Por dentro da empresa que faz do Vanish ao Naldecon
A Reckitt Benckiser (RB), gigante dos produtos de limpeza e higiene pessoal, tem 33 marcas no Brasil e faturamento global de 15,4 bilhões de dólares
Karin Salomão
Publicado em 28 de fevereiro de 2018 às 08h00.
Última atualização em 28 de fevereiro de 2018 às 12h50.
São Paulo – A embalagem do tira-manchas Vanish tem uma cor bem característica, o pink. Já a cor tradicional do frasco do limpador Veja é azul.
A sede da empresa que fabrica esses produtos, no entanto, era bastante cinza e com um visual fabril. Isso porque a fábrica de alguns dos produtos da Reckitt Benckiser (RB) fica no mesmo lugar que o escritório, em São Paulo, SP.
Inaugurado em 1997, o escritório se alterou pouco nas últimas décadas, ainda que a empresa tenha mudado bastante.
O ambiente da companhia não refletia essas mudanças nem os valores da empresa. Por isso, em 2016 a empresa iniciou um projeto para reformar todo o espaço.
O site EXAME visitou a sede depois da reforma. Confira nas imagens a seguir a nova cara do escritório da RB.
A empresa começou em 1819, em uma cidade na Inglaterra, com um moinho criado pelos irmãos Isaac e Thomas Reckitt. Em 1823, Johann Benckiser fundou uma empresa de produtos químicos industriais, que levava seu sobrenome.
As duas empresas só se fundiram em 1999. Em 2014, foi criada a nova marca RB, com Health, Hygiene and Home abaixo. No Brasil, a Reckitt & Colman chegou em 1923, sob o nome de Atlantis.
A RB (Reckitt Benckiser) é uma empresa global em bens de consumo para a saúde e higiene, com sede na Inglaterra. Apesar da RB ser uma empresa multinacional, no Brasil, grande parte de suas maiores marcas são de origem brasileira nas duas unidades de negócio, como Veja, SBP, Destac, Poliflor (HyHo) e Luftal, Naldecon, Jontex e Olla (Health).
Nos últimos 10 anos a RB realizou importantes investimentos no mercado brasileiro, como as aquisições de diversas marcas.
No Brasil desde 1923, a empresa realizou importantes aquisições como a Air Wick em 1985, a SBP em 2003, a Durex em 2010 e a Megared em 2012.
Em 2016, trouxe algumas das marcas da BMS para a casa: Luftal, Naldecon e Dermodex. No mesmo ano, adquiriu as marcas Olla, Jontex e Lovetex, da Hypermarcas, por 675 milhões de reais.
Também investiu em comércio eletrônico dos itens de limpeza e higiene pessoal. A expectativa é que as vendas por e-commerce representem 10% do faturamento no Brasil até 2020.
Com a aquisição global da Mead Johnson em 2017, por 16 bilhões de dólares, a RB reorganizou seus negócios globalmente para ter melhores resultados ao estabelecer duas Unidades de Negócio focadas e independentes: Health (Saúde) e Hygiene & Home (Higiene e Casa).
Hoje, a empresa tem 33 marcas no Brasil, agrupadas em duas divisões, a de produtos para casa e higiene e a de saúde. Entre seus produtos, estão Veet, Naldecon, Veja, Harpic, Air Wick, Mortein, SBP, Vanish, Destac e Durex.
A empresa tem escritórios e fábricas em 60 países e 40 mil funcionários em todo o mundo, com faturamento global de 11 bilhões de libras, ou 15,4 bilhões de dólares.
No Brasil, a sede fica na Rodovia Raposo Tavares, onde são fabricados produtos de higiene e casa como Veja, Vanish, SBP, Airwick Bom Ar, Harpic, entre outros. Já na fábrica de São Roque são produzidos os preservativos.
Com tantas transformações na companhia, o espaço em São Paulo também precisava de uma renovada. “Percebíamos que havia uma insatisfação com o ambiente, que não tinha a cara jovem dos nossos produtos", afirmou Priscila Cruz, diretora de compliance e jurídico da América Latina.
O projeto começou em 2016, encabeçado pelas equipes de facilities e de marketing, e as primeiras reformas foram iniciadas em abril de 2017. Os últimos detalhes ficaram prontos no fim de 2017.
