Negócios

Squadra: IPOs de subsidiárias não destravam valor e reduzem fluxo de caixa

Segundo a gestora de recursos, abrir o capital de cada operação não melhora os cálculos do mercado sobre o quanto valem as empresas

Nasdaq: a bolsa americana de tecnologia tem atraído cada vez mais empresas brasileiras (Scott Eells/Bloomberg)

Nasdaq: a bolsa americana de tecnologia tem atraído cada vez mais empresas brasileiras (Scott Eells/Bloomberg)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 23 de agosto de 2020 às 12h12.

Última atualização em 23 de agosto de 2020 às 13h34.

Em nova carta a seus cotistas em que discute suas alocações de capital, a gestora Squadra Investimentos afirma que a "narrativa" de que aberturas de capital de subsidiárias destravam valor para suas controladoras não necessariamente é verdadeira. De acordo com a Squadra, esse tipo de divisão reduz o fluxo de caixa porque cria ineficiências do ponto de vista fiscal e de balanço patrimonial.

Na opinião da Squadra, há um "desejo disseminado entre banqueiros de investimento" de oferecer ao mercado teses com doses de tecnologia para que as listagens de subsidiárias ocorram na Nasdaq, bolsa americana de empresas de tecnologia, em busca de múltiplos mais altos. Segundo a gestora, a maior parte das empresas brasileiras não consegue gerar mais valor aos acionistas nesse tipo de operação porque em geral, suas demonstrações contábeis têm informações detalhadas sobre as verticais das companhias. Ou seja: abrir o capital de cada operação não melhora os cálculos do mercado sobre o quanto elas valem.

Atualmente, XP, Stone, PagSeguro, Arco, Afya e Vasta são as companhias brasileiras que têm ações negociadas na Nasdaq. A PagSeguro é um dos braços do UOL, e a Vasta é subsidiária da Cogna. A carta da Squadra cita a Linx como "único exemplo de empresa de tecnologia" que já estava na B3 e se listou lá fora a Linx, que de acordo com a gestora, não passou por uma reavaliação evidente e sustentada após a abertura de capital na Bolsa de Nova York (Nyse).

Entre antigas operações, a gestora cita ainda as aberturas de capital dos programas de fidelidade da Gol - o Smiles - e da Latam - o Multiplus. Na análise da casa, a "parte boa" vai à bolsa, mas o conglomerado é obrigado a carregar as despesas. "Há mesmo os contraexemplos: a Azul decidiu não listar seu negócio de fidelidade, porém, graças ao nível de informações fornecidas, os analistas sempre foram capazes de acompanhar essa unidade de negócio e sua ação constantemente negocia com prêmio para seus pares."

A gestora diz que entende o racional de algumas das listagens de subsidiárias que vêm sendo apresentadas ao mercado, mas que não concorda com "grandes animações" e percepções de geração de valor decorrentes destes eventos. "Nas ocasiões em que encontrarmos distorções importantes entre preço e valor motivadas por esses eventos, bem como expectativas que julgarmos difíceis de serem concretizadas, gradualmente adicionaremos posições em nosso portfólio short", conclui a Squadra.

Acompanhe tudo sobre:AçõesIPOsNasdaq

Mais de Negócios

15 franquias baratas a partir de R$ 300 para quem quer deixar de ser CLT em 2025

De ex-condenado a bilionário: como ele construiu uma fortuna de US$ 8 bi vendendo carros usados

Como a mulher mais rica do mundo gasta sua fortuna de R$ 522 bilhões

Ele saiu do zero, superou o burnout e hoje faz R$ 500 milhões com tecnologia