Kenny Laplante, da Genial Care: essa ideia de fazer uma intervenção no momento certo da maneira certa é o que me levou a atingir o meu potencial (Genial Care/Divulgação)
A Genial Care, startup com soluções para ajudar crianças com autismo, recebeu aporte de US$ 10 milhões, o equivalente a aproximadamente a 51,3 milhões de reais.
Esse é o segundo aporte da startup, apresentada ao mercado no fim de 2020 pelo americano Kenny Laplante. O primeiro foi um investimento de R$ 5 milhões liderado pelo Canary e com participação de pessoas físicas e jurídicas como:
A nova entrada de capital foi comandada pelo General Catalyst, investidor de empresas como Airbnb, Snapchat e Kavak. A ação foi acompanhada pelo fundo Atlântico, Canary e também por pessoas físicas.
A Genial Care foi lançada com uma plataforma de conteúdos em texto, áudio e vídeo para auxiliar pais e cuidadores de crianças com o autismo. Entre os tipos de materiais disponibilizados, informações sobre:
Digital e por assinatura, o modelo incluía ainda encontros virtuais para entender a necessidade das famílias e desenvolver conteúdos personalizados.
O início serviu para validar o caminho escolhido pela empresa. Entre os resultados clínicos obtidos, a startup registrou 26% de redução em comportamentos desafiadores.
No pouco tempo de vida, menos de dois anos, a Genial Care expandiu a atuação para atender as próprias crianças.
Para isso, a startup tem investido nas “Casas Geniais”, espaços onde as crianças são atendidas por profissionais clínicos como psicólogos, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais, especialistas que passam por um processo de capacitação proprietário da Genial. Atualmente, conta com 12 unidades, entre três próprias e nove ambientes parceiros.
"Dentro do pacote, oferecemos os serviços de atendimento na clínica, orientação parental online e, além disso, tem o acesso ao aplicativo onde consegue acompanhar o que aconteceu na sessão e onde carregamos os conteúdos específicos para a criança", afirma Laplante.
Em 2023, pretende ampliar o número, chegando a 12 próprias, com o uso de parte dos novos recursos. Outras destinações do dinheiro incluem a contratação de novos profissionais e o investimento na plataforma de conteúdo.
Até pela formatação atual, com soluções que vão do digital ao presencial, a startup está presente apenas em São Paulo. No futuro breve, a Genial deseja expandir a operação tanto para outros territórios nacionais quanto para outros países.
Com custo elevado e planos a partir dos R$ 6 mil mensais, a Genial Care tem 90% da receita proveniente de planos de saúde. Os outros 10% são dos clientes particulares.
“No mercado, você acha clínicas que cobram de R$ 20 mil a R$ 25 mil por mês, não chegamos nem perto deste nível”, afirma.
Segundo o executivo, como o autismo é uma condição de vida e não tem cura, o objetivo é dar mais autonomia às crianças, o que contribuirá para que os valores diminuam em dado espaço de tempo. "O plano de saúde vê não só a redução de curto prazo, mas também ao longo do tempo”, diz Laplante.
Em 2022, a empresa cresceu em 10 vezes o número de vidas acompanhadas e registrou crescimento similar em termos de faturamento. A startup não abriu os valores atuais. Para 2023, a expectiva é de manter o ritmo de expansão.
Formado em finanças, Kenny começou sua carreira em Nova York como analista de healthtechs para o fundo de investimentos General Atlantic, conhecido por investimentos em startups como QuintoAndar e Gympass. Foi neste período que ele se “apaixonou por saúde infantil”.
Após dois anos e meio no mercado, decidiu que era hora de começar a empreender e fora dos Estados Unidos. Em 2017, veio com a esposa brasileira para São Paulo e começou a estudar e a construir o que hoje é a Genial Care.
“A genial nasce para contribuir com que as crianças atinjam o máximo potencial”, diz. A afirmação guarda uma ligação forte com a própria história do fundador.
Até os 4 anos de idade, ele tinha problemas de comunicação verbal e a fonoaudióloga que identificou a situação desenvolveu um tratamento que durou três anos. No diagnóstico, apraxia, uma desordem que pode prejudicar os movimentos. No caso em específico, os músculos responsáveis pelos articulação e emissão de palavras.
“Essa ideia de fazer uma intervenção no momento certo e da maneira certa é o que me levou a atingir o meu potencial”, afirma.
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