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Será que a GoPro é tão boa que acaba se prejudicando?

O problema de fazer um produto que as pessoas amam é que elas não gostam de substituí-lo

Imagem feita por uma GoPro: existem evidências de que a GoPro, 18 milhões de câmeras após seu lançamento, está começando a enfrentar esse problema (Divulgação/GoPro)
DR

Da Redação

Publicado em 30 de outubro de 2015 às 18h23.

O problema de fazer um produto que as pessoas amam é que elas não gostam de substituí-lo. Pergunte a qualquer um que tenha uma grelha Weber, uma bolsa Birkin ou um Porsche 911 refrigerado a ar.

O mantra tradicional é: isso funciona. E quanto mais antigo o modelo, mais reverenciada sua pragmática simplicidade.

Existem evidências de que a GoPro, 18 milhões de câmeras após seu lançamento, está começando a enfrentar esse problema em meio à tentativa de vender novas câmeras e que está enfrentando a queda mais aguda nas vendas em seu mercado mais consolidado.

A receita da GoPro nas Américas caiu 7 por cento no trimestre que terminou em 30 de setembro em relação ao mesmo período do ano anterior, colocando a empresa abaixo de suas estimativas globais e fazendo suas ações despencarem como um esquiador que perde o rumo descendo a montanha.

A GoPro ainda registra um crescimento satisfatório tanto em receitas quanto em unidades vendidas, mas boa parte da demanda está vindo da China e de outros mercados relativamente inexplorados; a GoPro atualmente obtém mais de metade de suas receitas em dólares fora dos EUA. Muitas empresas buscam exatamente isso, mas essa condição sugere que a GoPro está ficando sem novos clientes mais perto de casa.

Considere o equipamento. A primeira câmera de alta definição da GoPro chegou às prateleiras há cerca de seis anos por US$ 300 (e atualmente custa US$ 129).

Ela não possui muitos dos recursos disponíveis no último modelo, uma versão de US$ 500, mas quantos usuários de fim de semana ajustam seu próprio limite de ISO, realizam filmagens time-lapse de paisagens ou exigem uma câmera lenta “suave e fluida” com 240 frames por segundo?

Será que um controle remoto é necessário para algo que muitas vezes fica preso à pessoa? A GoPro atualmente realiza uma clínica anual para garantir que os atletas praticantes de esportes de ação entendam melhor as pequenas coisas que a câmera é capaz de fazer.

O iPhone, da Apple, não tem esse desafio em relação à atualização. O custo de trocar de aparelho geralmente fica diluído em um longo contrato de serviço e os programas que rodam nos smartphones são atualizados consistentemente para aproveitarem o hardware mais poderoso. Por isso, ter um iPhone de último tipo é muito mais útil do que contar com uma versão mais antiga.

GoPro, simplificada

Devido à redução nos retornos com os recursos cada vez mais específicos, a GoPro tem buscado ganhar pelo tamanho. A Hero4 Session, lançada neste ano, não conta com muitos dos recursos complicados de seus produtos padrão e é promovida como sendo 50 por cento menor. O slogan dela? GoPro, simplificada.

No entanto, 50 por cento de algo que já é bem pequeno não parece ser muito menos. A câmera padrão da GoPro há muito tempo é suficientemente leve para ser acoplada a um capacete ou amarrada a um bassê.

Ao mesmo tempo, o preço inicial de US$ 400 da Session, que é do tamanho de um cubo de gelo, ficou muito mais alto do que os clientes desejavam. As vendas só subiram quando a GoPro reduziu o preço em 25 por cento após dois meses de vendas lentas.

O CEO Nick Woodman disse a investidores, em uma teleconferência nesta semana, que o tamanho e a conveniência da Session “claramente não foram suficientes” para ajudá-la a vender bem. “Essa experiência nos ensinou como é difícil disputar vendas com a GoPro”, disse ele.

Giro de estoque

No ritmo atual, a GoPro está girando seu estoque apenas 3,4 vezes por ano, contra 6,3 vezes um ano atrás. Não só há muitos clientes da GoPro que não sentem necessidade de atualizar seu equipamento comprando um modelo mais novo, mas há muitos potenciais clientes da GoPro que ficarão perfeitamente felizes com a câmera de nível de entrada.

Woodman pontuou que o último trimestre foi o primeiro no qual a empresa descumpriu sua meta de lucro. “Nós tomamos essa situação com muita seriedade”, disse ele aos investidores na conferência.

Woodman disse que um drone faz muito sentido para a GoPro.

