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Por que não dá para comprar a Osklen, sem ficar com o Oskar

Seja quem for o comprador da grife carioca, a permanência de seu fundador, Oskar Metsavaht, é fundamental para a sua sobrevivência e expansão, segundo especialistas

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Oskar Metsavat, da Osklen: a marca nasceu em 1986, vendendo roupas de frio, em Búzios

Oskar Metsavat, da Osklen: a marca nasceu em 1986, vendendo roupas de frio, em Búzios

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Marcio Orsolini

Publicado em 17 de outubro de 2011, 09h03.

São Paulo – A Osklen já admitiu publicamente que busca um comprador ou, pelo menos, um parceiro. Interessados em ficar com a grife não faltam, e a própria empresa afirma que conversa com três emissários -- um dos Estados Unidos, um da Europa e um do Brasil. Mas, qualquer que seja o desfecho do negócio, um ponto parece consenso entre os especialistas: a Osklen não seria mais a mesma sem Oskar Metsavaht, seu fundador e médico de formação.“Ele não é só um estilista, mas também a pessoa que imprimiu uma marca muito particular na empresa”, diz Luciane Robic, diretora de marketing do Instituto Brasileiro de Moda (IBModa). 

Osklen vai, mas Oskar fica – Um dos ativos mais importantes para uma empresa de moda é a criatividade. Na Osklen, Oskar Metsavaht conseguiu transformar o estilo de vida brasileiro – em especial, dos cariocas – numa marca global. Hoje, a Osklen tem 41 lojas no Brasil, três lojas em Portugal, duas lojas em Milão, uma em Nova York, Tóquio, Roma e Genebra, além de showroom na Itália, Espanha, Grécia, Portugal e de exportar para Bélgica, Chile e Oriente Médio.

“É essencial que ele fique no negócio para não descaracterizar a marca”, diz Silvio Passarelli, diretor do MBA de Gestão de Luxo da FAAP. “O risco é tornar a empresa apenas focada em resultados financeiros; na moda, há outros valores também.” Um dos exemplos recentes mais catastróficos do risco de buscar apenas o lucro é a saída da marca Isabela Capeto do portfólio da InBrands, em abril deste ano, depois de três anos de associação. 

A estilista que dá nome à marca chegou a afirmar: “Estou arrasada. Quero meu negócio de volta”. Isso porque Isabela cedeu apenas a marca, que acabou sendo prejudicada sem ter a presença constante de sua criadora, tendo até que fechar as duas lojas em São Paulo, ficando apenas com uma unidade no Rio de Janeiro. “A Osklen é sedutora por conta de seu processo criativo”, diz Luciane, da IBModa.

Todo mundo de olho - O assédio à grife carioca acontece há tempos, mas só agora a empresa confirma que está, de fato, em negociação. Entre os possíveis compradores, estão o conglomerado francês PPR e a brasileira Alpargatas. Dono de marcas de luxo como Gucci, Yves Saint-Laurent e Balenciaga, a PPR já teve conversas com a empresa tempos atrás. Na opinião de Luciane, do IBModa, a associação seria interessante. “É um grupo internacional com fortes marcas de luxo, e esse é o objetivo da Osklen” diz. Além disso, o grupo tem dinheiro suficiente. Em 2010, o PPR teve receita de 14,6 bilhões de dólares. 


Pela mesma lógica, entraria na disputa pela empresa carioca o grupo LVMH, dono da Louis Vuitton, que começou como oficina de malas no subúrbio parisiense e se transformou no maior conglomerado de marcas de luxo do mundo, com faturamento de 20 bilhões de euros em 2010. Ficariam de fora fundos como o europeu Cofra, controlador da C&A, e a brasileira InBrands, que já pôs no bolso marcas como a Ellus, além de Isabela Capeto, e os fundos americanos. “O mercado dos Estados Unidos é muito diferente. Os fundos americanos são muito conservadores e não conduzem suas marcas para o luxo”, diz Passarelli, da FAAP.

A brasileira Alpargatas já tem experiência no mercado. “Ela conseguiu fazer da Havaianas um produto premium. É uma experiência concreta de qualificação”, avalia Passarelli. Obviamente, quando comparadas às de gigantes mundiais, as finanças da Alpargatas são muito mais modestas. No segundo trimestre deste ano, a empresa teve lucro líquido de 73,9 milhões de reais – um salto de 28% em relação a lucro líquido ajustado em igual período de 2010. 

A Osklen não divulga seu faturamento, mas parece improvável que ela esteja com problemas financeiros. Estimativas apontam que a empresa faturou 280 milhões de reais no ano passado – um salto de 30% em relação a 2009. Ainda assim, a associação com um grupo significará uma injeção de capital maior para expandir a empresa. “Os novos investimentos seriam para reforçar o foco no luxo, para desenvolver novos produtos, abrir novas lojas, tudo com um marketing pesado” avalia Luciane. A depender da parceria traçada, a Osklen tem a chance de se tornar a mais bem sucedida marca de luxo brasileira.

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