Pedi para sair, diz Abilio Diniz sobre Pão de Açúcar
Em entrevista à revista Veja, Abilio Diniz disse que, "da mesma forma que água não se mistura com azeite, não me misturo com o Jean-Charles Naouri"
Diogo Max
Publicado em 10 de outubro de 2013 às 14h44.
São Paulo – O empresário Abilio Diniz , presidente do Conselho de Administração da BRF , ainda não esqueceu as brigas com seu arqui-inimigo no Grupo Pão de Açúcar, o francês Jean-Charles Naouri, chefão do grupo Casino . Em uma entrevista dada à revista Veja nesta semana, o brasileiro falou sobre as querelas constantes com o rival.
Perguntando sobre a existência de um conflito de interesses ao assumir a presidência do conselho da BRF, já que tem o mesmo cargo no Pão de Açúcar, Abilio atacou: "Se tivesse algum conflito, ninguém precisaria me dizer, eu mesmo recusaria. Mas o Jean-Charles Naouri não tem pudor de mentir. Quando vi quem ele realmente era, ficou claro que não podia mais continuar como sócio."
E continuou: "Somos pessoas diferentes. Da mesma forma que água não se mistura com azeite, não me misturo com o Jean-Charles Naouri. Como não conseguia trabalhar com ele, pedi para sair".
Abilio Diniz disse também que negociou por um ano com o francês, e que, após perceber o "caráter" do inimigo, passou o controle para o Casino, "apesar de ele dizer que eu não queria passar".
Os dois empresários passaram (e ainda passam) por turbulências nas relações desde o início de uma possível fusão entre o Pão de Açúcar e o Carrefour no Brasil, vista na época pelo Casino como uma forma de Abilio se manter no controle da rede de supermercados criada pelo seu pai. A estratégia não vingou, e a crise entre os chefões foi instaurada.
No mês passado, o grupo francês submeteu um pedido arbitral à Câmara de Comércio Internacional contra Abilio. O Casino pretende, entre outras finalidades, obter uma declaração de que a eleição de Abilio para o conselho da BRF sem que renuncie ao cargo no Pão de Açúcar está em conflito com os interesses do grupo varejista.
Acredita-se que os produtos da BRF representem apenas 3% das vendas de alimentos do grupo Pão de Açúcar. Se forem somados todos os produtos, inclusive os de eletroletrônicos, o valor pode cair para 1,7%. No seu balanço, a BRF informa que nenhum cliente representa mais do que 5% das vendas da empresa. No entanto, em relatório publicado em março, a consultoria Glass Lewis apontou que o Pão de Açúcar é responsável por 11% de todas as vendas fechadas pela BRF. Já os produtos da BRF respondem por 6% de todos os itens vendidos nos supermercados do grupo.
Abilio também sustenta que não haveria dependência comercial entre as empresas, que não são concorrentes. E que a participação de investidores e executivos no conselho de administração de diferentes companhias seria uma prática empresarial muito comum. A CVM já afirmou que não existia um desacordo pelas leis brasileiras.
Além disso, o brasileiro disse ter respaldo pleno para permanecer no conselho da empresa fundada por seu pai. Isso porque o acordo de acionistas firmado com o Casino prevê uma única hipótese para sua saída do cargo: a falta de saúde. Do contrário, o empresário tem direito vitalício à cadeira.
Farpas à parte, Abilio ensaiou um perdão ao seu inimigo. "Não vou mais processar o Jean-Charles Naouri, não quero mais conflito, só quero ter o direito de trabalhar", disse o empresário à revista Veja.
Texto atualizado às 18h20
São Paulo – O empresário Abilio Diniz , presidente do Conselho de Administração da BRF , ainda não esqueceu as brigas com seu arqui-inimigo no Grupo Pão de Açúcar, o francês Jean-Charles Naouri, chefão do grupo Casino . Em uma entrevista dada à revista Veja nesta semana, o brasileiro falou sobre as querelas constantes com o rival.
Perguntando sobre a existência de um conflito de interesses ao assumir a presidência do conselho da BRF, já que tem o mesmo cargo no Pão de Açúcar, Abilio atacou: "Se tivesse algum conflito, ninguém precisaria me dizer, eu mesmo recusaria. Mas o Jean-Charles Naouri não tem pudor de mentir. Quando vi quem ele realmente era, ficou claro que não podia mais continuar como sócio."
E continuou: "Somos pessoas diferentes. Da mesma forma que água não se mistura com azeite, não me misturo com o Jean-Charles Naouri. Como não conseguia trabalhar com ele, pedi para sair".
Abilio Diniz disse também que negociou por um ano com o francês, e que, após perceber o "caráter" do inimigo, passou o controle para o Casino, "apesar de ele dizer que eu não queria passar".
Os dois empresários passaram (e ainda passam) por turbulências nas relações desde o início de uma possível fusão entre o Pão de Açúcar e o Carrefour no Brasil, vista na época pelo Casino como uma forma de Abilio se manter no controle da rede de supermercados criada pelo seu pai. A estratégia não vingou, e a crise entre os chefões foi instaurada.
No mês passado, o grupo francês submeteu um pedido arbitral à Câmara de Comércio Internacional contra Abilio. O Casino pretende, entre outras finalidades, obter uma declaração de que a eleição de Abilio para o conselho da BRF sem que renuncie ao cargo no Pão de Açúcar está em conflito com os interesses do grupo varejista.
Acredita-se que os produtos da BRF representem apenas 3% das vendas de alimentos do grupo Pão de Açúcar. Se forem somados todos os produtos, inclusive os de eletroletrônicos, o valor pode cair para 1,7%. No seu balanço, a BRF informa que nenhum cliente representa mais do que 5% das vendas da empresa. No entanto, em relatório publicado em março, a consultoria Glass Lewis apontou que o Pão de Açúcar é responsável por 11% de todas as vendas fechadas pela BRF. Já os produtos da BRF respondem por 6% de todos os itens vendidos nos supermercados do grupo.
Abilio também sustenta que não haveria dependência comercial entre as empresas, que não são concorrentes. E que a participação de investidores e executivos no conselho de administração de diferentes companhias seria uma prática empresarial muito comum. A CVM já afirmou que não existia um desacordo pelas leis brasileiras.
Além disso, o brasileiro disse ter respaldo pleno para permanecer no conselho da empresa fundada por seu pai. Isso porque o acordo de acionistas firmado com o Casino prevê uma única hipótese para sua saída do cargo: a falta de saúde. Do contrário, o empresário tem direito vitalício à cadeira.
Farpas à parte, Abilio ensaiou um perdão ao seu inimigo. "Não vou mais processar o Jean-Charles Naouri, não quero mais conflito, só quero ter o direito de trabalhar", disse o empresário à revista Veja.
Texto atualizado às 18h20