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O que o apagão de Neymar mostra às empresas viciadas em craque

Você viu: ter uma estrela na sua equipe nem sempre resolve; mas qual é o plano B?

Neymar, do Santos: exemplo dos riscos de depender demais de uma única estrela (Rodolfo Buhrer/Placar)

Neymar, do Santos: exemplo dos riscos de depender demais de uma única estrela (Rodolfo Buhrer/Placar)

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Da Redação

Publicado em 21 de junho de 2012 às 17h49.

São Paulo – O atacante Neymar, um dos mais talentosos jogadores de futebol do mundo na atualidade, assistiu à eliminação de seu time, o Santos, da Libertadores nesta quarta-feira. A lição óbvia para os gestores: equipes ou empresas viciadas em craque sentirão, mais dia ou menos dia, síndrome de abstinência. Então, o melhor é: não deixe que se viciem.

O primeiro sinal de que sua empresa virou dependente do Neymar é que ela o sobrecarrega. “Quando está em campo, Neymar entorta o jogo para o seu lado”, afirma o consultor de gestão de pessoas José Valério Macucci, da TreinarRH Educação Corporativa.

Neymar marcou 20 dos 57 gols do Santos durante o Campeonato Paulista deste ano. Alan Kardec ficou em um bem distante segundo lugar, com sete gols. “Quando há um grande talento, a equipe corre o risco de ir a reboque dele”, afirma Macucci.

Síndrome de reserva

O segundo sinal de que sua empresa se viciou em craque? Simples: quando ele não está em campo, ou simplesmente não vive uma boa fase, nada acontece. É o que ocorreu na eliminação do Santos pelo Corinthians na Libertadores. O time de Tite conseguiu neutralizar Neymar com uma marcação adequada, em um momento em que o atleta vive o estresse de uma maratona intensa de jogos.

Às vésperas do jogo decisivo, o presidente do Santos, Luis Alvaro, chegou a insinuar que havia um complô dos dirigentes da Seleção Brasileira, que mantiveram Neymar longe do Santos por 14 dias para amistosos, desgastando-o, enquanto “poupava” as estrelas do Corinthians.


E aí, vem o último sinal de “craque-dependência”: sua equipe não entrega resultados sem o seu Neymar. Por que? Um motivo é que a equipe se acomoda e delega os pepinos para ele. Eles sofrem da síndrome do reserva. Simples assim. “Há quem simplesmente aceite ser o reserva do craque e se acomode”, afirma Anderson Sant’Anna, professor da Fundação Dom Cabral. Outra razão: o craque é fominha (sim, talentos costumam ter egos inchados), não divide o trabalho e impede que a equipe se desenvolva.

Tratamento

Dá para desintoxicar? Sim, mas o melhor mesmo é evitar a dependência a todo custo. “Uma empresa ou uma equipe não pode girar ao redor de seu talento”, afirma Sant’Anna. Para ele, o ponto de partida é: qual é o seu objetivo? O resultado de curto ou de longo prazo?

Para o curto prazo, uma alternativa é ter outro Neymar no banco de reservas. Ok, se fosse tão fácil, o próprio Santos teria outro jogador de cabelo moicano na beira do campo com o mesmo potencial de gols.

Por isso, para Sant’Anna, o mais consistente é desenvolver outras pessoas da equipe, de modo a torná-la mais equilibrada. Sendo bem objetivo: qual é a diferença de o Santos ganhar por 2x0, com dois gols de Neymar; ou ganhar de 2x0, com um gol de Borges e outro de Alan Kardec? É nisso que as empresas pecam.

De volta ao básico

“O Coritiba não tem nenhum Neymar, e eliminou o São Paulo da Copa do Brasil porque tem uma equipe mais equilibrada”, compara Macucci, da TreinarRH. No longo prazo, para os especialistas, é melhor focar no desenvolvimento de todos, até levá-los ao seu limite, que deixar um craque carregar a empresa nas costas.

“O ideal não é ter um funcionário de alta performance; é ter uma equipe de alta performance”, diz Sant’Anna, da Dom Cabral. Os talentos individuais continuarão desequilibrando o jogo, mas o resultado não sofrerá, em caso de um apagão do craque. Outros se apresentarão na área para marcar. Está aí o Santos da Libertadores 2012 para lembrar.

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