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Símbolo da Lava Jato, refinaria Abreu e Lima é posta à venda por Petrobras

Presidente da estatal, Castello Branco informou que petroleira pretende vender uma unidade ainda em 2019, além de deixar transporte e distribuição de gás

Petrobras: estatal pretende vender refinarias (Sergio Moraes/Reuters)

Petrobras: estatal pretende vender refinarias (Sergio Moraes/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 29 de junho de 2019 às 10h42.

Rio de Janeiro - A mais famosa das refinarias colocadas à venda pela Petrobrás é a de Pernambuco. A Refinaria Abreu e Lima, a mais moderna do Brasil, foi um dos principais alvos de investigação da Lava Jato. Seu orçamento inicial de US$ 2,3 bilhões chegou a US$ 18,5 bilhões, em um período de nove anos. A construção da Abreu e Lima (Rnest) foi um projeto idealizado pelo ex-diretor de abastecimento da petroleira, Paulo Roberto Costa, primeiro delator do esquema de corrupção da estatal.

Localizada no Porto de Suape, a 45 quilômetros do Recife, a Rnest tem capacidade para processar 130 mil barris de petróleo por dia, ou 5% da necessidade de derivados do País. Seu principal produto é o diesel com baixo teor de enxofre, combustível hoje importado pelo Brasil.

Na lista, também está a primeira refinaria construída no País, Landulpho Alves, erguida na Bahia, em 1950. Com a venda da unidade, a Petrobrás praticamente se retira do mercado de refino do Nordeste, apesar de definir a região como um dos mais rápidos crescimento no consumo de combustíveis no País. Fica apenas a pequena refinaria de Clara Camarão (RN).

Na região Sul, a Petrobrás colocou à venda duas refinarias. Uma no Paraná (Presidente Getúlio Vargas/Repar) e outra no Rio Grande do Sul (Alberto Pasqualini/Refap). "O Sul apresenta um dos mercados de derivados de petróleo mais maduros do País, com previsão de crescimento estável da demanda nos próximos anos", afirma a Petrobrás, na propaganda de venda.

A companhia quer ainda, em uma segunda fase sem data marcada, se desfazer de outras quatro refinarias.

Perspectivas

Na véspera do anúncio, o presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco, justificou a venda das refinarias pelo baixo retorno da área em comparação ao da produção de petróleo e gás natural. Além disso, disse que, pelo menos uma das refinarias será vendida até o fim do ano.

Com a estatal porém ficarão as chamadas "joias da coroa": as refinarias localizadas na região Sudeste. Além da maior do País, em Paulínia (SP), que tem capacidade para refinar 434 mil barris por dia, ficaram de fora da venda outras unidades instaladas no Estado: Refinaria Capuava (Recap), em Mauá; Presidente Bernardes, em Cubatão; e a Henrique Lage (Revap), em São José dos Campos. A Refinaria Duque de Caxias (Reduc), no Rio de Janeiro, também irá permanecer com a companhia.

Em evento realizado ontem na FGV, Roberto Ardenghy, diretor de Relacionamento Institucional da companhia, afirmou que o modelo de vendas pretende evitar a transferência do monopólio para o setor privado. "Seria inadmissível."

Segundo ele, três segmentos deverão se interessar pelos ativos: distribuidoras, operadoras tradicionais de refinaria globais e um segmento novo de prestadoras de serviços.

Também presente no evento da FGV, o ex-ministro de Minas e Energia Fernando Coelho disse que as refinarias da Petrobrás são muito antigas e não devem atrair as grandes petroleiras. "As refinarias valem para a Petrobrás o que não vale para mais ninguém", disse, referindo-se ao valor de venda.

Os petroleiros não gostaram do anúncio. "Dizer que os preços dos derivados vão baixar com a venda das refinarias é mais uma notícia falsa do governo", disse José Maria Rangel, coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP). "O Castello Branco mente quando usa esse tipo de argumento para defender sua política de esfacelamento da companhia." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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