O que Samsung, LG e Apple dizem sobre a queda nas vendas de seus celulares
Gigantes da tecnologia rebaixam expectativas de vendas, enquanto companhias chinesas avançam neste mercado. A saída? Diversificar produtos.
Mariana Desidério
Publicado em 10 de janeiro de 2019 às 14h30.
Última atualização em 10 de janeiro de 2019 às 15h04.
São Paulo – A concorrência no mundo dos smartphones aumentou, e a vida das gigantes do setor está mais difícil. As fabricantes Samsung e LG divulgaram, na última terça-feira (8), uma queda na previsão do lucro operacional do quarto trimestre de 2018, cujos resultados serão divulgados este mês. A gigante americana Apple , dona do iPhone, já havia anunciado uma redução das expectativas de venda para o primeiro trimestre de 2019. As notícias são um reflexo da desaceleração nas vendas de celulares no mundo e mostram que este mercado se tornou mais complexo.
A sul-coreana Samsung, que divulgará seus resultados trimestrais no dia 22 de janeiro, deve ter um lucro de 10,8 trilhões de wons (9,6 bilhões de dólares), valor 29% menor que o do mesmo período do ano anterior. Com a queda da previsão, as ações da companhia terminaram o dia em queda de 1,68% na bolsa da Coreia do Sul. Apesar de ter China e EUA como grandes destinos de exportação, a ainda líder mundial na venda de smartphones não destacou a tensão entre os dois países como definidora da queda de vendas.
O que a Samsung alega é a baixa procura por chips de memória, que representam grande parte das suas transações. A companhia espera que a dificuldade na venda de chips permaneça no primeiro semestre de 2019, mas a situação deve melhorar na segunda metade do ano, com a expansão de novas tecnologias, como o 5G e um smartphone com tela dobrável. Além disso, a marca sul-coreana declarou uma alta concorrência no mercado de celulares, ao mesmo tempo em que teve grandes gastos no setor de marketing para o fim do ano.
Já a LG, também da Coreia do Sul, prevê para o quarto trimestre um lucro de 75,3 bilhões de wons (67 milhões de dólares), 80% a menos do que o mesmo período do ano anterior. O valor esperado por analistas era cerca de 387 bilhões de wons (344 milhões de dólares). Com a notícia, as ações da LG Electronics fecharam o dia em queda de 3,2% na bolsa sul-coreana. A empresa não comentou sobre possíveis causas de uma queda tão brusca. Os resultados serão divulgados no dia 24 de janeiro.
No caso da Apple, a expectativa inicial da companhia para o primeiro trimestre de 2019 era uma receita 91 bilhões de dólares. Porém, a empresa reduziu o número para 84 bilhões dólares. Segundo seu CEO, Tim Cook, uma das justificativas é a queda nas vendas de iPhones na China devido às recentes tensões comerciais com os Estados Unidos, além da desaceleração econômica nos países emergentes.
Um dia após a revisão da receita, as ações da Apple caíram cerca de 7,6% na Bolsa de Valores americana e a companhia perdeu 73 bilhões de dólares em valor de mercado em um único dia. Hoje a Apple vale 730 bilhões de dólares.
O crescimento chinês
Ao contrário dessas três companhias, as fabricantes chinesas Huawei, Xiaomi e Oppo têm crescido no mercado dos smartphones. Segundo a consultoria Gartner, as empresas foram as grandes responsáveis pelo pequeno crescimento de 1,4% que a venda de celulares teve no mundo entre julho e setembro de 2018. Enquanto Apple e Samsung tiveram queda ou estagnação nesse período, as marcas chinesas aumentaram suas vendas.
A Huawei está em segundo lugar em número de vendas de smartphones no mundo, com 13,4% do mercado, perdendo apenas para a Samsung, que tem 18,9%. A companhia chinesa vendeu 52,2 milhões de smartphones no terceiro trimestre de 2018, alta de 51,5%, em comparação ao mesmo período do ano anterior, quando o número foi de 36,5 milhões.
A Xiaomi vem em quarto lugar no ranking de maiores fabricantes, com 8,5% do mercado e com a marca de 33,2 milhões de smartphones vendidos no terceiro trimestre de 2018. A Oppo vem logo em seguida, em quinto lugar, com 30,5 milhões de celulares vendidos no período.
O mercado dos smartphones em 2019
Para esse ano, algumas novidades são esperadas no mercado dos celulares. São aguardadas a tecnologia 5G, melhorias nas câmeras, com aumento dos megapixels, do número de lentes e a inclusão de inteligência artificial. Além disso, são esperadas mudanças na tela, com o fim do notch (recorte da tela) e leitores digitais.
Quanto às vendas das gigantes da tecnologia, espera-se um investimento em outras fontes de receita. A Apple, por exemplo, deve investir em serviços ligados aos seus hardwares, como iTunes e Apple Store. Já a sul-coreana Samsung já havia anunciado alocar 22 bilhões de dólares em setores estratégicos, como carros autônomos e inteligência artificial.