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Renova Energia faz manobra para gerar caixa

O dinheiro, a ser obtido por meio de uma manobra que se vale de uma recente mudança regulatória, bancaria custos ao menos até o final do ano

Renova: a empresa quer reduzir contratos com distribuidoras que têm sobras de energia e revender a produção no mercado livre de eletricidade (Renova Energia)
DR

Da Redação

Publicado em 26 de julho de 2016 às 13h23.

São Paulo - A Renova Energia, controlada pela Cemig , tentará gerar caixa por meio de uma realocação de contratos, em meio a uma falta de recursos e à demora nas negociações para a entrada de um novo sócio que injete dinheiro na companhia, afirmaram à Reuters duas fontes com conhecimento do assunto.

O dinheiro, a ser obtido por meio de uma manobra que se vale de uma recente mudança regulatória, bancaria custos ao menos até o final do ano, disse uma das fontes, na condição de anonimato, sem citar valores.

A empresa quer reduzir contratos com distribuidoras que têm sobras de energia e revender a produção no mercado livre de eletricidade, onde os preços estão mais altos.

A elétrica, que possui mais de 1 gigawatt em usinas eólicas e solares a serem construídas nos próximos anos, busca um novo sócio para bancar os bilionários investimentos desses projetos desde 2015, quando a norte-americana SunEdison desistiu de uma parceria que injetaria quase 14 bilhões de reais na companhia.

O caixa da Renova, braço de energia renovável da Cemig, fechou o primeiro trimestre com apenas 238 milhões de reais, diante de cerca de 1 bilhão de reais em dívidas com vencimento em até 12 meses, mesmo após um aporte de 200 milhões de reais feito na companhia pela Cemig.

Segundo uma das fontes, a Renova pretende tomar vantagem de um mecanismo criado pelo governo para aliviar sobras de energia contratada pelas distribuidoras do país.

Como o consumo tem caído devido à crise econômica, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) autorizou as distribuidoras a fechar acordos para reduzir o volume de energia comprada de geradores.

A Renova pretende utilizar esse mecanismo, chamado de "MSCD de Energia Nova", para diminuir o volume de energia negociada junto às distribuidoras por suas usinas já em operação e renegociar essa produção no mercado livre de eletricidade, no qual grandes indústrias e comercializadores fecham contratos diretamente com os geradores.

A projeção da Renova é de que será possível obter melhores preços para a energia no ambiente livre, no qual tem havido grande demanda por energia renovável.

"O que pode dar um alívio é o MSCD de Energia Nova. Podemos reduzir contratos de leilões de energia nova e usar... no mercado livre. Vai salvar o segundo semestre", afirmou a fonte.

O mecanismo de redução contratual envolverá renegociação de contratos no período de julho a dezembro de 2016 e terá os resultados anunciados em 29 de agosto, segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), responsável por intermediar o processo.

Urgência

A situação financeira da Renova tem piorado com a demora nas conversas para a entrada de um novo sócio na companhia. A expectativa inicial era de que a transação fosse concluída até o final do primeiro semestre. Em junho, fontes disseram que esperavam fechar negócio até setembro.

Questionada sobre o andamento das negociações, uma fonte na Renova disse que elas "estão andando normalmente", mas não quis dar previsões sobre quando um acordo poderia ser fechado.

As units da companhia, que iniciaram a sessão estáveis, passaram a cair após a publicação da reportagem e operavam em baixa 1,7 por cento às 12:13.

A injeção de recursos por um novo investidor é vista como uma saída para a Renova diante da escassez de recursos também em sua controladora Cemig, que está fortemente endividada e tem inclusive buscado vender ativos para reduzir a alavancagem, que já exigiu renegociação com credores.

Diante desse cenário, a demora na busca por um novo parceiro tem levantado preocupação no mercado sobre a possibilidade de a Renova precisar apelar a uma recuperação judicial, segundo uma fonte do setor financeiro.

Uma fonte na Renova disse que a hipótese de recuperação judicial já foi discutida na companhia, mas não é do interesse da Cemig.

Uma segunda fonte na empresa também negou a possibilidade fiando-se na controladora. "Isso não tem sentido. Uma empresa que tem um acionista como a Cemig não tem esse risco", afirmou.

A fonte admitiu, no entanto, que a entrada de um novo sócio seria "uma das soluções" possíveis para a crise de caixa da Renova.

Procuradas, Cemig e Renova não comentaram a informação. Além da Cemig, a Renova tem como sócia a Light, que também é controlada pela elétrica mineira, e o braço de participações do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDESPar).

Inicialmente, a participação da Light na Renova seria comprada pela SunEdison, que também levaria junto outros ativos da companhia de renováveis.

Mas a empresa desistiu do negócio em meio a uma crise financeira e pouco depois entrou com pedido de proteção contra credores nos Estados Unidos.

Após a desistência dos norte-americanos, fontes afirmaram que as chinesas State Grid, Three Gorges e CGGC estariam entre os interessados no ativo.