Uma das principais preocupações era atualizar o paisagismo. O ambiente já era bastante arborizado, mas faltava planejamento. Logo na entrada, há um grande jardim onde os funcionários podem se deitar no horário de almoço. Toalhas e almofadas estampadas com as marcas da RB são oferecidas para mais conforto.
Também há um grafite do artista Eduardo Kobra, para aumentar a sensação de ambiente informal, colorido e inovador. A parede em que o grafite foi feito é de uma sala de reunião.
Para apreciar os resultados do paisagismo, as salas de reunião ganharam janelas maiores, voltadas para o jardim. “Ao invés de ambientes fechados e sufocantes, as salas hoje ajudam a inspirar as equipes, com uma bela vista”, afirmou a diretora.
Uma vez por semana, os funcionários podem escolher almoçar em dois food trucks que estacionam no jardim da RB. As opções mudam a cada semana.
A melhoria da segurança era um dos pedidos dos funcionários. Como a companhia fica ao lado da Rodovia Raposo Tavares, muitos usam ônibus para chegar ao local de trabalho. No entanto, o ponto de ônibus não é muito seguro, com ocorrências de assaltos.
Por isso, a empresa criou uma sala de espera, do lado de dentro da companhia. Um sistema, desenvolvido em parceria com a startup Scipopulis, avisa quais ônibus serão os próximos a passar no ponto e quando é a hora de sair para pegar o coletivo.
A sala tem ar condicionado, tomada e wi-fi.
Outra opção de alimentação ao ar livre é este pequeno café, construído em uma área em que antes havia apenas algumas árvores. O fornecedor dos quitutes é a padaria paulistana Dona Deôla.
As árvores antigas foram mantidas e o ambiente ainda ganhou uma jabuticabeira, para espalhar sombra nos dias mais quentes.
A Dona Deôla também ganhou um café maior, apenas com alimentos saudáveis.
Além de serem espaços para alimentação, os novos cafés e jardins servem para conversar, marcar reuniões e colaborar com outros funcionários, enfim, trabalhar longe da mesa.
Para Cruz, isso reflete a cultura dinâmica e de empreendedorismo da empresa, que incentiva funcionários a sugerirem novos produtos ou ações e dá autonomia a eles para tomarem decisões.
Para completar as opções de alimentação, o refeitório fornece buffet de massas e saladas, entre outros. A reforma do refeitório foi uma das etapas mais trabalhosas, conta Priscila Cruz. Como os funcionários não podiam ficar sem a alimentação, enquanto o refeitório era adaptado foi montada uma tenda, que precisava seguir diversas especificações de segurança alimentar.
Além dos dois cafés Dona Deôla no térreo, os andares de trabalho também têm pequenas copas para lanches rápidos. Há frutas frescas disponíveis todos os dias, como maçãs ou bananas.
Para incentivar o uso dos novos espaços pelos funcionários, a liderança marca reuniões e conversas fora de ambientes tradicionais e pode ser vista trabalhando em um café, por exemplo.
A academia foi outro acréscimo pensado no bem-estar dos funcionários. A mensalidade é de acordo com o salário: quem recebe mais paga mais caro pela mensalidade e vice-versa.
Aqui também funciona, a cada 15 dias, o laboratório A+ do grupo Fleury, para exames e consultas.
O escritório é ao lado da fábrica de diversos produtos. Os funcionários que trabalham na área fabril têm um espaço próprio para descansar e relaxar entre os turnos, com mesa de pingue-pongue, pebolim e almofadas para um cochilo.
A RB criou uma loja laboratório para avaliar a recepção de seus produtos e lançamentos e substituir algumas das pesquisas realizadas em mercados, que costumam ser caras.
A empresa contratou uma supervisora de loja, atendentes de caixa e promotores que repõem o estoque de loja. Aberta a funcionários e visitantes, a circulação média de pessoas no laboratório é de 150 pessoas por dia, com cerca de 120 tickets de compra diários.
Com a inovação, a Reckitt Benckiser já economizou 100 mil reais, além de gerar renda. Ao contrário do que acontece em outras lojas internas para funcionários, os preços são uma média dos praticados no mercado, justamente para testar também a precificação.