Gandini, presidente da Kia: poderíamos ter vendido mais de 100.000 automóveis neste ano (Germano Lüders/EXAME.com)
Daniela Barbosa
Publicado em 16 de dezembro de 2011 às 05h00.
São Paulo – No balanço feito pela montadora Kia sobre seu desempenho no Brasil, 2011 foi bom, mas poderia ter sido muito melhor. A companhia deve fechar o ano entre as que mais cresceram no país, com cerca de 80.000 veículos vendidos e 50% maior na comparação com 2010.
“Mas poderíamos ter vendido mais de 100.000 automóveis”, disse José Luiz Gandini, presidente da montadora no Brasil, em entrevista exclusiva a EXAME.com. “Só não conseguimos, porque não deu para aumentar o volume de importação”, afirmou.
Segundo ele, ainda não dá para prever se 2012 seguirá o mesmo ritmo de crescimento que 2011, principalmente porque, a partir desta sexta-feira, passa a valer o aumento de 30 pontos percentuais na alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos importados. “E não terá como não mexer nos valores dos nossos veículos”, afirmou.
Veja, a seguir, os principais trechos da entrevista concedida por Gandini:
EXAME.com: Por que 2011 foi tão bom para a os negócios da Kia no Brasil?
José Luiz Gandini: Vamos fechar o ano com cerca de 80.000 veículos vendidos no mercado brasileiro e estamos entre as montadoras que mais cresceram. O ano foi positivo na nossa avaliação, mas poderia ter sido melhor.
EXAME.com: Mas por que poderia ter sido melhor?
Gandini: Tínhamos potencial para vender mais de 100.000 veículos, mas não conseguimos aumentar nosso volume de importação. A cada 15 dias, eu viajava para os Estados Unidos para tentar negociar mais veículos. Hoje alguns de nossos modelos têm fila de espera.
EXAME.com: Quais seriam esses modelos?
Gandini: O novo Picanto, nosso veículo de entrada, é um sucesso. Fizemos o lançamento entre agosto e setembro e hoje existe fila de pelo menos três meses. O Sportage, com teto solar, na cor branca é outro modelo com bastante procura e lista de espera, e olha que este modelo custa 112.000 reais.
EXAME.com: O sucesso da Kia no Brasil se repete em outros mercados?
Gandini: Sim. Neste ano, a Kia vai crescer mais de 20% e o bom desempenho está atrelado aos novos produtos da companhia, que desde 2006, com a chegada de Peter Schreyer, diretor de designer, mudou. Hoje, nossos carros são objetos de desejo.
EXAME.com: Quais foram as principais ações de vocês no mercado brasileiro neste ano?
Gandini: Neste ano, além dos lançamentos, expandimos nossa rede de concessionárias, com mais 25 novos pontos de vendas, chegando a 160 redes de concessionárias.
EXAME.com: O IPI vai atrapalhar os planos da Kia no Brasil?
Gandini: Esse aumento de IPI é um absurdo e será impossível não mexer na nossa tabela de preços, mas vamos tentar fazer a menor alteração possível. Já estamos reduzindo custos, negociando com nossa rede de concessionários e diminuindo margens para que o impacto não seja tão grande. Vamos continuar competindo com o segmento de importados.
EXAME.com: E das montadoras chinesas, vocês têm algum receio?
Gandini: As montadoras chinesas não impactam nossos negócios, pois elas atuam em um segmento diferente do nosso. No Brasil, elas competem com as grandes companhias instaladas no país.
EXAME.com: O que vocês esperam para 2012?
Gandini: O próximo ano será difícil para todo mundo, mas vamos continuar confiantes. Acreditamos na nossa marca.
EXAME.com: E quais serão as novidades da Kia para o próximo ano?
Gandini: Em março, vamos lançar o Optima e a primeira versão do modelo Sportage flex . A partir do próximo ano também, alguns dos nossos modelos tops de linha já saíram de fábrica com GPS de série.