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Toyota ganha e Uber perde com mulheres sauditas ao volante

A decisão da Arábia Saudita de abrir seu mercado automotivo para cerca de metade da população terá um impacto profundo na demanda por veículos

Mulher dirigindo na Arábia Saudita: o país é o último do mundo a eliminar uma restrição desse tipo (Faisal Al Nasser/Reuters)

Mulher dirigindo na Arábia Saudita: o país é o último do mundo a eliminar uma restrição desse tipo (Faisal Al Nasser/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 27 de setembro de 2017 às 18h00.

Michigan - O ultraconservador reino da Arábia Saudita emitiu uma ordem que autoriza as mulheres a dirigir, colocando um ponto final em uma política antiga que projetava uma imagem desfavorável sobre o tratamento dado pelo país às mulheres. Esta é também uma oportunidade real para as fabricantes de veículos internacionais, ansiosas por novas incursões na maior economia do Oriente Médio.

A decisão da Arábia Saudita de abrir seu mercado automotivo para cerca de metade da população total de 32 milhões de habitantes terá um impacto profundo na demanda por veículos, nos hábitos de direção e até nos padrões de imigração em um país onde os imigrantes de baixos salários de Bangladesh e das Filipinas muitas vezes trabalham como motoristas contratados.

Líderes de mercado como Toyota e Hyundai, cujos SUVs robustos são comuns nas ruas sauditas, talvez precisem ampliar o leque de modelos menores, como compactos e sedãs, para atender mulheres trabalhadoras e estudantes, segundo analistas. Por outro lado, serviços de motoristas contratados por meio de aplicativos como o Uber podem ter queda na demanda porque mais mulheres comprarão carros próprios e assumirão o volante.

A mudança determinada pelo rei Salman bin Abdulaziz para emitir carteira de motorista para as mulheres a partir de junho é a última medida de uma iniciativa muito mais ampla para modernizar e diversificar economicamente o reino e reduzir sua dependência econômica em relação ao petróleo.

Ativistas desafiaram diversas vezes a proibição, lançando campanhas nas quais mulheres eram filmadas atrás do volante ilegalmente. A Arábia Saudita é o último país do mundo a eliminar uma restrição desse tipo.

“Isto é muito emocionante”, disse Rebecca Lindland, analista do website de compras de carros Kelley Blue Book, que trabalhou na Arábia Saudita por mais de dois anos. “Haverá obstáculos, mas este é um enorme passo adiante para que a Arábia Saudita reconheça as contribuições que as mulheres podem dar à economia.”

Participação de mercado

A fabricante de automóveis japonesa Toyota respondeu por 32 por cento dos 676.000 veículos vendidos na Arábia Saudita no ano passado e a sul-coreana Hyundai ficou em segundo lugar, com 24 por cento de participação de mercado, segundo Jeff Schuster, analista da LMC Automotive. O país está classificado em 21º lugar entre os 198 mercados monitorados pelo pesquisador, disse ele.

A Toyota assinou acordo em março para realizar um estudo de viabilidade para produção local no reino. A Nissan e a Hyundai também estavam nas fases iniciais de negociação para abertura de fábricas locais, publicou o jornal Asharq Al-Awsat em junho, citando entrevista com um ministro saudita.

As fabricantes dos EUA têm uma grande oportunidade se forem capazes de atrair as mulheres sauditas nos setores de moda e tecnologia com um marketing culturalmente sensível na televisão e nas redes sociais, disse Nahed Eltantawy, professora de Jornalismo da Universidade High Point, na Carolina do Norte, EUA, que editou um livro sobre mulheres e mídia no Oriente Médio.

“Considerando que muitas mulheres levarão crianças, qualquer publicidade de carros e vans familiares destinados a ajudar com as crianças no banco traseiro seria útil”, disse ela. “As fabricantes precisam oferecer uma publicidade diversificada que atenda a diversidade de mulheres da Arábia Saudita.”

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