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CEO da SulAmérica: "Operações seguem independentes"

Rede D'Or, maior rede de hospitais do país, anunciou ontem acordo para aquisição da seguradora de saúde SulAmérica

Ricardo Bottas, CEO da SulAmérica (SulAmérica/Divulgação)

Ricardo Bottas, CEO da SulAmérica (SulAmérica/Divulgação)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 24 de fevereiro de 2022 às 11h33.

Última atualização em 25 de fevereiro de 2022 às 12h06.

A estratégia de crescimento da operadora de planos de saúde SulAmérica continua e sua operação seguirá independente mesmo após a conclusão do acordo de aquisição pela Rede D’Or. É o que diz o CEO da seguradora Ricardo Bottas (foto), em teleconferência com analistas nesta quinta-feira. “No acordo, as operações seguem independentes. Temos alinhamentos de sinergias, teremos a união de dois ecossistemas de saúde, vamos estudar complementariedades, mas são operações distintas”, disse.

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A Rede D’Or, maior rede de hospitais do país, anunciou ontem acordo para compra da SuAlmérica em um negócio bilionário. A SulAmérica tem atualmente 2,5 milhões de vidas em sua carteira. Muito tem se especulado sobre como será o desenho da operação, uma vez que o negócio esteja fechado.

Na teleconferência hoje, Bottas se disse preocupado ao ouvir a palavra “integração”, a respeito do negócio. A preocupação se justifica pela necessidade de manutenção da relação de confiança entre SulAmérica e prestadores de serviço. A seguradora tem 1.200 hospitais parceiros e depende deles para continuar atendendo seus mais de 2,5 milhões de beneficiários. “Temos estratégia em andamento que dependem de acordos com prestadores”, afirmou.

A SulAmérica tem apostado em uma estratégia de planos regionais, mais baratos, para fazer frente à concorrência de players como Hapvida e Intermédica – que vendem planos com ticket mais baixo e recentemente anunciaram fusão. Em 2021, essa linha, batizada de SulAmérica Direto chegou a onze regiões e cerca de 53 mil beneficiários. A meta é ter dez novos produtos nessa linha em 2022.

Esse modelo continua e deve ganhar fôlego com a aquisição pela Rede D’Or, segundo Bottas. A expectativa é de que a transação amplie a possibilidade da SulAmérica de oferecer planos mais baratos. “A união de forças pode trazer novas oportunidades de ampliação de acesso e criação de produtos”, afirmou.

Outra frente destacada pelo executivo foi o desempenho da Paraná Clínicas -- curiosamente, a operadora do Paraná foi adquirida pela SulAmérica da Rede D’Or em 2020, por 385 milhões de reais. Para a SulAmérica foi um ótimo negócio. A Paraná Clínicas quebrou recordes de vendas em 2021 superando a marca de 100 mil beneficiários e aproximando a SulAmérica de um mercado de ticket médio e presença no interior do país.

A SulAmérica terminou 2021 com receita de 21 bilhões de reais, alta de 4,8% em relação a 2020. Mas a sinistralidade também teve alta, foi para 84,9%, ante 76,4% em 2020. A alta da sinistralidade se justifica principalmente pelo cenário da pandemia de covid-19 e demanda reprimida, que continua pressionando o setor de saúde, segundo a empresa. Mas acende um sinal amarelo para o mercado. Em relatório, Credit Suisse afirmou que “a persistência e a magnitude dos efeitos negativos sobre os resultados da SulAmérica colocam dúvidas sobre a capacidade da empresa de sustentar uma operação saudável”.

Aquisição bilionária

Anunciado nesta quarta-feira (23), o acordo para aquisição da SulAmérica pela Rede D'Or avalia a seguradora em cerca de 13 bilhões de reais com base em dados de valor de mercado da SulAmérica na B3. O negócio marca também a maior aquisição da Rede D'Or desde que a companhia estreou na B3 em maio passado, com uma oferta inicial de ações (IPO) de 11,5 bilhões de reais.

Pela operação, aprovada pelo conselho de administração das duas empresas, a holding controladora da SulAmérica será extinta e sucedida pela Rede D'Or. Os acionistas da SulAmérica ficarão com 13,5% do capital da Rede D'Or. A transação envolve prêmio de 49,3% aos acionistas da SulAmérica com base em 18 de fevereiro.

Pelos termos do acordo, os controladores da SulAmérica se obrigaram a não negociar proposta concorrente à da Rede D'Or sob pena de multa de 2 bilhões de reais. O anúncio acontece apenas alguns dias após a conclusão da fusão entre Hapvida e Notre Dame Intermédica, anunciada em fevereiro de 2021.

O anúncio da venda para a Rede D'Or veio no mesmo dia em que a SulAmérica divulgou que teve prejuízo de 31,2 milhões de reais no quarto trimestre, ante lucro de 42,6 milhões um ano antes, com forte piora nos índices de sinistralidade. No ano, a SulAmérica teve lucro de 332,7 milhões de reais, queda de 58,3% em relação a 2020.

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