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Os esforços da dona da Riachuelo – e seu maior desafio

Apesar de seus esforços em áreas operacionais, a divisão financeira impactou os resultados de forma negativa, por causa do aumento da inadimplência


	Riachuelo: apesar de seus esforços, a divisão financeira impactou os resultados de forma negativa
 (André Lessa/EXAME.com)

Riachuelo: apesar de seus esforços, a divisão financeira impactou os resultados de forma negativa (André Lessa/EXAME.com)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 10 de agosto de 2016 às 17h20.

São Paulo - A Guararapes, dona da Riachuelo, viu seu lucro cair 51,4% no 2º trimestre do ano, para R$ 36,3 milhões.

Apesar de seus esforços em áreas operacionais, da logística às coleções, a sua divisão financeira impactou os resultados de forma negativa, por causa do aumento da inadimplência nos cartões e empréstimos pessoais.

Entre as ações positivas, está o trabalho para revitalizar suas coleções e estoques.

No período, a empresa lançou coleções importantes para a Riachuelo com parcerias de grandes estilistas, como Karl Lagerfeld e Sandro Dias. O frio também ajudou a empresa, ao impulsionar as vendas de itens de inverno.

Assim como outras varejistas como a Marisa, a Guararapes também tem se esforçado para desovar estoques antigos com grandes promoções, o que ajudou a impulsionar as vendas.

Ainda que a empresa tenha sofrido no trimestre para atrair os clientes para suas lojas e fazê-los comprar, eles saíram com sacolas mais cheias: o tíquete médio aumentou 11,3%, para R$ 179.

Com isso, a receita líquida de mercadorias cresceu 8,3%. Em lojas abertas há menos de um ano, o aumento foi bem menor, de apenas 1,5%.

No final de agosto a companhia espera inaugurar o seu novo centro de distribuição em Guarulhos, São Paulo, o maior investimento feito por ela nos últimos anos.

O centro irá impulsionar a eficiência logística: integrando os sistemas das fábricas e das lojas, ela saberá exatamente quantas peças produzir e para quais unidades enviar, melhorando a performance de cada loja.

Os primeiros resultados dessa melhora devem aparecer já no 3º trimestre do ano e com mais força no último período do ano.

Esses efeitos positivos, no entanto, não irão durar para sempre.

"O sobressalto nas vendas pode ter sido impulsionado por condições climáticas favoráveis e preços mais promocionais, na medida que a empresa avançou no seu plano de ajuste de estoque. Por isso, acreditamos que o aumento das vendas e o resultado positivo consequente podem ter vida curta", afirmou o Brasil Plural em relatório.

Pedra no sapato

Ainda que a operação de vendas tenha visto ganhos importantes, é em uma área que não tem nada a ver com moda que a Guararapes tem tido os maiores desafios.

A operação financeira, que corresponde a 44,6% de todo Ebitda do grupo, foi a grande dificuldade da Guararapes.

A inadimplência dos empréstimos pessoais decolou no último ano, passando de 11,7% em junho de 2015 para 18,6% esse ano. Na mesma linha, a inadimplência com o cartão saiu de 6,2% para 8,7% no mesmo intervalo.

Com o aumento das perdas com esses produtos, a companhia precisou aumentar também o provisionamento para as perdas futuras.

As despesas com provisionamento, que é uma quantia reservada para cobrir buracos em caso de perdas, cresceram 56,3%, chegando a R$ 181,83 milhões.

Por isso, o Ebitda da operação financeira totalizou R$58,8 milhões no trimestre, resultado 35,4% menor que no mesmo trimestre do ano anterior.

A empresa afirmou que, para minimizar esses riscos, diminuiu o volume de empréstimos pessoais e está freando a emissão dos cartões.

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