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Plano de Negócios da Petrobras ficou obsoleto, dizem fontes

Segundo fontes, a estatal provavelmente vai precisar cortar ainda mais o Plano de Negócios e Gestão

Petrobras: a queda dos preços do petróleo e o real fraco já tornaram o plano obsoleto, disseram duas fontes (Tânia Rêgo/Agência Brasil)
DR

Da Redação

Publicado em 10 de setembro de 2015 às 22h07.

Rio de Janeiro - A Petrobras , que reduziu em junho em 40 por cento seu plano de investimento de cinco anos, provavelmente vai precisar cortar ainda mais o Plano de Negócios e Gestão, uma vez que o crescente custo da dívida, a queda dos preços do petróleo e o real fraco já tornaram o plano obsoleto, disseram duas fontes da empresa à Reuters nesta quinta-feira.

A decisão da agência de classificação de risco Standard & Poors de rebaixar o rating de crédito soberano do Brasil para grau especulativo, na quarta-feira, foi seguida nesta quinta-feira por um rebaixamento pela S&P de dois degraus do rating em moeda estrangeira da Petrobras, para "BB" ante "BBB-", colocando a estatal dentro da faixa considerada "junk".

As fontes disseram que o rebaixamento vai elevar o custo de refinanciamento da dívida da Petrobras de mais de 130 bilhões de dólares, a maior de qualquer empresa de petróleo no mundo, e reduzir o capital disponível para a perfuração de poços, construção de plataformas e refinarias e para pagar a infraestrutura necessária para aumentar a produção de petróleo e sua receita.

"O plano de junho já está obsoleto, suas perspectivas para os preços do petróleo e os custos da dívida e o câmbio já não são realistas. O plano terá de ser mudado", disse uma das fontes.

Em nota enviada ao mercado nesta quinta-feira para comentar o rebaixamento, a Petrobras ressaltou que a "financiabilidade" dos projetos de médio prazo já foi alcançada por meio de empréstimos captados este ano com bancos no Brasil e no exterior. A empresa também ressaltou que a ação da S&P "não provocará alterações" nos contratos de financiamento vigentes, já que eles não possuem cláusulas atreladas ao rating.

Aclamado como um retorno à realidade após anos de metas de produção não cumpridas, gastos recordes e um gigante escândalo de corrupção que levou a uma baixa contábil de 17 bilhões de dólares, o plano plurianual 2015-2019 anunciado em junho reduziu a meta de investimento para 130 bilhões de dólares, ante 221 bilhões de dólares para o período 2014-2018.

Ambas as fontes pediram anonimato porque os planos da empresa ainda estão em discussão. As duas fontes também disseram que a venda planejada para este ano de até 25 por cento da BR Distribuidora é praticamente impossível agora.

Quando anunciou o seu plano de investimentos, o presidente-executivo da empresa, Aldemir Bendine, disse que a estatal provavelmente iria começar a revisar seus planos de gastos estratégicos trimestralmente, em vez de anualmente, como vinha sendo feito por mais de uma década.

O plano anunciado em junho foi baseado na expectativa de um preço médio do petróleo Brent de 60 dólares por barril em 2015 e de 70 dólares por barril de 2016 a 2019. Até agora no ano, o preço médio do Brent está em 57 dólares e os contratos futuros do Brent estão sendo negociados abaixo de 60 dólares até novembro de 2017, um sinal de que poucos investidores e traders esperam um aumento em breve.

O preço mais alto de um contrato futuro é para dezembro de 2022, cotado acima de 65 dólares o barril. O plano da Petrobras também previa um dólar médio em 2015 a 3,1 reais e de 3,26 reais em 2016. Desde então, o dólar já subiu cerca de 23 por cento, sendo cotado nesta quinta-feira a 3,85 reais.

A valorização do dólar aumenta o custo em reais do serviço da dívida, em grande parte atrelada à moeda norte-americana. A S&P foi a segunda agência de classificação de risco a colocar a dívida da Petrobras em grau especulativo neste ano. Em fevereiro, a Moody's retirou da estatal o grau de investimento.

Muitos fundos de pensão e outros grandes investidores são obrigados a vender papéis de dívida rebaixados para "junk" por duas agências. Isso pode levar a uma queda no preço da dívida existente da Petrobras e limitar o número de investidores autorizados por lei a comprar nova dívida.

