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Renúncias na Petrobras aceleram busca por novos executivos

A Petrobras anunciou a renúncia de Graça Foster e 5 diretores, acelerando busca por novos executivos que tentarão dissipar incertezas sobre os rumos da estatal

A presidente da Petrobras, Graça Foster: a "revolta coletiva" surpreendeu integrantes do governo (Ricardo Moraes/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 4 de fevereiro de 2015 às 19h30.

BRASÍLIA/RIO DE JANEIRO - A Petrobras anunciou nesta quarta-feira a renúncia da presidente Maria das Graças Foster e de cinco diretores, acelerando um processo de busca por novos executivos que tentarão dissipar incertezas sobre os rumos da estatal, que está no centro de um escândalo bilionário de corrupção .

A "revolta coletiva" surpreendeu integrantes do governo, uma vez que a saída da diretoria, amplamente esperada, estava prevista para o fim do mês, segundo uma fonte do governo.

Sem um plano imediato para a sucessão da presidência da estatal, segundo essa fonte, o governo agora corre contra o tempo na busca por alguém preferencialmente ligado ao setor de petróleo.

Em um curto comunicado nesta manhã, a Petrobras disse que novos executivos serão eleitos em reunião do Conselho de Administração na sexta-feira. Entre os nomes apontados pelo mercado como possíveis para assumir a presidência da Petrobras estão o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, o ex-presidente da mineradora Vale Roger Agnelli, o atual presidente da Vale, Murilo Ferreira, o ex-executivo da Petrobras e OGX Rodolfo Landim, além do ex-CEO da companhia petroquímica Braskem José Carlos Grubisich.

"A escolha da nova diretoria não é um bicho de sete cabeças, é mais uma adequação de perfil. Tem muita gente especialista, que entende, com 30 a 35 anos e competente. O mais complicado é fechar o nome do novo presidente, que é algo chave", disse uma fonte próxima ao Conselho de Administração da empresa. A saída de Graça Foster, como ela prefere ser chamada, foi oficializada um dia após ela ter se encontrado com a presidente Dilma Rousseff, de quem é amiga pessoal, para apresentar novo pedido de renúncia, desta vez aceito pela petista.

A renúncia da diretoria acontece em meio às investigações da Lava Jato, operação da Polícia Federal que chegou à petroleira por sobrepreço em contratos de obras com participação de ex-funcionários, executivos de empreiteiras e políticos.

As ações preferenciais da Petrobras fecharam com variação positiva de 0,20 por cento, após uma sessão volátil.

Os papéis da estatal chegaram a subir quase 8 por cento logo após a notícia da renúncia de Graça Foster e de cinco diretores, divulgada nos primeiros minutos do pregão. Na véspera, os papéis registraram a maior alta em 16 anos, de mais de 15 por cento, com informações sobre mudança iminente no comando da companhia.

Dificuldades, desgastes

A pressão sobre a diretoria que renunciou começou a crescer em novembro passado, com o atraso na divulgação do balanço do terceiro trimestre de 2014. Os auditores independentes se recusaram a aprovar os números pelas incertezas quanto aos impactos da Lava Jato no valor dos ativos da companhia.

A estatal chegou a divulgar no dia 28 o balanço não auditado do terceiro trimestre de 2014 sem incluir baixas contábeis relacionadas à corrupção apontada pela operação da PF.

Em 29 de janeiro, a Petrobras deu uma sinalização do tamanho das baixas contábeis que poderá ter por fraudes envolvendo a empresa, ao declarar que a avaliação de 52 empreendimentos em construção ou em operação citados na Lava Jato estão com valor contábil mais de 60 bilhões de reais acima de seu valor justo.

Porém, ao divulgar o balanço não auditado para o período de julho a setembro de 2014, o Conselho optou por não ratificar a abordagem do valor justo para os ativos, por não concordar com a metodologia.

A dificuldade da atual gestão da companhia para quantificar os prejuízos com sobrepreço em contratos durante anos desgastou bastante a imagem da diretoria. Graça Foster afirmou na semana passada que os advogados independentes contratados pela empresa disseram que pode levar de um a dois anos para que a investigação de corrupção seja concluída.