Ele não se equivoca ao dizer isso e a empresa provavelmente fabricará um grande modelo. Mas a empresa terá que correr atrás dos concorrentes nesse segmento, algo que nunca teve que fazer no ramo das câmeras de vestir.

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O problema de fazer um produto que as pessoas amam é que elas não gostam de substituí-lo. Pergunte a qualquer um que tenha uma grelha Weber, uma bolsa Birkin ou um Porsche 911 refrigerado a ar.

O mantra tradicional é: isso funciona. E quanto mais antigo o modelo, mais reverenciada sua pragmática simplicidade.

Existem evidências de que a GoPro, 18 milhões de câmeras após seu lançamento, está começando a enfrentar esse problema em meio à tentativa de vender novas câmeras e que está enfrentando a queda mais aguda nas vendas em seu mercado mais consolidado.

A receita da GoPro nas Américas caiu 7 por cento no trimestre que terminou em 30 de setembro em relação ao mesmo período do ano anterior, colocando a empresa abaixo de suas estimativas globais e fazendo suas ações despencarem como um esquiador que perde o rumo descendo a montanha.

A GoPro ainda registra um crescimento satisfatório tanto em receitas quanto em unidades vendidas, mas boa parte da demanda está vindo da China e de outros mercados relativamente inexplorados; a GoPro atualmente obtém mais de metade de suas receitas em dólares fora dos EUA. Muitas empresas buscam exatamente isso, mas essa condição sugere que a GoPro está ficando sem novos clientes mais perto de casa.

Considere o equipamento. A primeira câmera de alta definição da GoPro chegou às prateleiras há cerca de seis anos por US$ 300 (e atualmente custa US$ 129).

Ela não possui muitos dos recursos disponíveis no último modelo, uma versão de US$ 500, mas quantos usuários de fim de semana ajustam seu próprio limite de ISO, realizam filmagens time-lapse de paisagens ou exigem uma câmera lenta “suave e fluida” com 240 frames por segundo?

Será que um controle remoto é necessário para algo que muitas vezes fica preso à pessoa? A GoPro atualmente realiza uma clínica anual para garantir que os atletas praticantes de esportes de ação entendam melhor as pequenas coisas que a câmera é capaz de fazer.

O iPhone, da Apple, não tem esse desafio em relação à atualização. O custo de trocar de aparelho geralmente fica diluído em um longo contrato de serviço e os programas que rodam nos smartphones são atualizados consistentemente para aproveitarem o hardware mais poderoso. Por isso, ter um iPhone de último tipo é muito mais útil do que contar com uma versão mais antiga.

GoPro, simplificada

Devido à redução nos retornos com os recursos cada vez mais específicos, a GoPro tem buscado ganhar pelo tamanho. A Hero4 Session, lançada neste ano, não conta com muitos dos recursos complicados de seus produtos padrão e é promovida como sendo 50 por cento menor. O slogan dela? GoPro, simplificada.

No entanto, 50 por cento de algo que já é bem pequeno não parece ser muito menos. A câmera padrão da GoPro há muito tempo é suficientemente leve para ser acoplada a um capacete ou amarrada a um bassê.

Ao mesmo tempo, o preço inicial de US$ 400 da Session, que é do tamanho de um cubo de gelo, ficou muito mais alto do que os clientes desejavam. As vendas só subiram quando a GoPro reduziu o preço em 25 por cento após dois meses de vendas lentas.

O CEO Nick Woodman disse a investidores, em uma teleconferência nesta semana, que o tamanho e a conveniência da Session “claramente não foram suficientes” para ajudá-la a vender bem. “Essa experiência nos ensinou como é difícil disputar vendas com a GoPro”, disse ele.

Giro de estoque

No ritmo atual, a GoPro está girando seu estoque apenas 3,4 vezes por ano, contra 6,3 vezes um ano atrás. Não só há muitos clientes da GoPro que não sentem necessidade de atualizar seu equipamento comprando um modelo mais novo, mas há muitos potenciais clientes da GoPro que ficarão perfeitamente felizes com a câmera de nível de entrada.

Woodman pontuou que o último trimestre foi o primeiro no qual a empresa descumpriu sua meta de lucro. “Nós tomamos essa situação com muita seriedade”, disse ele aos investidores na conferência.

Woodman disse que um drone faz muito sentido para a GoPro.

Ele não se equivoca ao dizer isso e a empresa provavelmente fabricará um grande modelo. Mas a empresa terá que correr atrás dos concorrentes nesse segmento, algo que nunca teve que fazer no ramo das câmeras de vestir.

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