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Por que a Hypermarcas pode ser mais forte em remédios e higiene pessoal

Companhia terá a seu favor clientes mais pulverizados, ao focar nestes dois segmentos e menos em outros mercados

Hypermarcas: empresa vai ficar apenas com dois de suas quatro divisões de negócios: medicamentos e higiene pessoal (Lia Lubambo)

Hypermarcas: empresa vai ficar apenas com dois de suas quatro divisões de negócios: medicamentos e higiene pessoal (Lia Lubambo)

Daniela Barbosa

Daniela Barbosa

Publicado em 24 de outubro de 2011 às 08h55.

São Paulo – A Hypermarcas acertou, neste sábado, a venda das marcas Assim e Mat Inset para a Flora, controlada pelos donos do JBS, conforme apurou EXAME. Trata-se de mais um passo na reestruturação do portfólio da Hypermarcas, que nasceu em 2002 com a intenção de ser a "Unilever brasileira", em alusão à gigante anglo-holandesa de bens de consumo.

Ainda está em negociação a marca Assolan, de palhas de aço. Há tempos, também, a empresa busca um comprador para a marca Etti. Ao final, a companhia deve se concentrar nas áreas de higiene pessoal e medicamentos. A Hypermarcas ficará menor, mas atuará em setores onde terá maior poder de barganha, segundo os analistas – ou seja, no final das contas, pode sair mais forte de tudo isso.

Clientes menores

Priorizar os setores de medicamento e higiene pessoal traz algumas vantagens à Hypermarcas, segundo os especialistas. Além de complementares, são setores nos quais o varejo cresce a passos bem mais largos, na comparação com o varejo de alimentos, que já está consolidado no país, diz Eugenio Foganholo, consultor de varejo.

A conta é simples. De acordo com a Associação Brasileira de Supermercados, em 2010, as três maiores redes do país (Pão de Açúcar, Carrefour e Walmart) responderam por nada menos que 43% dos 201,6 bilhões de reais que o setor faturou. Só o grupo de Abílio Diniz, líder do setor, respondeu por 36,14 bilhões de reais, segundo a Abras. Ou seja: 15,7% do total.

Do outro lado – o das farmácias, que também podem vender produtos de beleza e higiene pessoal -, a concentração é menor. Segundo um relatório recente da corretora Fator, assinado pelos analistas Iago Whately e Caio Walter, as quatro maiores redes encerraram 2010 com uma participação de mercado conjunta de 28,5%. Além disso, 42,7% desse setor é formado por farmácias independentes, ou seja, aquelas não ligadas a nenhuma rede.

“O poder de barganha da Hypermarcas vai aumentar consideravelmente, já que o varejo farmacêutico no país é bem pulverizado, ao contrário do varejo de alimentos”, afirmou Foganholo. “No mínimo, as negociações serão bem menos estressantes do que são hoje.”


E melhorar a margem de negociação também permitiria à Hypermarcas reforçar outra margem, a de lucro, que é a que realmente importa. Segundo Francisco Kops, analista da Planner Corretora, a empresa terá condições de negociar melhor os preços com seus clientes, com reflexo direto na margem bruta e no ganho de rentabilidade.

“As negociações com a rede Farmais, por exemplo, são bem diferentes das com o grupo Pão de Açúcar”, disse.

Virar o jogo

Em um ano, a Hypermarcas viu seu valor de mercado cair pela metade. Em dezembro, a companhia era avaliada em 12,7 bilhões de reais. Hoje, ela vale pouco mais de 6,7 bilhões de reais.

O motivo é bem simples: nos últimos três anos, a Hypermarcas comprou mais de 20 companhias, algumas delas com margens bem baixas, outras com valor bem acima do mercado, segundo os analistas. E, ao mesmo tempo, contraiu dívidas.

Segundo Cauê Pinheiro, analista da SLW Corretora, a empresa acumula cerca de 2,8 bilhões de reais em dívidas, 20% delas atreladas ao dólar. “Além de ganhar mais rentabilidade focando em apenas dois segmentos do varejo, a venda de ativos vai aliviar o caixa da companhia”. Talvez seja mesmo nas farmácias que a Hypermarcas vai encontrar alívio para suas recentes dores de cabeça.

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