Negócios

Petrobras inicia planejamento para próximos 15 anos

Em junho, a Petrobras divulgou seu Plano de Negócios 2015-2019, com investimentos estimados em US$ 130,3 bilhões, um corte de 40% ante a previsão anterior


	Em junho, a companhia divulgou seu Plano de Negócios 2015-2019, com investimentos estimados em US$ 130,3 bilhões, um corte de 40% ante a previsão anterior
 (Paulo Whitaker/Reuters)

Em junho, a companhia divulgou seu Plano de Negócios 2015-2019, com investimentos estimados em US$ 130,3 bilhões, um corte de 40% ante a previsão anterior (Paulo Whitaker/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 6 de agosto de 2015 às 13h01.

Rio - A Petrobras começa a trabalhar em um novo planejamento estratégico para os próximos 15 anos. O novo conselho de administração da estatal considera fundamental estabelecer uma visão de longo prazo para a petroleira.

O ajuste fino será feito com base no orçamento anual da companhia, a "espinha dorsal" da empresa nas palavras do presidente do colegiado, Murilo Ferreira, também presidente executivo da mineradora Vale.

"O orçamento é uma bíblia que toda empresa tem de ter. A Petrobras tem de ser administrada em cima de um orçamento", disse Ferreira em entrevista exclusiva ao Broadcast, serviço de noticias em tempo real da Agência Estado.

Até o Natal, os novos conselheiros da estatal querem receber e aprovar números o mais detalhados possível para o ano seguinte. Pelo menos nos últimos dois anos a companhia apresentou sua proposta orçamentária com o exercício já em curso: em 2014, o orçamento se tornou público em fevereiro; em 2013, só foi apresentado no fim de março.

A ordem é detalhar projetos, fontes de recursos para executá-los e traçar planos de ação para cenários distintos, por exemplo, de preços do barril de petróleo. Tendo um plano A, B e C fica mais fácil calibrar a atuação da companhia.

Em condições favoráveis, a empresa pode eventualmente acelerar projetos ou, caso contrário, adotar medidas de contingência. Quanto mais minucioso o documento, mais eficaz pode ser a fiscalização do conselho.

No fim de junho a Petrobras divulgou seu Plano de Negócios e Gestão 2015-2019, com investimentos estimados em US$ 130,3 bilhões, um corte de 40% ante a previsão anterior.

Além de enxugar o orçamento, a estatal fez uma previsão de levantar mais de US$ 57 bilhões com a venda de ativos até 2018. Na época o presidente da petroleira, Aldemir Bendine, afirmou que o novo plano tem o objetivo de colocar a estatal "no rumo correto".

Para o conselho, entretanto, é preciso ir além. "Nós não estamos satisfeitos. Queremos ter uma visão da empresa pelos próximos 15 anos", afirmou Murilo Ferreira. Segundo ele, o conselho quer trabalhar com planejamentos estratégicos críveis e bem definidos.

A intenção é atualizar o Planejamento Estratégico Horizonte 2030, lançado em março do ano passado, que estava baseado em premissas de preços e investimento totalmente distintas das atuais. Entre outros pontos, a estatal estimava atingir uma produção média de petróleo no Brasil e no exterior de 4 milhões de barris por dia de 2020 a 2030.

No novo plano, a empresa já reajustou essa projeção para uma produção de 2,8 milhões de barris diários.

Entre as estratégias traçadas a partir da antiga previsão de crescimento para a produção de óleo se destacava a expansão da capacidade de refino no Brasil, que deveria chegar a 3,9 milhões de barris de óleo por dia até 2030.

A estimativa se tornou improvável depois que a companhia retirou de seu plano de negócios projetos como a Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, e o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), ambos investigados pela Operação Lava Jato.

A Rnest foi adiada para 2018 e o Comperj terá apenas uma primeira etapa concluída. A Petrobras busca parceiros para continuar o projeto.

Estatuto

Eleito para o conselho em abril, Ferreira destaca recentes alterações feitas no estatuto da estatal como um avanço em sua governança. Na prática, as mudanças aprovadas em assembleia reduziram as competências da diretoria e ampliaram os poderes do conselho.

"Só para dar um exemplo, se tivesse amanhã uma fusão da Chevron com a Petrobras, não passava pelo conselho", lembrou. Em resposta a críticas de que as medidas podem engessar a companhia, Ferreira avalia que elas trazem disciplina para a estatal. 

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