Para o analista Leonardo Alves, da Votorantim Corretora, a troca de Graça Foster não colocará um fim a todos os problemas da Petrobras. "Ao contrário, o novo presidente terá que enfrentar os mesmos problemas que ela já tinha que encarar: escândalos de corrupção, altas taxas de alavancagem e dificuldade para acessar mercados de capitais para levantar recursos", disse.

A próxima diretoria terá a missão de apresentar o balanço do quarto trimestre auditado até o fim de abril, já com baixas contábeis necessárias devido ao escândalo de corrupção.

"A substituição da presidente da empresa por um executivo de grande experiência poderia trazer uma renovação das expectativas, mas não deve passar disso", avaliou a Planner Corretora.

"O que é realmente importante não é nome do novo presidente da empresa, mas o grau de liberdade que ele teria para fazer o que seria feito numa empresa privada quando esta se vê em situação semelhante a da Petrobras neste momento", acrescentou a equipe da Planner.

Duas fontes disseram à Reuters, na terça-feira, que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, foi acionado por Dilma para encontrar uma solução para o balanço da estatal, para que a metodologia adotada seja aceita por órgãos de controle dos mercados de ações.

Renúncias

A Petrobras não informou, no curto comunicado da manhã desta quarta, os nomes dos diretores que renunciaram ao cargo, além da presidente da empresa.

Uma fonte próxima à companhia, no entanto, revelou à Reuters que os diretores Almir Barbassa (Finanças), José Carlos Cosenza (Abastecimento), José Miranda Formigli (Exploração e Produção), José Alcides Santoro (Gás e Energia) e José Antônio Figueiredo (Engenharia, Tecnologia e Materiais) deixarão o comando da companhia junto com Graça Foster.

Os únicos que devem permanecer são João Elek Junior, recentemente empossado para a nova diretoria de Governança, Risco e Conformidade, e José Eduardo Dutra, diretor Corporativo e de Serviços.

Dutra foi senador pelo PT e presidiu a Petrobras no começo do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e depois a BR Distribuidora. Além disso, foi um dos coordenadores da campanha de Dilma nas eleições de 2010.

Questões pessoais

Uma fonte próxima a Dilma disse à Reuters que questões pessoais foram determinantes para a saída da Graça Foster.

A presidente da Petrobras tem sido, para a opinião pública, um dos símbolos mais reconhecidos do difícil momento vivido pela estatal. No Rio de Janeiro, o rosto de Graça Foster está sendo estampado em máscaras de Carnaval. Na terça, um protesto foi realizado em frente à casa da executiva, em Copacabana.

Segundo uma fonte próxima à diretoria, a decisão da renúncia em conjunto com Graça Foster ocorreu devido ao cenário que se agravou após a circulação das notícias de que ficariam apenas até que o balanço fosse publicado auditado.

"As ações disparam, subiram 15 por cento em um dia, porque a diretoria ia sair", disse a fonte.

O desgaste no mercado, segundo essa fonte, era muito forte e eles não queriam ficar taxados como a cara "do problema, da corrupção, do fracasso".

São Paulo - O primeiro trimestre ainda nem acabou, mas a Petrobras já acumulou problemas neste período que podem valer para o ano inteiro. Entre processo de investigação de propina, preço das ações despencando e produção de petróleo menor, a petroleira dá indícios que não vive um bom momento. Veja, a seguir, 10 enroscos em que a Petrobras já se meteu neste ano:
  • 2. Investigação sobre propina

    2 /11(Sérgio Moraes/Reuters)

  • Veja também

    Em fevereiro, ex-funcionários da holandesa SBM, que aluga navios-plataformas, fizeram denúncias que apontam que empregados da Petrobras receberam propina para fechar negócios. O processo indica que funcionários e intermediários da petroleira receberam cerca de 140 milhões de dólares. A Petrobras abriu uma auditoria interna para apurar as denúncias. Segundo Graça, os primeiros resultados da auditoria levaram 30 dias para sair. A Comissão de Fiscalização da Câmara dos Deputados aprovou hoje requerimento para que a empresa esclareça tais irregularidades.



  • 3. Endividamento bilionário

    3 /11(REUTERS/Nacho Doce)

  • A captação de  8,5 bilhões de dólares anunciada pela Petrobras nesta semana deve impactar ainda mais o endividamento da estatal. Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, a dívida líquida da petroleira deverá passar de 100 bilhões de dólares até 2018. De acordo com o novo plano de negócios quinquenal da Petrobras (2014-2018), 60,5 bilhões de dólares serão levantados em dívida bruta nos próximos cinco anos.