Procurada, a Three Gorges disse que está "sempre atenta a oportunidades" no país, nas áreas de energia hidrelétrica, solar e eólica, mas não comenta "rumores de mercado". A State Grid não quis comentar. A CGGC não respondeu imediatamente.

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São Paulo - A Renova Energia, controlada pela Cemig , tentará gerar caixa por meio de uma realocação de contratos, em meio a uma falta de recursos e à demora nas negociações para a entrada de um novo sócio que injete dinheiro na companhia, afirmaram à Reuters duas fontes com conhecimento do assunto.

O dinheiro, a ser obtido por meio de uma manobra que se vale de uma recente mudança regulatória, bancaria custos ao menos até o final do ano, disse uma das fontes, na condição de anonimato, sem citar valores.

A empresa quer reduzir contratos com distribuidoras que têm sobras de energia e revender a produção no mercado livre de eletricidade, onde os preços estão mais altos.

A elétrica, que possui mais de 1 gigawatt em usinas eólicas e solares a serem construídas nos próximos anos, busca um novo sócio para bancar os bilionários investimentos desses projetos desde 2015, quando a norte-americana SunEdison desistiu de uma parceria que injetaria quase 14 bilhões de reais na companhia.

O caixa da Renova, braço de energia renovável da Cemig, fechou o primeiro trimestre com apenas 238 milhões de reais, diante de cerca de 1 bilhão de reais em dívidas com vencimento em até 12 meses, mesmo após um aporte de 200 milhões de reais feito na companhia pela Cemig.

Segundo uma das fontes, a Renova pretende tomar vantagem de um mecanismo criado pelo governo para aliviar sobras de energia contratada pelas distribuidoras do país.

Como o consumo tem caído devido à crise econômica, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) autorizou as distribuidoras a fechar acordos para reduzir o volume de energia comprada de geradores.

A Renova pretende utilizar esse mecanismo, chamado de "MSCD de Energia Nova", para diminuir o volume de energia negociada junto às distribuidoras por suas usinas já em operação e renegociar essa produção no mercado livre de eletricidade, no qual grandes indústrias e comercializadores fecham contratos diretamente com os geradores.

A projeção da Renova é de que será possível obter melhores preços para a energia no ambiente livre, no qual tem havido grande demanda por energia renovável.

"O que pode dar um alívio é o MSCD de Energia Nova. Podemos reduzir contratos de leilões de energia nova e usar... no mercado livre. Vai salvar o segundo semestre", afirmou a fonte.

O mecanismo de redução contratual envolverá renegociação de contratos no período de julho a dezembro de 2016 e terá os resultados anunciados em 29 de agosto, segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), responsável por intermediar o processo.

Urgência

A situação financeira da Renova tem piorado com a demora nas conversas para a entrada de um novo sócio na companhia. A expectativa inicial era de que a transação fosse concluída até o final do primeiro semestre. Em junho, fontes disseram que esperavam fechar negócio até setembro.

Questionada sobre o andamento das negociações, uma fonte na Renova disse que elas "estão andando normalmente", mas não quis dar previsões sobre quando um acordo poderia ser fechado.

As units da companhia, que iniciaram a sessão estáveis, passaram a cair após a publicação da reportagem e operavam em baixa 1,7 por cento às 12:13.

A injeção de recursos por um novo investidor é vista como uma saída para a Renova diante da escassez de recursos também em sua controladora Cemig, que está fortemente endividada e tem inclusive buscado vender ativos para reduzir a alavancagem, que já exigiu renegociação com credores.

Diante desse cenário, a demora na busca por um novo parceiro tem levantado preocupação no mercado sobre a possibilidade de a Renova precisar apelar a uma recuperação judicial, segundo uma fonte do setor financeiro.

Uma fonte na Renova disse que a hipótese de recuperação judicial já foi discutida na companhia, mas não é do interesse da Cemig.

Uma segunda fonte na empresa também negou a possibilidade fiando-se na controladora. "Isso não tem sentido. Uma empresa que tem um acionista como a Cemig não tem esse risco", afirmou.

A fonte admitiu, no entanto, que a entrada de um novo sócio seria "uma das soluções" possíveis para a crise de caixa da Renova.

Procuradas, Cemig e Renova não comentaram a informação. Além da Cemig, a Renova tem como sócia a Light, que também é controlada pela elétrica mineira, e o braço de participações do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDESPar).

Inicialmente, a participação da Light na Renova seria comprada pela SunEdison, que também levaria junto outros ativos da companhia de renováveis.

Mas a empresa desistiu do negócio em meio a uma crise financeira e pouco depois entrou com pedido de proteção contra credores nos Estados Unidos.

Após a desistência dos norte-americanos, fontes afirmaram que as chinesas State Grid, Three Gorges e CGGC estariam entre os interessados no ativo.

Procurada, a Three Gorges disse que está "sempre atenta a oportunidades" no país, nas áreas de energia hidrelétrica, solar e eólica, mas não comenta "rumores de mercado". A State Grid não quis comentar. A CGGC não respondeu imediatamente.

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