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Petrobras diz que busca meio-termo em relação à frequência de reajustes

Forte elevação dos preços dos combustíveis neste ano pela estatal, na esteira da alta do petróleo no mercado internacional, foi o que resultou na decisão do presidente Jair Bolsonaro de trocar Roberto Castello Branco por Joaquim Silva e Luna

Combustíveis: projetos em tramitação no Senado buscam reduzir os preços nas bombas (Ricardo Moraes/Reuters)
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Reuters

Publicado em 14 de maio de 2021 às 18h02.

Última atualização em 14 de maio de 2021 às 18h46.

A nova gestão da Petrobras manteve a maneira de gerenciar ajustes de preços do combustíveis e busca praticar valores em níveis competitivos, evitando repassar volatilidade internacional ao mercado interno, disse nesta sexta-feira o diretor executivo de comercialização e logística, Cláudio Mastella.

Ele ressaltou ainda ser "muito importante" que não haja data marcada para que os reajustes sejam realizados e que a companhia busca um meio-termo na frequência de alterações de valores em relação aos últimos anos, sem detalhar.

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"A gente tem praticado nos últimos anos diversas abordagens de frequência de precificação, desde baixíssima frequência, até altíssima frequência — diária inclusive. Hoje a gente está em um nível intermediário, o que nos parece adequado", afirmou Mastella, em conferência com analistas e investidores.

"Na prática, [ isso significa ] não repassar imediatamente oscilações do mercado externo ou do câmbio para o consumidor interno, e ao mesmo tempo manter nossos preços em nível competitivo com os nossos competidores."

O executivo também ressaltou que a petroleira manteve a busca por um alinhamento com a paridade de importação na média anual, "o que não significa que a gente vai deixar de olhar no dia a dia a nossa defasagem de preços em relação a mercado".

Uma forte elevação dos preços dos combustíveis neste ano pela estatal, na esteira da alta do petróleo no mercado internacional, foi o que resultou na decisão do presidente Jair Bolsonaro de trocar Roberto Castello Branco por Joaquim Silva e Luna, que tomou posse em 19 abril na presidência da estatal.

Desde então, a companhia realizou apenas um reajuste de preços, em 30 de abril. Antes disso, neste ano, a Petrobras reajustou os valores duas vezes em janeiro, duas vezes em fevereiro, quatro vezes em março e outras duas vezes em abril.

"Não vejo necessidade hoje de uma alteração nessa frequência, é muito importante para a gente que não seja com data marcada..., mas é muito importante que ela mantenha um alinhamento suficiente para que nosso produto continue seguindo competitivo em um mercado cada vez mais competitivo."

O tema da política de preços tradicionalmente traz bastante polêmica nas discussões sobre Petrobras, uma vez que tem grande potencial para impactar nos resultados da empresa e também na inflação do país.

O presidente Luna não participou da conferência com analistas e apenas gravou um vídeo de cerca de 7 minutos, onde apresentou um discurso de continuidade em relação ao que vinha sendo executado na companhia, em um aceno para o mercado financeiro.

Os executivos da Petrobras não responderam a questionamentos de jornalistas sobre falas recentes do presidente Jair Bolsonaro, incluindo declaração de que trabalharia juntamente com a Petrobras para reduzir o valor do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) na origem.

Desinvestimentos

Durante a conferência, o diretor executivo financeiro e de relacionamento com investidores, Rodrigo Araujo, ressaltou que o atual plano estratégico da companhia é sólido, com diretrizes consistentes, e que o time busca acelerar sua execução.

"Nossa proposta é manter o foco em geração de valor e alocação eficiente de capital, esse é nosso grande direcionamento", afirmou.

"Anualmente, a gente tem nosso processo de revisão do plano estratégico, a gente não tem nenhuma perspectiva de mudança nos nossos pilares fundamentais, especialmente na questão de gestão de portfólio."

Araujo destacou que não houve alteração em ofertas de vendas de ativos e que as negociações de desinvestimentos ocorrem normalmente. Também está mantida meta de reduzir a dívida bruta da companhia para 67 bilhões de dólares em 2021 e 60 bilhões de dólares em 2022.

A Petrobras informou nesta sexta-feira que os desinvestimentos neste ano até 11 de maio somaram 2,5 bilhões de dólares, registrando ainda entrada de caixa das vendas de ativos de 472 milhões de dólares.

A principal venda fechada foi da refinaria Landulpho Alves (RLAM) e seus ativos logísticos associados, para a Mubadala Capital, por 1,65 bilhão de dólares.

Exploração e produção

A Petrobras também manteve inalterada a meta de produção para 2021 e 2022, apesar do atraso da entrada em operação de plataforma no campo de Mero deste ano para o próximo devido à covid-19, segundo o diretor executivo de desenvolvimento da produção, João Henrique Rittershaussen.

Para este ano, está prevista ainda a entrada em operação de plataforma no campo de Sépia, no terceiro trimestre.

Sobre novos ativos, o diretor executivo de exploração e produção, Fernando Borges, afirmou que a companhia manterá sua estratégia de buscar parcerias para explorar o pré-sal, quando questionado em coletiva de imprensa se formaria um consórcio para participar do leilão da cessão onerosa em dezembro.

"Nossa estratégia é atuar em parceria... Nunca podemos esquecer que exploração é um negócio de risco."

Do lado da exploração, Borges afirmou que a empresa espera receber no início de 2022 licença para iniciar perfuração na Bacia da Foz do Rio Amazonas, onde passou a deter 100% de participação em seis blocos de águas ultraprofundas — após desistência de outras petroleiras.

"A gente entende como uma fronteira muito interessante, haja visto os resultados na Guiana e no Suriname", disse ele.

"Estamos fazendo um trabalho robusto de estudo e impacto ambiental, temos capacidade de demonstrar mobilização no caso de algum vazamento, com toda a estrutura de monitoramento... O trabalho junto ao Ibama está evoluindo bem."

O executivo disse ainda que a campanha exploratória da companhia prevê pelo menos três poços no fim de 2022, na margem equatorial, nas bacias de Pará-Maranhão, Barreirinhas e Foz do Amazonas.

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