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Pentágono quer união de empresas americanas para barrar expansão da Huawei

Ideia do Departamento de Defesa é que companhias de tecnologia dos EUA desenvolvam software 5G de código aberto

Pentágono: o Departamento de Defesa considera que, como Huawei é líder no mercado de telecomunicações, o avanço da chinesa pode ser tornar uma ameaça à segurança nacional americana (U.S. Air Force/Getty Images/Getty Images)

Pentágono: o Departamento de Defesa considera que, como Huawei é líder no mercado de telecomunicações, o avanço da chinesa pode ser tornar uma ameaça à segurança nacional americana (U.S. Air Force/Getty Images/Getty Images)

AO

Agência O Globo

Publicado em 23 de dezembro de 2019 às 12h49.

Nova York — O desenvolvimento e a implementação da tecnologia 5G segue sendo um tema delicado na relação entre China e Estados Unidos. Em mais um capítulo dos atritos sobre esse tema, o Pentágono (sede do Departamento de Defesa dos EUA) tem conversado com os fabricantes americanos de equipamentos de telecomunicação para que eles unam forças para oferecer uma alternativa doméstica à chinesa Huawei.

De acordo com o jornal "Financial Times" (FT), Lisa Porter, que supervisiona a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologia no Pentágono, pediu às empresas americanas que desenvolvessem software 5G de código aberto, alertando que eles correm o risco de se tornar obsoletos, se não o fizerem.

Tornar a tecnologia 5G de código aberto poderia ameaçar empresas dos Estados Unidos como Cisco ou Oracle, os maiores fornecedores americanos de equipamentos de rede de telecomunicações. Essa tecnologia, conhecida como redes abertas de acesso via rádio, permitiria às operadoras de telecomunicações comprar hardware (equipamentos físicos) de diversos fornecedores, em vez de sistemas sob medida.

A Huawei é líder no mercado de telecomunicações, o que faz pessoas ligadas à Casa Branca considerarem este avanço da chinesa uma ameaça à segurança nacional americana. Em entrevista ao FT, Lisa disse que o mercado decidirá que vai ser a líder do setor.

"É como qualquer outra tendência histórica - a clássica é a Kodak, que inventou as câmeras digitais, mas não as alavancou. A beleza do nosso país é que permitimos que esse mercado decidisse os vencedores. O mercado vai decidir", declarou Lisa.

As autoridades americanas estão procurando maneiras de minar a poderosa posição construída pela Huawei, que vende pouco menos de um terço do equipamento 5G do mundo, mas cujos produtos eles advertem que podem ser usados ​​por Pequim para fins de espionagem.

Grande parte desse esforço se concentrou em como cortar a Huawei dos EUA e de outros mercados ocidentais. O FT publicou na semana passada uma nota sobre o recente pedido do departamento de estado às empresas de telecomunicações dos EUA para que elas assinassem um conjunto de princípios da cadeia de suprimentos que, de fato, impactaria a empresa chinesa. O acordo, porém, foi rejeitado por executivos preocupados com possíveis processos.

O temor sobre a expansão da Huawei faz com que o governo americano considere até a promoção dos rivais da chinesa em outros continentes. Altos funcionários do governo discutiram canalizar dinheiro para a Nokia e a Ericsson, rivais europeus da Huawei, já que nenhuma empresa americana faz torres de acesso por rádio. Eles também perguntaram à Oracle e à Cisco se considerariam entrar no mercado de transmissão de rádio, mas a proposta foi rejeitada por ambos.

Enquanto as autoridades americanas estão considerando conceder incentivos fiscais para ajudar a desenvolver a tecnologia de código aberto, alguns executivos do setor expressam preocupações individuais de que estão dando uma vantagem a um determinado produto que não estará pronto a tempo para o 5G.

“Acreditamos que quanto mais você pode abrir as coisas para seguir o caminho de outros avanços históricos da tecnologia, como servidores de dados, mais vai jogar com os pontos fortes dos Estados Unidos e os de nossos parceiros e aliados ocidentais ”, declarou Porter.

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