Rio de Janeiro - A Petrobras está estudando opções de desinvestimento da sua subsidiária BR Distribuidora , mas quando isso será definido e se ela terá realmente parte do seu capital vendido ainda está em avaliação pela companhia.
"A BR Distribuidora é um ativo maravilhoso da companhia e a gente está nesse processo de modelagem, a gente não tem nenhuma definição ainda do que levará esse processo no final", afirmou o diretor financeiro da Petrobras, Ivan Monteiro, nesta quinta-feira, em entrevista à Reuters.
Questionado sobre a possibilidade de a BR Distribuidora passar por um processo de IPO (do inglês, oferta pública inicial), o executivo respondeu que, na sua opinião, de forma geral, "processos públicos são muito bem-vindos, por sua transparência e competitividade". Mas ele não quis adiantar se será uma das opções estudadas para a subsidiária de distribuição de combustíveis da Petrobras.
"O IPO é um processo público de precificação, isso sempre nos atrai bastante", afirmou.
A Petrobras tem um plano de desinvestimento de pouco mais de 13 bilhões de dólares para 2015 e 2016, visando a redução da alavancagem, preservação do caixa e concentração nos investimentos prioritários.
De acordo com o executivo, há uma carteira bastante dinâmica de ativos que podem sofrer desinvestimentos. "A modelagem pode indicar uma ou outra solução", afirmou.
INFLUÊNCIA DO GOVERNO
Monteiro também evitou explicar como será a política de preços de combustíveis adotada pela nova diretoria e se ela sofrerá ajustes em relação ao que vinha ocorrendo nos últimos anos, em que a empresa evitou repassar a volatilidade dos mercados futuros globais de petróleo.
De acordo com ele, o próximo plano de negócios terá como premissa a adoção de preços competitivos e de mercado.
Questionado sobre qual será o grau de influência do governo na tomada de decisões da empresa, Monteiro ressaltou que o governo é o acionista controlador, mas que a visão da petroleira é empresarial.
"Cabe à diretoria executiva prestar contas de suas metas, sua performance, no Conselho de Administração, onde estão lá representantes do acionista majoritário e demais acionistas", afirmou o executivo, que preferiu não responder perguntas que não fossem diretamente relacionadas com a sua área, inclusive sobre as relações da empresa com o governo.
OPÇÕES DE FINANCIAMENTOS
Monteiro frisou que as necessidades de financiamento no mercado para 2015 já foram atendidas e, para o próximo ano, podem ser consideradas outras opções da captações de recursos não buscadas nos últimos anos, caso sejam atrativas.
De acordo com ele, há 15 anos que a companhia não visita mercado de renda fixa no Brasil. Ele revelou também "muito interesse" em estudar opções de debêntures de infraestrutura.
"Há 15 anos não existiam debêntures de infraestrtutura como existe hoje. A Petrobras tem a possibilidade de acessar esse mercado e a gente vai estudar isso", afirmou.
Outra opção, de acordo com Monteiro, seria estudar créditos vinculados a exportações, nos mercados canadense, italiano, inglês, norueguês e japonês.
A Petrobras anunciou neste mês uma operação de financiamento por meio de venda e posterior arrendamento de plataformas, com opção de recompra. Segundo Monteiro, essa é uma operação que está de acordo com as premissas da companhia e que pode ser repetida.
Ele descartou, no entanto, qualquer possibilidade de capitalização da companhia, reiterando posição comentada mais cedo, em teleconferência com analistas para comentar os resultados financeiros do ano passado.
PAGAMENTO DE DIVIDENDOS E PLR
Alguns analistas de mercado questionaram a decisão da companhia de não pagar dividendos, diante do prejuízo bilionário de 2014, enquanto os funcionários receberão participação nos lucros e resultados.
Mas Monteiro explicou que o acordo coletivo prevê que, caso os funcionários cumpram determinados itens, como lucro bruto, refino e produção, devem receber participações.
"Dado que existe um acordo e ele está em vigor, a companhia vai pagar a participação que é devida aos seus funcionários, porque eles cumpriram as metas acordadas com a companhia e está previsto no acordo coletivo da categoria", afirmou.
Apesar da crise que atingiu a Petrobras em 2014, por conta do escândalo de corrupção, que resultou em perdas de mais de 6 bilhões de reais, a companhia ampliou a produção de petróleo no ano passado em mais de 5 por cento, superando petroleiras listadas, como a ExxonMobil .
- 1. Tempos difíceis
1 /9(Divulgação/EXAME)
São Paulo – De suspeitas de corrupção a multas bilionárias, a
Petrobras tem sido protagonista de algumas das principais - más - notícias do Brasil nos últimos tempos. Alvo de uma das maiores investigações de corrupção corporativa do país, a petroleira hoje sofre uma crise de credibilidade que a faz perder valor de mercado a cada novo fato divulgado. E tem sido um exemplo de que realmente tudo pode dar errado ao mesmo tempo agora. Listamos oito fatos recentes sobre a Petrobras que comprovam que o ruim pode sempre piorar.Veja nas fotos.
