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O que é preciso saber sobre a Glencore e os Paradise Papers

Os chamados “Paradise Papers” incluem informações sobre as operações da Glencore na República Democrática do Congo e na Austrália

Glencore: a Glencore era um dos principais clientes da Appleby (Simon Dawson/Bloomberg)

Glencore: a Glencore era um dos principais clientes da Appleby (Simon Dawson/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 6 de novembro de 2017 às 18h53.

Kinshasa - As atividades da Glencore, a maior trader de commodities do mundo, estão sendo investigadas após o vazamento de uma enorme quantidade de informações confidenciais do escritório de advocacia offshore Appleby Global Group Services.

A Glencore era um dos principais clientes da Appleby, que tinha até uma “Sala Glencore” em seu escritório nas Bermudas com informações sobre as 107 empresas offshore da trader, de acordo com uma investigação dirigida pelo ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos).

A Appleby sofreu um suposto ataque de hackers em 2016 e o ICIJ obteve dados confidenciais sobre o trabalho da empresa para corporações multinacionais e pessoas de grande riqueza líquida.

O grupo e suas organizações parceiras de mídia estão publicando uma série de matérias com base em milhões de páginas de registros corporativos, atas de reuniões e e-mails da Appleby.

Os chamados “Paradise Papers” incluem informações sobre as operações da Glencore na República Democrática do Congo e na Austrália e envolvimento em uma empresa de transporte marítimo. A seguir, alguns dos dados divulgados até agora:

Congo

Em 2009, a Glencore fez um empréstimo de US$ 45 milhões para uma empresa do bilionário israelense Dan Gertler, informou o jornal The Guardian. Embora os detalhes do empréstimo já tivessem sido divulgados anteriormente, os documentos da Appleby mostram que, em troca, Gertler teve que conseguir certas aprovações do governo, segundo o jornal britânico.

"Ao fornecer a Gertler o empréstimo e a responsabilidade de concluir o contrato, a Glencore não considerou os riscos que as conexões e o histórico de Gertler representavam", disse Elisabeth Caesens, especialista em acordos de mineração congoleses, que analisou os documentos vazados, à Bloomberg News.

Swaps de moedas

A divisão australiana da Glencore participou de swaps de moedas por até US$ 25 bilhões em 2013, informou o The Guardian. Esse tipo de swap é legal, mas tinha sido investigado pelo escritório de impostos da Austrália devido à suspeita de que eram usados para evitar pagamentos de impostos, disse o jornal. As transações internacionais foram feitas sob condições do mercado e usadas para cobrir a volatilidade cambial, afirmou a Glencore.

SwissMarine

A Glencore é a maior acionista da SwissMarine, uma operadora de fretes que, segundo a Australian Financial Review, incorreu em “importantes declarações equivocadas e omissões em aplicações bancárias e acordos financeiros” em 2013. Na época, o segundo maior acionista da SwissMarine era o armador grego Victor Restis, que estava na prisão aguardando julgamento por fraude e desfalque, disse o jornal. A Glencore afirmou que seu envolvimento na SwissMarine não é “significativo” e não foi divulgado amplamente por “motivos comerciais”.

A Appleby não respondeu a perguntas da Bloomberg News enviadas por e-mail. A empresa publicou um comunicado de imprensa onde afirmou que “somos um escritório de advocacia offshore que assessora clientes sobre maneiras legítimas e legais de conduzir seus negócios. Não toleramos comportamentos ilegais”.

“A Appleby investigou as acusações de forma minuciosa e vigorosa e estamos convencidos de que não há provas de nenhuma irregularidade, seja de nossa parte ou de nossos clientes”, afirmou a empresa.

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