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Por que o prejuízo da Usiminas não incomoda ninguém

Empresa perdeu 86,5 milhões de reais no último trimestre – menos do que o esperado por grande parte do mercado; reviravolta na gestão vem agradando os acionistas

Fábrica da Usiminas: prejuízo de 86,5 milhões no trimestre foi menor que o esperado (Nelio Rodrigues/Agência Primeiro Plano/Veja)

Fábrica da Usiminas: prejuízo de 86,5 milhões no trimestre foi menor que o esperado (Nelio Rodrigues/Agência Primeiro Plano/Veja)

DR

Da Redação

Publicado em 31 de julho de 2012 às 13h30.

São Paulo - Na noite de ontem, a Usiminas divulgou um prejuízo líquido de 86,5 milhões de reais no último trimestre, ante lucro de 157 milhões registrado em igual período do ano passado. Mas pouca gente parece ter ligado para o tamanho da diferença registrada na última linha do balanço. As ações da companhia, que fecharam o pregão em forte alta depois do Goldman Sachs publicar relatório recomendado a compra dos papéis, abriram a terça no azul. O motivo está diretamente ligado à reviravolta na gestão da empresa, colocada em prática depois da compra de fatia da Usiminas pela Ternium.

Agora, a ordem é reduzir custos e capital de giro, aumentando, ao mesmo tempo, a eficiência operacional e o valor agregado dos produtos vendidos. Não por acaso, as despesas totais caíram 24% em relação aos três primeiros meses do ano, chegando a 159,1 milhões de reais. Por outro lado, o ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) subiu 22,3%, batendo em 232,2 milhões de reais.

Para se ter uma ideia da dimensão do plano, a Usiminas diminuiu o capital de giro em 938 milhões de reais no primeiro semestre, como resultado de um plano de reestruturação que envolveu a redução de estoques, além da diminuição do tempo médio de contas a receber e o alongamento dos prazos para as contas a pagar.

"A estratégia de fortalecer a competitividade da empresa começou a dar resultados", resumiu Julian Eguren, presidente trazido da direção da Ternium. Em conferência à analistas nesta terça, o executivo ressaltou que a empresa operou em um nível de produtividade superior, mesmo com a contração da demanda interna. Por isso, aumentou as vendas em 7% no país. O volume total de vendas subiu ainda mais: 25% em relação ao primeiro trimestre de 2012.


Excesso de ceticismo

Os analistas Marcelo Aguiar e Diogo Miura, do Goldman Sachs, lembraram que as ações da companhia caíram vertiginosamente nos últimos tempos e que os investidores ficaram céticos - até demais - a respeito das perspectivas de melhoria de rentabilidade.

Para eles, no entanto, a melhoria das margens operacionais virá no médio prazo, ancorada sobretudo "na redução do quadro de trabalhadores, na economia com compras, no corte de despesas, na redução de capital de giro e no aumento das exportações com as vendas da Ternium na Colômbia, Argentina, México e América Central."

Daqui para frente a empresa também deve engordar suas margens com o aumento de preços. No início de julho, os valores sofreram um ajuste de 5% a 7% na rede de distribuição, que responde por 30% do negócio da Usiminas. Os outros 70% vêm dos clientes industriais, que deverão ser impactados nos próximos meses.

"Na indústria automotiva, prevalecem contratos de longo prazo, geralmente de um ano. Nossa política será cumpri-los", ressaltou Sergio Leite, diretor vice-presidente de siderurgia. "Para o restante da indústria estamos em processo de negociação para aplicação do aumento no terceiro trimestre, entre os meses de agosto a setembro."

Em conferência, a Usiminas afirmou que seus investimentos em 2012 deverão ficar em torno de 2 bilhões de reais, ante expectativa que orbitava entre 2,5 e 2,7 bilhões divulgada no fim do ano passado. 

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