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Perda de US$ 4 bi dos títulos da Petrobras é só o começo

O escândalo de corrupção já custou US$ 4 bilhões aos investidores, mas com a expectativa de baixas contábeis bilionárias, eles se preparam para mais

Sede da Petrobras: Petrobras poderá realizar uma baixa contábil de até US$ 32 bilhões (Sergio Moraes/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 9 de fevereiro de 2015 às 20h46.

São Paulo/Nova York - O escândalo de corrupção que assola a Petrobras já custou US$ 4 bilhões aos detentores de bonds.

Agora, com a expectativa de que a produtora de petróleo possa reportar bilhões de dólares em baixas contábeis, os investidores se preparam para mais prejuízos.

Os US$ 41 bilhões em dívidas denominadas em dólares da Petrobras perderam 10 por cento de seu valor desde 13 de novembro, um dia antes de a Polícia Federal dizer que havia encontrado “forte evidência” de que pelo menos sete construtoras tinham formado um cartel para ganhar contratos públicos, incluindo R$ 59 bilhões (US$ 21 bilhões) em pedidos da petrolífera controlada pelo Estado.

Os prejuízos dos bonds podem aumentar.

O motivo é que a Petrobras poderá realizar uma baixa contábil de até US$ 32 bilhões decorrente da maior investigação de corrupção da história do Brasil e perder seu grau de investimento, disse Wilbur Matthews, CEO da Vaquero Global Investment LP.

“Esta é uma empresa com problemas profundos. Deveremos ver mais perdas quando os números finais das baixas contábeis finalmente saírem”, disse Matthews, que gerencia mais de US$ 100 milhões em dívidas de mercados emergentes, de San Antonio, EUA.

“Seria um desastre ver a empresa cair para a categoria junk. E aparentemente isso não está longe de acontecer”.

As notas da empresa caíram na sexta-feira depois que a presidente Dilma Rousseff escolheu o executivo do também estatal Banco do Brasil SA, Aldemir Bendine, para a presidência da Petrobras.

Uma semana antes, a Moody’s Investors Service tinha reduzido o rating da Petrobras para a beira do grau especulativo e ameaçado outro rebaixamento dentro de um mês se a petroleira não esclarecesse seus lucros.

A assessoria de imprensa da Petrobras não respondeu a um telefonema e a um e-mail em busca de comentários a respeito do desempenho de seus bonds.

Bendine escolhido

O governo controla a Petrobras e o Banco do Brasil com a posse da maioria das ações com direito a voto. Bendine, 51, está prestes a assumir o lugar de Maria das Graças Foster , que anunciou sua renúncia no dia 4 de fevereiro depois de não conseguir intermediar um consenso em relação ao custo da investigação.

Foster disse em um documento de 27 de janeiro que a empresa descobriu que seus ativos estavam superestimados em até R$ 88,6 bilhões.

A nomeação de uma “pessoa do governo em vez de uma pessoa independente é negativa”, disse Peter Lannigan, estrategista de mercados emergentes da CRT Capital Group LLC em Stamford, Connecticut, EUA, por e-mail.

São Paulo - O primeiro trimestre ainda nem acabou, mas a Petrobras já acumulou problemas neste período que podem valer para o ano inteiro. Entre processo de investigação de propina, preço das ações despencando e produção de petróleo menor, a petroleira dá indícios que não vive um bom momento. Veja, a seguir, 10 enroscos em que a Petrobras já se meteu neste ano:
  • 2. Investigação sobre propina

    2 /11(Sérgio Moraes/Reuters)

  • Veja também

    Em fevereiro, ex-funcionários da holandesa SBM, que aluga navios-plataformas, fizeram denúncias que apontam que empregados da Petrobras receberam propina para fechar negócios. O processo indica que funcionários e intermediários da petroleira receberam cerca de 140 milhões de dólares. A Petrobras abriu uma auditoria interna para apurar as denúncias. Segundo Graça, os primeiros resultados da auditoria levaram 30 dias para sair. A Comissão de Fiscalização da Câmara dos Deputados aprovou hoje requerimento para que a empresa esclareça tais irregularidades.



  • 3. Endividamento bilionário

    3 /11(REUTERS/Nacho Doce)

  • A captação de  8,5 bilhões de dólares anunciada pela Petrobras nesta semana deve impactar ainda mais o endividamento da estatal. Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, a dívida líquida da petroleira deverá passar de 100 bilhões de dólares até 2018. De acordo com o novo plano de negócios quinquenal da Petrobras (2014-2018), 60,5 bilhões de dólares serão levantados em dívida bruta nos próximos cinco anos.

