Negócios

Símbolo do setor hoteleiro de SP, Maksoud Plaza pede recuperação judicial

Valor total incluído na ação de recuperação judicial é de pouco mais de R$ 81 milhões; hotel é alvo de uma longa disputa familiar

Maksoud Plaza: hotel é alvo de uma longa disputa familiar (Bia Parreiras/Viagem e Turismo/Reprodução)

Maksoud Plaza: hotel é alvo de uma longa disputa familiar (Bia Parreiras/Viagem e Turismo/Reprodução)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 22 de setembro de 2020 às 19h55.

Um dos símbolos do setor hoteleiro paulistano, o Maksoud Plaza entrou com pedido de recuperação judicial para pagar suas dívidas, de acordo com comunicado divulgado pelo hotel e por sua controladora, a Hidroservice Engenharia.

O valor total incluído na ação de recuperação judicial, protocolada na segunda-feira, 21, é de pouco mais de R$ 81 milhões, mas os débitos totais, incluindo os trabalhistas, chegariam a R$ 120 milhões, disse uma fonte próxima ao caso.

O hotel voltou a funcionar no último dia 4 de setembro, depois de quase seis meses de portas fechadas por causa da pandemia do novo coronavírus. A taxa de ocupação, em função do esvaziamento do turismo de negócios, diz o comunicado da empresa, está hoje por volta de 3% na cidade de São Paulo. Para cortar custos, a companhia diz ter cortado 50% dos seus funcionários no último dia 18.

Briga familiar

O hotel é alvo de uma longa disputa familiar. A briga relativa à herança põe em cantos separados pai e filho: no caso Henry Maksoud Neto e Roberto Maksoud. Um documento assinado pelo avô deu ao neto os direitos sobre a herança. Mas os filhos do primeiro casamento de Henry Maksoud, Roberto e Cláudio, afirmam que a assinatura é falsa e o documento não tem valor legal - o que Maksoud Neto, que trabalha no hotel desde os 15 anos, sempre negou.

Até no caso Panamá Papers o Maksoud foi citado, graças a uma assinatura atribuída ao fundador do hotel, mas que tem data posterior à sua morte.

Outro imbróglio judicial envolve o hotel Maksoud Plaza. Em 2011, por causa de uma dívida trabalhista da controladora Hidroservice o imóvel - avaliado em cerca de R$ 400 milhões - foi a leilão judicial. Os empresários Fernando Simões e Jussara Simões, da Júlio Simões Logística (JSL), arremataram o edifício como pessoas físicas.

Desde então, iniciou-se uma briga pela propriedade. Em dezembro do ano passado, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) considerou esse leilão válido, mas a família continua a recorrer. A decisão foi ao TST porque o hotel foi leiloado para pagar dívidas trabalhistas.

Na petição da recuperação judicial, os advogados do Maksoud Plaza argumentam que a situação econômica da empresa vem melhorando. O hotel, segundo o documento, faturou R$ 72,5 milhões em 2019, contra R$ 36,8 milhões obtidos em 2013, sob a gestão anterior. A empresa diz ainda ter reduzido o total de processos trabalhistas de mais de 400 para cerca de 30.

O Maksoud, que viveu seu auge nos anos 1980 e 1990, é o que restou de uma empresa muito maior. A documentação da recuperação judicial lembra que a Hidroservice, uma empresa de engenharia, chegou a ter 10 mil trabalhadores em seu auge. A companhia realizou projetos como os aeroportos Tom Jobim (Galeão, no Rio de Janeiro), Eduardo Gomes (Manaus), o Terminal Rodoviário Tietê (em São Paulo).

A informação da recuperação judicial do Maksoud foi inicialmente revelada pelo jornal Valor Econômico.

Acompanhe tudo sobre:HotéisRecuperações judiciais

Mais de Negócios

15 franquias baratas a partir de R$ 300 para quem quer deixar de ser CLT em 2025

De ex-condenado a bilionário: como ele construiu uma fortuna de US$ 8 bi vendendo carros usados

Como a mulher mais rica do mundo gasta sua fortuna de R$ 522 bilhões

Ele saiu do zero, superou o burnout e hoje faz R$ 500 milhões com tecnologia