio que matou dez pessoas no centro de treinamento do Flamengo , na madrugada desta sexta-feira, pega o clube no início de uma caminhada que, acreditam a diretoria e a torcida, era para marcar a consagração de um projeto.
As chamas destruíram o alojamento onde dormem jogadores de base do Flamengo, segundo declarou o tenente-coronel dos bombeiros, Douglas Henaut, aos jornalistas. Lauro Jardim, colunista do jornal O Globo, revelou que o centro não tem os laudos de autorização do Corpo de Bombeiros, mas estava em fase de regularização.
O Flamengo foi o clube brasileiro que mais investiu em contratações neste início de ano. Foram mais de 100 milhões de reais para a contratação de jogadores de peso como o atacante Gabriel, o zagueiro Rodrigo Caio e o meia Arrascaeta. O investimento visa tirar o clube da fila de títulos nacionais e internacionais — o último foi o Brasileiro de 2009.
Os investimentos foram pensados para fazer de 2019 o ano da coroação de um ambicioso e bem montado projeto de reestruturação financeira do clube, que começou em 2013 com a eleição de um grupo de empresários e executivos para gerir o clube sob o comando de Eduardo Bandeira de Mello, ex-executivo do BNDES.
Em dezembro, uma nova eleição marcou a eleição de Rodolfo Landim, ex-aliado de Bandeira na chapa de 2013 e, assim como ele, nome ligado às boas práticas empresariais de gestão. Landim ficou conhecido no mercado brasileiro por ter sido presidente da Petrobras Distribuidora e também ter sido sócio do empresário Eike Batista no auge da euforia com exploração de petróleo no Rio de Janeiro. Nos últimos anos, Landim se dedicou a projetos de consultoria.
Ele se elegeu prometendo devolver ao clube as grandes conquistas no futebol e, para isso, conta com orçamento recorde para o futebol brasileiro — a previsão de receitas é de 750 milhões de reais. Apesar de os números estarem inflados por 150 milhões de reais da venda do meia Lucas Paquetá ao Milan, eles consagram uma gestão financeira exemplar para os padrões brasileiros.
Desde 2013 o Flamengo se dedica ao básico: fechar a torneira das despesas e aumentar a das receitas. Renegociou dívidas que somavam 700 milhões de reais e liberou verba para o investimento no futebol. O faturamento passou de 212 milhões de reais, em 2012, para 649 milhões, em 2017. Nos três primeiros trimestres de 2018 a receita somou 414 milhões de reais, segundo a consultoria SportsValue (o balanço do ano ainda não foi fechado).
O investimento no plantel de jogadores passou de 69 milhões de reais em 2017 para 135 milhões no ano passado. Nas categorias de base os investimentos também cresceram, de 24 milhões para 32 milhões de reais.
O Ninho do Urubu é considerado um dos centros de treinamento mais modernos da América Latina e conta também com um módulo para a equipe profissional do Flamengo.
Infelizmente, os investimentos na infraestrutura oferecida aos garotos da base não foram o suficiente para impedir a tragédia desta sexta-feira.