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Petrobras diz que não atenderá novamente toda demanda em dezembro

O cenário ocorre enquanto importadoras e distribuidoras de combustíveis têm apontado defasagem nos preços de diesel e gasolina praticados pela Petrobras no mercado interno

Caminhão-tanque em refinaria da Petrobras em Canoas (RS). (Diego Vara/Reuters)

Caminhão-tanque em refinaria da Petrobras em Canoas (RS). (Diego Vara/Reuters)

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Reuters

Publicado em 19 de novembro de 2021 às 17h48.

Última atualização em 19 de novembro de 2021 às 18h16.

A Petrobras não atenderá novamente 100% dos pedidos de distribuidoras por combustíveis em dezembro, em meio à manutenção de um cenário de demanda atípica vista também em novembro, disse a companhia em nota à Reuters após ser consultada.

A companhia, que opera atualmente seu parque de refino com fator de utilização de aproximadamente 87%, disse ainda que há hoje dezenas de empresas cadastradas na reguladora do setor ANP aptas para importação de combustíveis e que possuem condições de atender essa demanda adicional.

"Assim como no mês de novembro, os pedidos de diesel encaminhados pelas distribuidoras para o mês de dezembro foram atípicos e superiores ao mercado esperado para este período", disse a empresa.

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"Após avaliação de disponibilidade, considerando nossa capacidade de produção e oferta, o volume aceito foi inferior aos pedidos recebidos."

O cenário ocorre enquanto importadoras e distribuidoras de combustíveis têm apontado defasagem nos preços de diesel e gasolina praticados pela Petrobras no mercado interno em relação ao exterior. Isso torna o valor do combustível da estatal mais baixo que o importado, gerando uma escalada de pedidos.

A Petrobras — responsável por quase 100% da capacidade de produção de derivados do petróleo no Brasil — vem sendo pressionada por diversos segmentos no país para segurar os valores internos, e reduziu ao longo do ano a periodicidade de reajustes, em busca de evitar volatilidades.

No entanto, o Brasil não é capaz de suprir a demanda crescente do mercado apenas com produção doméstica e, por isso, depende cada vez mais de importações.

Nesta semana, o diretor-executivo de finanças, compras e RI da Vibra (ex-BR), André Natal, afirmou em teleconferência com analistas que é natural que nesse cenário as companhias busquem conseguir todo o suprimento possível com a Petrobras, completando o restante com importações.

Natal disse ainda que a Vibra, que conta já com ampla capilaridade e estrutura logística, não tem tido dificuldade para repassar maiores custos com importações à venda de seus produtos e que dessa forma tem se mostrado inclusive mais competitiva que outros players menores independentes e de bandeira branca.

No mês passado, quando a Petrobras disse que não atenderia 100% da demanda, a Associação das Distribuidoras de Combustíveis Brasilcom — que representa mais de 40 distribuidoras regionais — apontou para um risco de desabastecimento, em meio a dificuldades das empresas conseguirem o suprimento.

Mas na época, a ANP negou que havia indicação de desabastecimento e informou que estava monitorando.

A Petrobras reiterou no e-mail à Reuters nesta sexta-feira que os volumes disponibilizados por ela para cada cliente seguiram a regulação vigente definida pela ANP e foram aplicados ao diesel e à gasolina, e que "o atendimento do mercado segue normal, sem notícias de desabastecimento".

Procurada na véspera, a Brasilcom confirmou em nota que distribuidoras tiveram cortes em seus pedidos.

"Sabemos que diversas empresas tiveram cortes em seus pedidos, tanto de gasolina como de diesel, mas principalmente, diesel, sendo alguns cortes bastante significativos", disse o diretor de relações institucionais da associação, Sérgio Massillon, sem dar mais detalhes sobre o cenário atual.

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