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Portugal Telecom já é mais importante para Oi que BrT, dizem analistas

Eventual rejeição dos acionistas da BrT à troca de ações não causaria danos graves ao dia-a-dia da operadora, segundo o mercado

Oi: acionistas minoritários fazem barulho, mas não prejudicam operação da empresa (.)
DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h38.

São Paulo - Na manhã desta quarta-feira (16/6), uma assembleia geral de acionistas da Brasil Telecom (BrT) vai decidir se aprova os novos termos da troca de ações com a Oi. Uma rejeição representaria mais uma tentativa frustrada da operadora conduzida por Luiz Eduardo Falco de concluir a união com a BrT, adquirida em abril de 2008 por 5,9 bilhões de reais. Mas, ao contrário das outras vezes, isso não seria visto de modo tão negativo pelo mercado, por um fato novo: o eventual interesse da Portugal Telecom em entrar no capital da Oi. "A Oi é um bom investimento, e os portugueses chegariam com uma estratégia de longo prazo para a empresa", afirma o analista Raul Aguirre, da consultoria A.T.Kearney.

É cada vez maior, no mercado, a aposta de que a venda da fatia da Portugal Telecom na Vivo à Telefônica é apenas uma questão de tempo. Basta que os espanhóis apresentem uma boa oferta para o negócio ser fechado. Para não perder espaço no mercado brasileiro de telefonia – um dos que mais crescem no mundo -, o passo seguinte dos portugueses seria investir na Oi, segundo a avaliação do mercado. Mesmo que a Oi não complete no curto prazo a integração com a BrT, não haveria problemas para que a Portugal Telecom entrasse em seu capital. "A questão dos minoritários pode ser resolvida depois", afirma Aguirre.

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Efeitos da rejeição

Se uma negativa dos acionistas da BrT na assembléia desta quarta não é um empecilho para um possível desembarque da Portugal Telecom na Oi, também pesaria pouco no dia-a-dia da operadora. Na prática, a empresa e a BrT já atuam de modo integrado. Assim, a Oi continuaria com os investimentos em expansão em telefonia móvel, internet, banda larga e TV.

Isso não quer dizer que um mau resultado na assembléia desta quarta seria indolor. O primeiro são os custos de manter duas empresas listadas na bolsa. Ao trocar as ações da BrT pelas da Oi, o objetivo final da operadora seria cancelar o registro de capital aberto da BrT. "Quando há uma aquisição desse porte, é normal que uma das empresas deixe a bolsa", afirma a analista Kelly Trentin, da Spinelli Corretora. Além de simplificar a estrutura de capital, a medida tem um caráter prático: cortar custos com estruturas de supervisão do mercado, divulgação de documentos, etc. Uma fonte da operadora estima que se a troca de ações for aprovada, a Oi poderá economizar 25 milhões de reais por ano com despesas administrativas.


Continuar arcando com despesas como essa mostra que a rejeição da oferta dificultaria que as sinergias entre as duas empresas fossem totalmente exploradas. Até o primeiro trimestre, a união da Oi com a BrT gerou sinergias avaliadas em 1,1 bilhão de reais.

O valor de mercado da empresa também cresceria, se a fusão fosse completada. Hoje a Oi vale 12 bilhões e poderia subir 600 milhões com uma estrutura societária mais simples. "A alta seria por conta da eliminação do mal estar da governança corporativa e de mais ganhos com sinergia", diz Kelly. Com ela concorda o analista Eduardo Tude, da consultoria Teleco: "A rejeição dos termos pode dificultar a captação de recursos. É uma empresa apenas com muitos papéis em bolsa. Fica confuso para o mercado".

Acionistas divididos

A troca de ações foi acordada ainda na época do anúncio da aquisição, quando a relação proposta era de uma ação ordinária da BrT por 0,41 ação ordinária da Telemar; e de uma ação preferencial da BrT por 0,25 ação preferencial da Oi. O que parecia simples se tornou um grande problema a partir de janeiro. A Oi anunciou um aumento inesperado de 1,235 bilhão de reais nas provisões destinadas ao pagamento de pendências judiciais da BrT, que chegaram a 2,33 bilhões de reais.

O esqueleto descoberto na BrT foi gerado pelo plano de expansão da telefonia, vigente entre 1980 e 1990. Ao adquirir uma linha, o assinante receberia em troca ações da Telebrás, holding a que estavam submetidas as estatais telefônicas.

A revisão dos termos de troca dividiu os acionistas. No final de maio, o fundo carioca Pólo Capital, que tem cerca de 4% das ações da BrT, se posicionou contra as novas condições. Segundo ele, o efeito da provisão recai apenas sobre os acionistas minoritários. Ele ainda disse desconfiar do processo conduzido pelo Credit Suisse. Já o fundo holandês Cyrte, por exemplo, está de acordo com a revisão dos termos. Detentor de quase 10% das ações da BrT, a opinião do fundo é de que a operação aumentará a liquidez das ações.

Para a Oi, a possibilidade de rever as condições de troca não existe. Segundo uma fonte da operadora ouvida pelo site EXAME, os acionistas contrários só têm a perder. "Eles precisam entender que, com uma estrutura societária mais simples, teriam participação no lucro da empresa toda, e não apenas no da BrT", diz a fonte. "São acionistas que ganham na arbitragem dos papéis e não têm visão de longo prazo."


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