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Aporte de R$ 50 mi, franquias e lojas de rua: o plano de João Appolinário para salvar a Polishop

Após aporte de R$ 50 milhões, fundador da Polishop avança no processo de reestruturação do negócio e quer ter mais de 20 franquias abertas ainda neste ano

João Appolinário, fundador da Polishop: "Em 2024 teremos resultados positivos novamente" (Renato Pizzutto/Divulgação)
Isabela Rovaroto

Repórter de Negócios

Publicado em 23 de março de 2024 às 07h55.

Última atualização em 23 de março de 2024 às 08h44.

A varejista de eletrodomésticos e itens para casa Polishop vai abrir franquias pela primeira vez em sua história. O novo modelo de negócio, com investimento inicial a partir de R$ 250.000, faz parte da estratégia do empresário João Appolinário para salvar o negócio que não vive seu melhor momento.

Nos últimos dois anos, a empresa de 25 anos fechou cerca de 70% de suas lojas, todas em shoppings centers. Hoje a rede conta apenas com 80 unidades. O encerramento das operações acarretou no aumentou das despesas não recorrentes e a companhia terminou 2023 no vermelho.

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Para estancar a crise, Appolinário fez um aporte de R$ 50 milhões na Polishop, abrindo espaço no caixa para pagamento de dívidas e negociações com instituições financeiras e fornecedores. "70% das dívidas com bancos já foram quitadas. Em 2024 teremos resultados positivos novamente", diz o fundador.

Com um pouco mais de fôlego, o empresário está disposto a tirar um plano antigo da gaveta. A primeira franquia da Polishop deve ser inaugurada no final de abril em São Paulo.

"Com as franquias a Polishop deixa de depender dos shoppings, ganha mais capilaridade e oferece uma boa oportunidade de investimento aos franqueados "diz João Appolinário

Os fatores que levaram a Polishop ao prejuízo

A pandemia acertou em cheio o varejo brasileiro e muitas companhias, como Casas Bahia, Marisa e Petz,enfrentaram turbulências. Da moda à linha branca, poucos foram os negócios que passaram imunes à escalada da Selic de 2% para 13%. "Assim como todo o varejo, a Polishop sofreu com a pandemia e o cenário macroeconômico", diz o executivo.

Além do aumento do endividamento, empresas também tiveram que lidar com as restrições do poder de compra do consumidor, um combo que parece se acalmar só neste início de 2024.

A Polishop também sentiu o peso de ter concentrado todas as suas lojas em shoppings centers. Com a pandemia de covid-19 e o fechamento de shoppings, Appolinário diz que houve pouco espaço para negociação enquanto o custo total de ocupação avançava dois dígitos.

Ele reconhece que, em um primeiro momento, o governo e os shoppings adotaram estratégias para ajudar os varejistas, mas nos últimos dois anos as negociações praticamente não existiram.

"Entre 2019 e 2022, a correção do IGP-M foi acima de 64%, minhas vendas não acompanharam essa alta. A operação em shoppings centers se tornou inviável em alguns casos, por isso fechamos lojas", explica.

Com a bruta redução do número de lojas, oe-commerce passou a representar 60% das vendas da Polishop.

Conhecida pelos produtos inovadores, como a frigideira e a Airfryer que dispensam o uso de óleo nos preparos, a Polishop sofreu para lançar produtos na pandemia por conta da falta de suprimentos e desenvolvimento de novas tecnologias na China. A empresa conta com um escritório no país para desenvolver produtos inéditos e buscar por fornecedores— o que ajuda ter exclusividade aqui no Brasil.

"Sem lançamentos não tem como impulsionar as vendas, trabalhamos com a oferta de produtos inovadores", explica.

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Como a Polishop quer crescer em 2024

João Appolinário, fundador da Polishop: "70% das dívidas com bancos já foram quitadas" (Renato Pizzutto/Divulgação)

Depois de "arrumar a casa", Appolinário faz planos para a Polishop voltar a crescer ainda em 2024. O lançamento de novos produtos ganhou ritmo novamente—neste ano já foram 14. Entre as principais apostas dos últimos meses está a Airfryer Vision Max, a primeira com inteligência artificial (IA) do mercado brasileiro.

"Nós nunca esquecemos que o nosso principal objetivo é desenvolver produtos inovadores que proporcionam benefícios reais para o dia a dia das pessoas", diz o executivo.

A Polishop também vai abrir pela primeira vez lojas de rua, deixando de operar apenas em shoppings centers. De acordo com o executivo, a estratégia só é possível graças ao modelo de franquias. "Com o franchising vamos conseguir abrir lojas de rua, distribuir produtos de forma mais rentável e ganhar capilaridade", diz.

Entre as empresas em seu portfólio, Appolinário tem atualmente quatro empresas que estão posicionadas no mercado de franquias, entre elas aindústria de tintas Decor Colors, que conta com mais de 450 unidades franqueadas e faturou R$ 300 milhões em 2023.

O investimento inicial da franquia da Polishop será a partir de R$ 250.000, sendo R$ 90.000 de taxa de franquia e R$ 80.000 de capital de giro e estoque. O faturamento médio mensal é estimado em R$ 160 mil, com lucratividade de até 15% e prazo de retorno de 18 meses.

As primeiras cinco lojas serão inauguradas na zona sul da capital paulista. A primeira loja está prevista para o final de abril, mas vai começar com operação própria. "Estamos testando tempo de implementação e reforma de uma loja", diz.

O projeto será apresentado em primeira mão aos empreendedores que fazem ou já fizeram parte do canal de venda direta da empresa.

A Polishop mira cidades a partir de 100.000 habitantes e que de preferência tenham lojas próprias próximas. "Queremos que as unidades próprias oferecem suporte para os franqueados", explica o empresário.

O plano da empresa para escalar o projeto de franquias prevê 23 lojas em operação neste ano.Até 2028, a expectativa é superar 300 unidades.

O desafio será o mesmo enfartado por outras varejistas: atrair pessoas para as lojas. Com o e-commerce em alta, ainda há espaço para lojas físicas? Para o empresário a resposta é sim. "As pessoas ainda gostam muito de ir até a loja experimentar os produtos, esse é um dos grandes diferenciais da Polishop", explica.

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