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Starbucks tem arma secreta escondida em cidadezinha da Suíça

Com apenas 4.400 habitantes, Weggis fabrica as máquinas de café para cada uma das quase 21.000 cafeterias da empresa de todo o mundo

Máquina serve um copo de café em uma loja da Starbucks em Londres, no Reino Unido (Jason Alden/Bloomberg)
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Da Redação

Publicado em 6 de agosto de 2014 às 23h08.

Weggis - A Starbucks intensifica sua presença na China e uma de suas armas pouco conhecidas é uma empresa familiar em uma adormecida cidadezinha da Suíça.

A Thermoplan, com sede entre pastos de vacas em Weggis, uma cidade de 4.400 habitantes perto de Lucerna, fabrica as máquinas automáticas de café expresso e cappuccino para cada uma das quase 21.000 cafeterias Starbucks de todo o mundo.

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“Máquinas completamente automáticas são algo muito característico da Alemanha e da Suíça”, disse o CEO Adrian Steiner, engenheiro elétrico que trabalhou para a Thermoplan durante 17 anos.

É um produto que combina com a tecnologia desses países. É um produto que tem a ver com a tecnologia desses países.

É como na indústria dos relógios, onde há capacitação para os trabalhadores, qualidade, valor e confiabilidade.

Com 230 funcionários, a Thermoplan, que exporta 98 por cento da sua produção, é um emblema das companhias de pequeno e médio porte da Suíça que são orientadas ao mercado internacional e que dependem do trabalho artesanal para impulsionar seus negócios.

Um acordo de livre comércio entre a Suíça e a China e a crescente popularidade de cafés cremosos no gigante asiático – a China deve ser tornar o maior mercado da Starbucks fora dos EUA – deram a Steiner motivos para ser otimista.

A Thermoplan se une a empresas, como a fabricante de relógios Swatch Group AG, e fabricantes de ferramentas de precisão, como a Mikron Holding AG, que estão de olho em fechar mais negócios com Pequim e Xangai.

No mês passado, a Starbucks disse que planeja abrir 800 cafeterias novas na China e na região Ásia-Pacífico no ano fiscal de 2015.

Creme chantili

A incursão da Thermoplan no mundo do café remota há três décadas, quando ela fabricava máquinas de creme chantili.

Naquela época, em 1999, com apenas 20 funcionários, tirou a sorte grande com um contrato internacional e exclusivo com a Starbucks.

A rede de cafeterias com sede em Seattle decidiu substituir as máquinas de café expresso tradicionais, que exigem que os baristas preparem tudo e aqueçam o leite, pelos modelos automáticos.

Com o contrato, as máquinas da Thermoplan se tornaram presentes em todos os pontos de venda da Starbucks, de Nova York e Paris a Pequim.

O contrato da Thermoplan com a Starbucks expira no próximo ano. Ambas as empresas não quiseram comentar sobre a possibilidade de renovação.

Steiner disse que a capacidade de sua empresa para trabalhar de modo rápido e inovador foi a chave para fechar o negócio, que ele chamou de “o poder do grande e a flexibilidade do pequeno”.

A montagem de uma máquina, realizada principalmente à mão, leva de seis a oito horas. Em certo momento, a Thermoplan fornecia 84 máquinas por dia à maior operadora de cafeterias do mundo.

Hoje, o gigante com sede em Seattle é responsável por um terço das vendas da Thermoplan. Entre os outros clientes estão a Nestlé, a Google e a Costa Coffee.

A receita da Thermoplan roçou 130 milhões de francos (US$ 143 bilhões) no ano passado, frente a menos de 100 milhões de francos há cinco anos.

A abertura de capital não está entre os planos por enquanto, mas Steiner não descarta a possibilidade para o futuro.

Franco forte

Há 40 funcionários no departamento de pesquisa e desenvolvimento da Thermoplan, além de outros 140 na produção. A abundância de mão de obra qualificada, as leis que agilizam a contratação e a demissão e os baixos impostos mantêm a Thermoplan produzindo em seu país natal, disse Steiner.

“Isso é algo que diferencia a Suíça”, acrescentou.

Em 2011, quando o franco quase atingiu a paridade com o euro, a Thermoplan reduziu os preços em 5 por cento. A taxa de câmbio agora não é um problema, disse.

Por enquanto, a empresa pretende aproveitar os ganhos provenientes do fato de que tomar café esteja se tornando um fenômeno social cada vez mais difundido, disse o executivo.

“Ucrânia, Rússia, Cazaquistão: eles agora estão descobrindo o cappuccino”, disse, sentado em uma sala de onde se vê o campo de futebol utilizado pela seleção brasileira para treinar durante a Copa do Mundo de 2006.

“É fascinante como uma bebida como o cappuccino está mudando o mundo”.

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