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Os obstáculos que as empresas enfrentam para inovar

Para 34% do executivos, não disponibilizar tempo para os funcionários testarem suas ideias durante o expediente é a maior falha das empresas


	Inovação: 71% das empresas aumentaram os investimentos em inovação nos últimos três anos
 (Wavebreakmedia/iStock)

Inovação: 71% das empresas aumentaram os investimentos em inovação nos últimos três anos (Wavebreakmedia/iStock)

Luísa Melo

Luísa Melo

Publicado em 2 de fevereiro de 2015 às 09h07.

São Paulo - Inovação não é só uma tendência. Hoje, reinventar-se é essencial para empresas que querem ser competitivas  e esse cenário não vai mudar tão cedo.

Prova disso é que criar novos produtos e serviços e melhorar os já existentes está entre as prioridades de 54% e 47% das companhias para os próximos três anos, respectivamente. O dado é de um estudo da The Economist Intelligence Unit.

Esses planos só ficam atrás dos esforços para aumentar a participação nos mercados em que as corporações já atuam. Tal estratégia foi citada por 57% delas como prioritária para o período.

O levantamento foi encomendado pela escola de línguas EF e ouviu 350 executivos de diversos lugares como Brasil, China, Rússia, França, Alemanha, Espanha, EUA, Reino Unido, Oriente Médio e países nórdicos, de outubro a novembro de 2014.

Entre as empresas pesquisadas, 71% disseram que aumentaram os investimentos em inovação nos últimos três anos. Na mesma linha, 86% delas garantiram que vão alocar mais recursos (seja dinheiro ou tempo) em projetos inovadores no próximo triênio.

O que importa

Na visão dos entrevistados, para inovar é necessário que as companhias tenham uma cultura que incentive todos os funcionários a ter novas ideias, antes de tudo. Esse fator foi mencionado por 53% como um dos mais importantes.

Outros requisitos destacados foram permitir que a equipe falhe (41%), ter uma liderança forte (34%), promover a colaboração entre pessoas de departamentos diferentes (29%) e oferecer parte do expediente para que os trabalhadores testem seus próprios projetos (25%).

E é justamente nestas questões que as organizações mais falham, segundo os executivos. A falta de tempo para testar ideias durante o horário comercial foi apontada como uma das principais barreiras para a inovação por 34% deles.

Em seguida aparecem a inexistência de uma cultura que incentive todos a criar e que tolere falhas (mencionadas por 30% dos ouvidos, cada) e a comunicação fraca entre departamentos (28%).

Para Cynthia Serva, coordenadora do Centro de Empreendedorismo e Inovação do Insper, todas essas dificuldades são derivadas da ausência da inovação nas raízes das empresas. "A inovação só pode ser de fato estimulada quando ela faz parte dos valores. Ela precisa estar no planejamento", afirma.

Segundo ela, no caso do Brasil, mais especificamente, os entraves também estão ligados a problemas conjunturais como a burocracia, a defasagem de incentivos por parte do governo e a alta carga tributária.

"Esse conjunto de dificultadores acaba criando uma visão de curto prazo. Sabemos que o investimento financeiro (em pesquisa e desenvolvimento) não garante a inovação, mas ele é extremamente importante".

Comunicação

Apesar de 64% dos entrevistados terem dito que são ativamente incentivados a propor novas ideais onde trabalham, 20% afirmaram que tiveram receio de apresentá-las aos colegas em algum momento.

A implantação de um processo formal para compilar as sugestões dos colaboradores seria uma alternativa para contornar esse obstáculo, conforme o estudo. Cinquenta e quatro por cento dos executivos disseram que estariam mais dispostos a propor ideias por um sistema do tipo. 

O levantamento também traz outros apontamentos curiosos. Ao mesmo tempo que 87% dos executivos acreditam que a colaboração entre culturas ajuda a produzir ideias inovadoras, 69% dizem que as diferenças culturais dificultam a apresentação de uma nova ideia. 

Para os brasileiros, a maior dessas barreiras é o idioma, segundo Andrea Manso, country manager da EF. De acordo com ela, apesar de o inglês ser pré-requisito para trabalhar em diversas empresas, muitos profissionais têm o conhecimento da língua apenas em um nível técnico. 

"Eles conseguem discutir coisas práticas, mas não aprofundar ideias", diz. 

Na opinião dela, a opção das companhias para suprir essa deficiência é investir em formação. "Mas o ensino de línguas não pode ser tratado com um benefício, porque assim o processo de aprendizagem é muito lento. É necessário cobrar a evolução do funcionário, atrelar isso a metas", aconselha. 

A pesquisa indica um caminho parecido. Para 81% dos entrevistados, o investimento da empresa nas habilidades de comunicação dos colaboradores aumentaria a capacidade de inovação. 

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