Ser Educacional divulga resultados e mira futuro sem Fies
Após compra da concorrente UniNorte, o grupo de educação privada tenta travar estratégia para sobreviver sem o financiamento do governo
Da Redação
Publicado em 10 de maio de 2019 às 06h39.
Última atualização em 10 de maio de 2019 às 06h45.
Surfando um momento de otimismo na bolsa após a compra da rede de faculdades UniNorte, maior da região Norte, o grupo Ser Educacional divulga os resultados de seu primeiro trimestre do ano nesta sexta-feira, 10. Desdea compra da concorrente, firmada em 16 de abril, as ações valorizaram 16%, a 23,49 reais. A Ser fechou o último mês em alta de 7%, uma das maiores dentre as empresas listadas no Ibovespa.
A explicação para o cenário positivo se dá pelo caminho seguro que o grupo decidiu seguir ao fechar a aquisição da UniNorte. Depois de ter tido dificuldades em entrar no mercado de educação privada da região Sudeste, que já é liderada pelas concorrentes Kroton e Estácio, a Ser Educacional decidiu reforçar sua presença na parte do país que conhece melhor, o Norte e o Nordeste.
Atualmente, a UniNorte possui 23.233 alunos de graduação e 1.939 alunos de pós-graduação, com ganhos anuais antes de juros, impostos, depreciação e amortização de 18,7 milhões de reais em 2018.Após a compra, o valor de mercado da Ser Educacional fica na casa dos 3,6 bilhões de reais, sendo o terceiro maior grupo de educação privada brasileiro com capital aberto na bolsa. Os dois maiores grupos do setor são Kroton, com 15,8 bilhões de reais, e Estácio, com 8,6 bilhões de reais.
Os números deste trimestre já estavam disponíveis no site da Ser Educacional nas primeiras horas da manhã desta sexta-feira, antes da apresentação oficial. O lucro foi de 63,9 milhões de reais, 9% acima do mesmo período do ano passado, enquanto o faturamento foi de 304,2 milhões de reais, caindo cerca de 4%. A base de alunos apresentou crescimento de 1,2% no trimestre, chegando a quase 162.000 alunos. O crescimento se deve, segundo a empresa, sobretudo ao aumento de alunos que têm suas aulas à distância, que já são pouco mais da metade.
Após a compra da UniNorte, o jornal Valor Econômico chegou a publicar que o controlador da Ser Educacional, Janguiê Diniz, desejava vender o grupo, mas queria o dobro do valor listado na bolsa. A empresa negou a informação, dizendo que consultou Diniz “a respeito de tais notícias e foi informada que não há qualquer discussão para alienação de participação em andamento”, segundo disse a empresa em nota no fim de abril.
Um dos pontos positivos da aquisição é que a UniNorte vai representar um aumento de 17% na base de alunos da Ser, mas com um número de estudantes que dependem de financiamento estudantil do governo (Fies) menor do que em outras faculdades da rede. Ainda essa semana, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, criticou duramente o Fies, e o programa, que já sofreu contingenciamento nos últimos anos, deve passar por novos cortes.
O balanço desta sexta-feira ainda não tem influência dos números da UniNorte, mas a aquisição traz melhores perspectivas para a Ser Educacional sobreviver em um futuro em que os conglomerados de educação privada, que fizeram fortuna com incentivos do Fies na última década, precisarão aprender a atrair alunos por conta própria.