2. Operação Lava Jato 2 /9(Arquivo/Agência Brasil)
Deflagrada em março de 2014, a
Operação Lava Jato investiga um esquema de corrupção dentro da Petrobras em que um possível esquema de lavagem de dinheiro e contratos irregulares por meio de licitações beneficiaria partidos políticos. Desde então, pessoas, grandes transações e contratos fechados com irregularidade são alvo de investigação da Polícia Federal. A operação em curso ainda tem muito que apurar – e a lista de possíveis envolvidos no escândalo só aumenta. Inclui grandes empreiteiras, fornecedores e políticos.
3. Fornecedores na mira 3 /9(Germano Lüders/Exame)
Até agora, 23 empreiteiras foram indiciadas por envolvimento na operação. Em uma segunda etapa, mais recente, outras 82 empresas de setores diversos foram indiciadas. Além de executivos presos, algumas das companhias citadas passam por dificuldades de acesso a crédito, falta de pagamentos de aditivos de contratos com a Petrobras e contam com muitas obras paradas e prejuízo. Algumas dessas empresas já
decretaram falência. Outras, como a Camargo Correa, fizeram
demissão em massa. O estrago até o fim da operação pode ser ainda maior. A estimativa é que a Petrobras tenha hoje cerca de 6.000 fornecedoras no país.
4. Balanço incompleto 4 /9(REUTERS/Paulo Whitaker)
O atraso na divulgação de resultados da companhia, previsto inicialmente para outubro do ano passado, acabou criando uma expectativa negativa no mercado sobre o que estaria por vir. Mas o estrago foi ainda maior que o previsto quando a empresa fez a efetiva publicação do balanço, no final de janeiro. No relatório, a estatal divulgou uma diferença de quase R$ 62 bilhões entre o valor real dos ativos e o contabilizado no balanço anterior, do segundo trimestre. A diferença não foi identificada como perdas com corrupção e a auditoria de todos os ativos não foi feita de maneira independente. A revelação do número assustou e gerou ainda mais incertezas nos investidores. Acabou criando uma situação insustentável para a Petrobras, que viu suas ações desabarem.
5. Mudança de comando 5 /9(Ueslei Marcelino/Reuters)
Dias depois da divulgação dos resultados,
Graça Foster e outros cinco diretores da companhia
renunciaram ao comando da Petrobras. Por dois dias, ficou no ar a dúvida sobre quem assumiria a responsabilidade de liderar a maior empresa do país em meio a um turbilhão de incertezas e denúncias. A expectativa era a de que o governo escolhesse alguém do mercado, que tivesse independência para decidir os rumos da empresa de agora em diante. Dilma Rousseff anunciou o nome de
Aldemir Bendine para o cargo. Tido como
um perito em crises e aliado do governo, Bendine deixou o comando do Banco do Brasil para assumir como presidente da Petrobras. A notícia azedou ainda mais o humor dos investidores.
6. Acidente fatal 6 /9(REUTERS/Gabriel Lordello)
Uma semana depois da troca de comando, um novo desastre atingiu a empresa – esse vindo dos mares e com consequências fatais. A explosão a bordo do navio-plataforma FPSO Cidade de São Mateus, no Espírito Santo, causou a
morte de cinco pessoas e deixou outras dez feridas – duas delas em estado grave. A norueguesa BW Offshore era a proprietária da embarcação e trabalhava para a petroleira brasileira. Ainda não se sabe o que causou a explosão.A única certeza é a de que o acidente foi o terceiro maior desse tipo na história da empresa e que ela terá de arcar com uma multa,caso fique comprovado erro de operação.
7. Revolta dos acionistas 7 /9(Scott Eells/Bloomberg)
Além dos problemas internos, a Petrobras e seus acionistas no Brasil podem enfrentar uma possível revolta dos investidores estrangeiros. A estatal tem ações na Bolsa de Nova York e, se as denúncias de corrupção forem comprovadas, uma multa bem pesada pode chegar. Nos Estados Unidos,
uma ação simultânea da Securities and Exchange Comission (SEC), do Departamento de Justiça (DoJ) e dos tribunais americanos já fez com que técnicos fossem enviados ao Brasil para analisar o caso da Petrobras. A punição para a Petrobras, caso se comprove fraudes contra os acionistas, pode superar os valores de casos emblemáticos, como o da elétrica Enron, fechado em US$ 7,2 bilhões em 2006.
8. Dívidas em dólar 8 /9(Scott Eells/Bloomberg)
O momento ruim da Petrobras ainda conseguiu piorar com ajuda da alta do dólar. A valorização da cotação, a mais alta desde 2004, fez com que a dívida da companhia explodisse ao patamar da maior de toda a sua história. Calcula-se que 70% do endividamento da Petrobras estejam atrelados à moeda estrangeira, por isso um baque tão grande. Além do aumento do endividamento, fica mais caro para a Petrobras importar insumos, o que, por consequência, reduz seu caixa.
9. Agora, veja 14 fatos incríveis sobre a Apple 9 /9(Divulgação)