Economia

Pós-pandemia: como será a globalização e a conexão entre empresas e países

Os fluxos de investimento estrangeiro, que refletem as empresas que pretendem comprar, construir ou reinvestir em operações no exterior, podem cair até 40%

Aviões estacionados: O número de pessoas que viajaram para outros países pode apresentar queda de 70% em 2020 (Germano Lüders/Exame)

Aviões estacionados: O número de pessoas que viajaram para outros países pode apresentar queda de 70% em 2020 (Germano Lüders/Exame)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 9 de dezembro de 2020 às 10h30.

Durante alguns meses, o mundo ficou menos conectado. O fluxo de pessoas entre os países caiu drasticamente, com a redução de mais de 90% nas as viagens de avião e fechamento de fronteiras para conter a contaminação. O mesmo aconteceu com o comércio global de produtos e o fluxo de dinheiro entre países e investidores.

De acordo com a pesquisa DHL Global Connectedness Index 2020” (Índice de Conectividade Global - GCI), feita pela empresa de transporte e logística alemã, o índice de conectividade deve ser menor em 2020 que no ano passado - mas não deve chegar aos níveis da crise econômica global de 2008 a 2009. E, quanto mais os países estão conectados entre si, mais rapidamente devem se recuperar da queda, avalia a DHL.

"Uma conexão global mais forte pode acelerar a recuperação mundial após a pandemia da covid-19, pois os países que se conectam mais aos fluxos internacionais tendem a beneficiar de um crescimento económico mais rápido", diz o autor principal da pesquisa, Steven Altman, pesquisador e diretor da iniciativa da DHL sobre a globalização na Stern School of Business da Universidade de Nova York. 

O Brasil está pouco inserido nessa conectividade global. O país está em 60° lugar no ranking feito pela empresa, entre Brunei e Jordânia. Os cinco países mais conectados do mundo são a Holanda, Cingapura, Bélgica, Emirados Árabes Unidos e Irlanda. Entre os 15 países mais conectados, apenas Cingapura e Emirados Árabes não estão na Europa. Olhando apenas para a América do Sul, Central e Caribe, apenas o Chile está à frente do Brasil, na posição de número 47.

O número de pessoas que viajaram para outros países pode apresentar queda de 70% em 2020, de acordo com a mais recente previsão da ONU. O turismo internacional provavelmente não retornará ao seu nível pré-pandémico antes de 2023. 

O Brasil está em 60° lugar no ranking de conectividade global feito pela DHL.

Os fluxos de capital foram atingidos mais intensamente. Os fluxos de investimento estrangeiro direto (IED), que refletem as empresas que pretendem comprar, construir ou reinvestir em operações no exterior, podem cair de 30% a 40% neste ano, também conforme projetado pela ONU.

Já os fluxos de informação digital tiveram um rápido crescimento, uma vez que a pandemia levou o trabalho, o entretenimento e a educação para a esfera on-line. As pessoas e empresas apressaram-se para se manter conectadas digitalmente, levando a aumentos de dois dígitos no tráfego de internet global.

É improvável, porém, que esses efeitos se mantenham no longo prazo e que a pandemia diminua o nível de conectividade geral do mundo abaixo de onde estava durante a crise financeira de 2008 e 2009. Os fluxos de comércio e de capital já começaram a recuperar e os fluxos de dados internacionais tiveram um grande aumento durante a pandemia, já que o contato pessoal foi substituído pelo mundo on-line, aumentando o tráfego internacional de internet, telefonemas e comércio eletrónico.

"A atual crise mostrou quão indispensáveis as conexões internacionais são para a manutenção da economia global, para a proteção do sustento das pessoas e no auxílio ao fortalecimento dos níveis de comércio das companhias", afirma John Pearson, presidente global da DHL Express, em nota. "Cadeias de suprimento e redes logísticas conectadas possuem um papel essencial para a manutenção do funcionamento do mundo e estabilização da globalização.”

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