Parceria da Cosan com a Shell: maior negócios do primeiro semestre foi assessorado pela Souza, Cescon (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 25 de abril de 2011 às 14h57.
São Paulo - Depois de participar, no ano passado, de 41 operações que movimentaram 28,6 bilhões de dólares, o escritório Souza, Cescon, Barrieu & Flesch não quer perder o passo em 2011. “Abrimos o ano com cerca de 30 operações em andamento”, afirma o sócio Luis Souza. “É um número expressivo para janeiro, e algumas negociações são substantivas”, diz.
Segundo o advogado, alguns setores que lideraram as fusões e aquisições, em 2010, continuarão aquecidos nos próximos meses. Em telecomunicações, por exemplo, espera-se a continuidade do processo de consolidação, que se estenderia também para os fornecedores da cadeia. Outro impulso é o mercado de banda larga, para o qual o governo estuda um ambicioso plano de popularização.
O setor de óleo e gás, que chamou a atenção no ano passado, também deve continuar em evidência. Além de empresas desejosas de adquirir fatias em campos já licitados, Souza enxerga também o movimento de companhias interessadas em novas licitações. Outra fonte de negócios será a consolidação dos fornecedores da cadeia, estimulada pelo bilionário plano de investimentos da Petrobras.
Classe C
Definitivamente, já não é mais possível falar de negócios, no Brasil, sem citar o impacto positivo da classe média emergente sobre diversos setores produtivos. Para Souza, o enriquecimento da classe C vai continuar gerando negócios no ramo de consumo. Algumas áreas que podem gerar negócios são os setores de vestuário, remédios, cosmético e higiene. “Também fabricantes de alimentos que não compõem a cesta básica podem se movimentar”, diz.
Nesse mercado, a principal cliente de Souza é a Hypermarcas, maior empresa de bens de consumo de capital nacional. Desde sua criação, a companhia é reconhecida pelo apetite com que vai às compras.
Já no mercado de varejo, a união do Pão de Açúcar com a Casas Bahia e o Ponto Frio deve continuar a empurrar os concorrentes para a reação. Com o maior grupo varejista do país ainda digerindo a associação, o mais provável que é os negócios sejam fechados por quem deseja encurtar a distância, ou por redes regionais que queiram aumentar seu peso.
Infraestrutura
Também não se pode esquecer dos negócios que serão fechados no setor de infraestrutura – um grande guarda-chuva que engloba empresas interessadas em Copa do Mundo de 2014, Olimpíadas de 2016, modernização de portos e estradas, construção pesada, energia e aeroportos, entre outros. “Uma das expectativas é a licitação do trem-bala, que deve gerar bons negócios”, diz Souza.
Como no ano passado, as fusões e aquisições não serão movimentadas apenas por empresas adquirindo concorrentes. Investidores, como os fundos de private equity, ainda demonstram um grande apetite por ativos no Brasil. “Os fundos continuam muito capitalizados e em busca de oportunidades”, afirma Souza. De acordo com a edição 982 de EXAME, os private equity têm 18 bilhões de dólares para aplicar por aqui – dinheiro suficiente para transformar setores inteiros da economia.
Estrangeiros
Os fundos são um dos melhores exemplos de como os estrangeiros estão interessados pelo Brasil, mas não o único. No Souza, Cescon, por exemplo, foi criada uma área especialmente dedicada a atender asiáticos interessados em negócios no país – o Ásia Desk.
“Os japoneses e chineses têm muito interesse no setor de commodities, por exemplo”, afirma o sócio do escritório. Para o futuro, Souza afirma que há cada vez mais demanda de empresas brasileiras para que o escritório as assessore em negócios na África. Mas ainda não se sabe se isso permitirá a criação de um “África Desk”. “É um mercado que estamos olhando”, afirma.
Mercado aquecido
Os 41 acordos assessorados pelo Souza, Cescon, no ano passado, lhe garantiram o primeiro lugar no mercado de fusões e aquisições, entre os escritórios de advocacia. O ranking é o da Thomson Reuters. No total, as negociações movimentaram 28,6 bilhões de dólares.
Entre as de maior repercussão, estiveram a joint-venture entre a Shell e a Cosan, avaliada em 11,6 bilhões de reais, a compra da Fosfértil pela Vale, e a saída da Portugal Telecom da Vivo, para depois adquirir uma fatia da Oi.