  • 4. Queda da produção

    4 /11(Pedro Lobo/Bloomberg News)

    Em 2013, a produção de petróleo da Petrobras caiu 2,5% no Brasil. Neste ano, em janeiro, a produção também recuou.  No primeiro mês do ano, a produção total de petróleo e gás natural ficou 2,2% abaixo do total produzido em dezembro de 2013, quando atingiu 2,36 milhões de barris de óleo equivalente por dia. Segundo a empresa, a interrupção da produção em duas unidades instaladas na Bacia de Campos e a venda de participação no Parque das Conchas impactaram a produção do período.


  • 5. Multa bilionária

    5 /11(REUTERS/Sergio Moraes)

    Entre outubro de 2013 e janeiro deste ano, a Petrobras recebeu cinco autuações da Receita Federal que somam 8,7 bilhões de reais. As informações estão no prospecto preliminar publicado na Securities and Exchange Comission (SEC), regulador do mercado de capitais da América do Norte. A Petroleira informou que já apresentou recursos em todos os casos. O processo ainda está em fase de julgamento.

  • 6. Ações despencaram

    6 /11(Alexandre Battibugli/EXAME)

    No final do mês passado, as ações ordinárias e preferenciais da Petrobras caíram  para o menor nível desde 2005 após a divulgação de que a dívida líquida da empresa havia crescido 50% no último ano. Os papéis preferenciais da empresa tiveram a maior queda da bolsa de São Paulo no dia 26 de fevereiro. As ações fecharam o dia cotadas a 13,70 reais, seu menor valor desde 27 de dezembro de 2005.

  • 7. Valor de mercado menor

    7 /11(Dado Galdieri/Bloomberg)

    A Petrobras foi a empresa que mais encolheu em valor de mercado no mês de fevereiro deste ano.
    Segundo dados da consultoria Economática, a estatal perdeu 12 bilhões de reais no mês passado na bolsa brasileira, período no qual o Ibovespa recuou 1,14%. Boa parte da queda é atribuída aos maus resultados de 2013 apresentados pela empresa.

    No final de fevereiro, o valor de mercado da estatal era de 172,8 bilhões de reais.

  • 8. Preço do dólar divergente

    8 /11(Bruno Domingos/Reuters)

    Durante evento para divulgar seu plano de investimentos para os próximos cinco anos, a Petrobras afirmou que vai trabalhar com um dólar de 2,23 reais neste ano.

    A cotação média do mercado, no entanto, ultrapassa a cifra de 2,40 reais e a diferença está preocupando o mercado, que não consegue entender como a estatal chegou a esse valor.
  • 9. Preço do combustível

    9 /11(Divulgação/Petrobras)

    A interferência do governo nos negócios da Petrobras também tem preocupado investidores, principalmente quando o assunto é o polêmico  reajuste no preço do combustível.

    A fim de não aumentar a inflação, o governo tem segurado os preços e a estratégia tem impactado negativamente a petroleira. A estimativa do mercado é que a empresa tenha deixado de ganhar 1,1 bilhão por não repassar alta do petróleo.

  • 10. Independência do governo

    10 /11(Francois Lenoir/Reuters)

    No mês passado, Silvio Sinedino, funcionário da Petrobras há 26 anos e presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), ganhou o direito de ocupar uma cadeira no conselho de administração da estatal. Ao que tudo indica, Sinedino quer deixar claro que os funcionários da companhia não compactuam com a ideia de que as decisões da empresa teriam de estar totalmente alinhadas às decisões do Governo Federal. Hoje o conselho da Petrobrás é formado por dez membros, sete indicados pelo governo, um pelos acionistas minoritários de ações minoritárias, um pelos acionistas de ações preferenciais e um pelos empregados.





  • 11. Agora, veja 20 empresas que dominam o país

    11 /11(AGÊNCIA BRASIL)

  • Acompanhe tudo sobre:Capitalização da PetrobrasCorrupçãoEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEmpresas estataisEscândalosEstatais brasileirasExecutivosExecutivos brasileirosFraudesGás e combustíveisGraça FosterIndústria do petróleoMulheres executivasPetrobrasPetróleo

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