Para Mourão, Temer e Bolsonaro devem dar aval a acordo Embraer-Boeing
Acordo precisa do aval do governo e o vice-presidente eleito, general Hamilton Mourão, sugeriu diálogo entre mandatários
Estadão Conteúdo
Publicado em 18 de dezembro de 2018 às 09h45.
Última atualização em 18 de dezembro de 2018 às 09h51.
Brasília - O Palácio do Planalto recebeu nesta segunda-feira, 17, mesmo o documento com detalhes do acordo entre Boeing e Embraer , após as empresas chegarem a um acordo sobre o contrato. Dono de uma ação especial na companhia brasileira, a chamada "golden share", o governo precisa dar aval para o negócio. O prazo para a avaliação é de 30 dias e termina em 16 de janeiro de 2019. O vice-presidente eleito, general Hamilton Mourão, disse ao jornal O Estado de S. Paulo que, se Michel Temer procurar Jair Bolsonaro para tratar do tema, o aval pode sair rapidamente.
O desenho do negócio, anunciado nesta segunda, avalia a área de jatos comerciais da Embraer em US$ 5,26 bilhões, com o pagamento de US$ 4,2 bilhões à brasileira pela Boeing por 80% do negócio. O ponto mais polêmico é uma opção de a Boeing comprar, em dez anos, 100% da divisão de jatos comerciais da Embraer (leia mais abaixo). A Embraer terá apenas uma cadeira no conselho de administração, mas sem poder de decisão. O contrato, porém, prevê que a futura joint venture precise do aval da brasileira para transferir sua produção a outro país.
Após o governo receber detalhes do negócio, Mourão defendeu o esforço para acelerar a união das duas companhias. "O negócio pode ser decidido de comum acordo. Se os dois conversarem e concordarem. Aí, já podem fechar isso", disse. O vice-presidente eleito classificou o acordo como "fundamental", já que a maior concorrente da brasileira, a canadense Bombardier, está aliada à Airbus, maior rival da Boeing.
Temer e Bolsonaro apoiam a união das empresas. Nos últimos meses, Temer disse repetidas vezes que pretendia dar aval de imediato. No entanto, com o atraso nas negociações e o acordo fechado a duas semanas do fim do mandato, ele tem sido aconselhado a deixar a missão para o sucessor.
Autoridades do governo lembram que não cabem alterações no contrato e que a decisão do presidente da República, que representa a "golden share", é apenas se "aceita" ou "não aceita" o contrato nos termos atuais. O mais correto, diz uma dessas fontes, é que, como há prazo até 16 de janeiro, a nova equipe se debruce sobre o tema.
Desde a eleição de Bolsonaro, as duas fabricantes não conversaram com a equipe de transição nem com o presidente eleito. Fontes que acompanharam a negociação pelo lado das empresas argumentam, porém, que "há segurança" de que o novo governo apoia a operação.
Após a aprovação do governo brasileiro, o acordo terá de vencer o crivo dos órgãos antitruste no Brasil, nos Estados Unidos, na Europa e na China. As empresas esperam que o trâmite seja rápido nos três primeiros, mas possa enfrentar complicações em Pequim, apurou o jornal O Estado de S. Paulo. A estimativa é que a operação seja concluída no fim de 2019.