A segunda fonte disse que a revisão das premissas e dos investimentos do plano é necessária. "O momento é de testar corações, é para quem tem coração forte", disse a fonte. "Obviamente que o rebaixamento é preocupante para a Petrobras e para o país como um todo. Fica mais difícil captar recursos, atrair investimentos."

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Rio de Janeiro - A Petrobras , que reduziu em junho em 40 por cento seu plano de investimento de cinco anos, provavelmente vai precisar cortar ainda mais o Plano de Negócios e Gestão, uma vez que o crescente custo da dívida, a queda dos preços do petróleo e o real fraco já tornaram o plano obsoleto, disseram duas fontes da empresa à Reuters nesta quinta-feira.

A decisão da agência de classificação de risco Standard & Poors de rebaixar o rating de crédito soberano do Brasil para grau especulativo, na quarta-feira, foi seguida nesta quinta-feira por um rebaixamento pela S&P de dois degraus do rating em moeda estrangeira da Petrobras, para "BB" ante "BBB-", colocando a estatal dentro da faixa considerada "junk".

As fontes disseram que o rebaixamento vai elevar o custo de refinanciamento da dívida da Petrobras de mais de 130 bilhões de dólares, a maior de qualquer empresa de petróleo no mundo, e reduzir o capital disponível para a perfuração de poços, construção de plataformas e refinarias e para pagar a infraestrutura necessária para aumentar a produção de petróleo e sua receita.

"O plano de junho já está obsoleto, suas perspectivas para os preços do petróleo e os custos da dívida e o câmbio já não são realistas. O plano terá de ser mudado", disse uma das fontes.

Em nota enviada ao mercado nesta quinta-feira para comentar o rebaixamento, a Petrobras ressaltou que a "financiabilidade" dos projetos de médio prazo já foi alcançada por meio de empréstimos captados este ano com bancos no Brasil e no exterior. A empresa também ressaltou que a ação da S&P "não provocará alterações" nos contratos de financiamento vigentes, já que eles não possuem cláusulas atreladas ao rating.

Aclamado como um retorno à realidade após anos de metas de produção não cumpridas, gastos recordes e um gigante escândalo de corrupção que levou a uma baixa contábil de 17 bilhões de dólares, o plano plurianual 2015-2019 anunciado em junho reduziu a meta de investimento para 130 bilhões de dólares, ante 221 bilhões de dólares para o período 2014-2018.

Ambas as fontes pediram anonimato porque os planos da empresa ainda estão em discussão. As duas fontes também disseram que a venda planejada para este ano de até 25 por cento da BR Distribuidora é praticamente impossível agora.

Quando anunciou o seu plano de investimentos, o presidente-executivo da empresa, Aldemir Bendine, disse que a estatal provavelmente iria começar a revisar seus planos de gastos estratégicos trimestralmente, em vez de anualmente, como vinha sendo feito por mais de uma década.

O plano anunciado em junho foi baseado na expectativa de um preço médio do petróleo Brent de 60 dólares por barril em 2015 e de 70 dólares por barril de 2016 a 2019. Até agora no ano, o preço médio do Brent está em 57 dólares e os contratos futuros do Brent estão sendo negociados abaixo de 60 dólares até novembro de 2017, um sinal de que poucos investidores e traders esperam um aumento em breve.

O preço mais alto de um contrato futuro é para dezembro de 2022, cotado acima de 65 dólares o barril. O plano da Petrobras também previa um dólar médio em 2015 a 3,1 reais e de 3,26 reais em 2016. Desde então, o dólar já subiu cerca de 23 por cento, sendo cotado nesta quinta-feira a 3,85 reais.

A valorização do dólar aumenta o custo em reais do serviço da dívida, em grande parte atrelada à moeda norte-americana. A S&P foi a segunda agência de classificação de risco a colocar a dívida da Petrobras em grau especulativo neste ano. Em fevereiro, a Moody's retirou da estatal o grau de investimento.

Muitos fundos de pensão e outros grandes investidores são obrigados a vender papéis de dívida rebaixados para "junk" por duas agências. Isso pode levar a uma queda no preço da dívida existente da Petrobras e limitar o número de investidores autorizados por lei a comprar nova dívida.

A segunda fonte disse que a revisão das premissas e dos investimentos do plano é necessária. "O momento é de testar corações, é para quem tem coração forte", disse a fonte. "Obviamente que o rebaixamento é preocupante para a Petrobras e para o país como um todo. Fica mais difícil captar recursos, atrair investimentos."

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