  • 4. Queda da produção

    4 /11(Pedro Lobo/Bloomberg News)

    Em 2013, a produção de petróleo da Petrobras caiu 2,5% no Brasil. Neste ano, em janeiro, a produção também recuou.  No primeiro mês do ano, a produção total de petróleo e gás natural ficou 2,2% abaixo do total produzido em dezembro de 2013, quando atingiu 2,36 milhões de barris de óleo equivalente por dia. Segundo a empresa, a interrupção da produção em duas unidades instaladas na Bacia de Campos e a venda de participação no Parque das Conchas impactaram a produção do período.


  • 5. Multa bilionária

    5 /11(REUTERS/Sergio Moraes)

    Entre outubro de 2013 e janeiro deste ano, a Petrobras recebeu cinco autuações da Receita Federal que somam 8,7 bilhões de reais. As informações estão no prospecto preliminar publicado na Securities and Exchange Comission (SEC), regulador do mercado de capitais da América do Norte. A Petroleira informou que já apresentou recursos em todos os casos. O processo ainda está em fase de julgamento.

  • 6. Ações despencaram

    6 /11(Alexandre Battibugli/EXAME)

    No final do mês passado, as ações ordinárias e preferenciais da Petrobras caíram  para o menor nível desde 2005 após a divulgação de que a dívida líquida da empresa havia crescido 50% no último ano. Os papéis preferenciais da empresa tiveram a maior queda da bolsa de São Paulo no dia 26 de fevereiro. As ações fecharam o dia cotadas a 13,70 reais, seu menor valor desde 27 de dezembro de 2005.

  • 7. Valor de mercado menor

    7 /11(Dado Galdieri/Bloomberg)

    A Petrobras foi a empresa que mais encolheu em valor de mercado no mês de fevereiro deste ano.
    Segundo dados da consultoria Economática, a estatal perdeu 12 bilhões de reais no mês passado na bolsa brasileira, período no qual o Ibovespa recuou 1,14%. Boa parte da queda é atribuída aos maus resultados de 2013 apresentados pela empresa.

    No final de fevereiro, o valor de mercado da estatal era de 172,8 bilhões de reais.

  • 8. Preço do dólar divergente

    8 /11(Bruno Domingos/Reuters)

    Durante evento para divulgar seu plano de investimentos para os próximos cinco anos, a Petrobras afirmou que vai trabalhar com um dólar de 2,23 reais neste ano.

    A cotação média do mercado, no entanto, ultrapassa a cifra de 2,40 reais e a diferença está preocupando o mercado, que não consegue entender como a estatal chegou a esse valor.
  • 9. Preço do combustível

    9 /11(Divulgação/Petrobras)

    A interferência do governo nos negócios da Petrobras também tem preocupado investidores, principalmente quando o assunto é o polêmico  reajuste no preço do combustível.

    A fim de não aumentar a inflação, o governo tem segurado os preços e a estratégia tem impactado negativamente a petroleira. A estimativa do mercado é que a empresa tenha deixado de ganhar 1,1 bilhão por não repassar alta do petróleo.

  • 10. Independência do governo

    10 /11(Francois Lenoir/Reuters)

    No mês passado, Silvio Sinedino, funcionário da Petrobras há 26 anos e presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), ganhou o direito de ocupar uma cadeira no conselho de administração da estatal. Ao que tudo indica, Sinedino quer deixar claro que os funcionários da companhia não compactuam com a ideia de que as decisões da empresa teriam de estar totalmente alinhadas às decisões do Governo Federal. Hoje o conselho da Petrobrás é formado por dez membros, sete indicados pelo governo, um pelos acionistas minoritários de ações minoritárias, um pelos acionistas de ações preferenciais e um pelos empregados.





  • 11. Agora, veja 20 empresas que dominam o país

    11 /11(AGÊNCIA BRASIL)

  • Acompanhe tudo sobre:Capitalização da PetrobrasCorrupçãoEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEmpresas estataisEscândalosEstatais brasileirasExecutivos brasileirosFraudesGás e combustíveisGraça FosterIndústria do petróleoMulheres executivasOperação Lava JatoPetrobrasPetróleoPrejuízo

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