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O picapau da Reserva no Japão? Esse é o sonho de Alexandre Birman

Após a compra, CEO da Arezzo&Co diz que internacionalizar a marca de estilo de vida carioca é um sonho, mas não está nos planos imediatos

Alexandre Birman e Rony Meisler: novos sócios (Luciana Prezia/Divulgação)

Alexandre Birman e Rony Meisler: novos sócios (Luciana Prezia/Divulgação)

Ivan Padilla

Ivan Padilla

Publicado em 24 de outubro de 2020 às 14h47.

Última atualização em 24 de outubro de 2020 às 14h49.

Após a alardeada compra da marca Reserva pela Arezzo&Co por 715 milhões de reais, vêm os questionamentos: quais os próximos passos para o conglomerado de moda e calçados que se forma? Uma estratégia esperada é a continuidade da internacionalização das marcas do grupo, iniciada com a Schutz e a marca Alexandre Birman.

É possível pensar na Reserva em outros mercados, como uma marca de moda global? “Existe o sonho, sim. O plano, ainda não”, diz Alexandre Birman, CEO da Arezzo&Co. “Sou muito fã da marca, a iconografia do pica-pau vermelho para mim é global. Consigo enxergar no Japão a mensagem por trás da marca, ainda mais com o nome Reserva nesse momento ambiental tão forte.”

Birman falou com a EXAME na sexta-feira, por teleconferência, logo após o anúncio da aquisição. Estava ao lado de Rony Meisler, fundador da Reserva, de assessores de imprensa e de parte da equipe de relação com os investidores. Os dois novos sócios vestiam camiseta preta da Reserva com frases motivacionais.

“A gente tem que saber dar um passo de cada vez, para ter consistência”, afirmou Birman, na entrevista. “Eu não quero aqui usar da euforia do momento para responder de forma estruturada. Uma coisa que a gente sonha e é importante, a gente guarda. O que é plano a gente compartilha.”

Após a cautela inicial na resposta, Birman reafirmou a estratégia de expansão da marca. “A questão da internacionalização com foco nos Estados Unidos foi algo que desde criancinha eu sonhei, montei a Schutz com 18 anos. Em 2012 teve o primeiro passo nesse sentido. Aí veio a pandemia em 2020 e tivemos de tomar decisões difíceis para corrigir algumas questões iniciadas no ano passado.”

Birman se refere ao fechamento de três das seis lojas da Schutz nos Estados Unidos. Também encerrou um ponto de venda da marca Alexandre Birman, mantendo apenas duas. O grupo decidiu investir no e-commerce para diminuir os impactos da pandemia do coronavírus e unificar as coleções, que antes eram divididas entre Brasil e EUA.

Com isso, afirma, o grupo conseguiu minimizar os danos provocados pela epidemia. Segundo Birman, neste terceiro trimestre, pela primeira vez, a empresa irá apresentar resultados de bottom line no positivo. “Temos por lá uma estrutura incrível, liderada por um CEO que é prata da casa, Fernando Caligaris, que o Rony ainda não conheceu, está há 11 anos conosco, tem 31 anos, é um cara muito visionário.”

Dois dias antes, em um debate sobre negócios da moda organizado pelo grupo Iguatemi e mediado pela EXAME, Alexandre Birman detalhou os planos de internacionalização da Arezzo&Co. “Sempre acreditamos na operação nos Estados Unidos, por ser o maior mercado do mundo e pela ausência de um líder”, disse.

Nas palavras de Birman, a maior empresa do setor lá tem 3% do mercado, enquanto no Brasil a Arezzo tem 35% do mercado de bolsas e calçados para o mercado AB. “Sempre acreditamos na nossa rapidez de criação de produtos, no custo benefício da qualidade do calçado Made in Brazil, e fomos crescendo”, disse.

A operação nos Estados Unidos faturou 230 milhões de reais no ano passado, correspondendo a 11% da receita do grupo, afirma. “Ao mesmo tempo tivemos um prejuízo de 30 milhões de reais devido ao nível de despesas muito alto. Isso já fazia parte do plano, mas nenhuma empresa quer conviver com isso em um momento de crise. Então optamos por fechar algumas lojas físicas recém-abertas, que era a maior draga de rentabilidade.”

Nesse momento, completa, o grupo passou a desenhar um novo ciclo focado em rentabilidade e não só em crescimento. “Aproveitamos a situação do câmbio e reprecificamos a Schutz, algo que já queríamos fazer. A marca é um accesible luxury e trouxemos para baixo, havia espaço para isso.” Outra medida foi intensificar acordos com varejistas de lá, como a Nordstrom. Os resultados acordo com a varejista.

Dessa forma, Birman tem mantido aceso o desejo de criancinha – e pode sonhar com mais.

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