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O lucro de R$ 25 bilhões do Itaú decepcionou?

Os bilhões conquistados pelo Itaú não foram suficientes e as ações caíram na bolsa; banco comemora crédito para pessoa física e margens.

Fachada do Itaú (Thomas Locke Hobbs/Wikimedia Commons)

Fachada do Itaú (Thomas Locke Hobbs/Wikimedia Commons)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 5 de fevereiro de 2019 às 15h19.

Última atualização em 5 de fevereiro de 2019 às 17h13.

O banco Itaú divulgou ontem os resultados do quarto trimestre e os números consolidados de 2018. Em resumo: a instituição financeira teve lucro líquido de 25,7 bilhões de reais no ano, valor 3,43% maior que o alcançado em 2017. O resultado bilionário em plena crise econômica, no entanto, decepcionou - as ações da companhia caíam 4% nesta terça-feira. Por quê?

Os bilhões conquistados pelo Itaú ficaram aquém das expectativas do mercado. “Analistas consideraram os números ‘mornos’ devido ao baixo crescimento da carteira de crédito e as despesas maiores que o esperado”, dizia relatório da plataforma de investimentos Rico Investimentos nesta manhã.

A concorrência “empolgou mais”, nas palavras da Rico. O Bradesco divulgou resultados de 2018 na semana passada, e reportou lucro líquido recorrente de 21,5 bilhões de reais no período, aumento de 13,4% na comparação com 2017.

Em teleconferência com analistas hoje, o presidente do Itaú, Cândido Bracher, explicou que os resultados da economia brasileira em 2018 ficaram abaixo das expectativas do banco. O Itaú previa um aumento de 3% no PIB do país em 2018, mas o indicador ficou em apenas 1,3%. O câmbio também não seguiu as projeções da companhia, que previa o dólar a 3,5 reais - a moeda americana chegou a 3,88 reais.

Mesmo assim, o banco afirma que seus resultados estão em sua maioria dentro das expectativas. Um dos destaques foram as carteiras de crédito para pessoa física e pequenas e médias empresas, que  cresceram 10,3% e 14,4% respectivamente. Na outra ponta, o crédito para grandes empresas teve recuo de - 4,7%, o que segurou os resultados de crédito do banco (o indicador teve alta de 6,1%, contra 7,8% do Bradesco).

Spread

Outro destaque foi para a margem financeira com clientes, que cresceu 2,2% em 2018, puxada por uma mudança no mix dos produtos, com ênfase em itens de spread bancário mais elevado, segundo os executivos explicaram na conferência. O spread é a diferença entre a taxa de juros cobrada aos tomadores de crédito e a taxa de juros paga aos depositantes pelos bancos.

Os números do Itaú mostram uma lenta queda no spread nos últimos anos, seguindo as quedas na taxa básica de juros (a Selic), que atualmente está 6,5%. “Enquanto a taxa da Selic caiu três pontos percentuais, as nossas margens brutas de juros se mantiveram estáveis”, destacou Bracher.

O banco ressalta que seu objetivo continua sendo a "centralidade no cliente". Para isso, tem investido principalmente em sua plataforma digital, como forma de fazer frente às fintechs que vêm ganhando espaço no mercado financeiro brasileiro. Porém, o fato de focar em produtos com spread mais elevado mostra que o Itaú não vai abrir mão de suas margens tão facilmente. Bom para o acionista, não tanto para o cliente.

O Itaú fechou dezembro com 1,6 trilhão de reais em ativos totais, alta de 9,7% em um ano. Na comparação com setembro, a alta foi de 2,3%. O patrimônio líquido do banco foi a 131 bilhões de reais no quarto trimestre, aumento de 3,8% em um ano e de 5,4% no comparativo trimestral.

2019

Para 2019, a expectativa do banco é crescer de 8% a 11% este ano, puxado pelos resultados de crédito para os segmentos de pequenas e médias empresas e pessoa física, que tiveram bom desempenho em 2018. Para a XP Investimentos, os números são positivos.

“Vemos o Itaú como uma história atrativa para 2019, com promissora perspectiva de crescimento de lucros e características defensivas relevantes (diversificação na LatAm, dividendos, excesso de capital)”, disse em relatório.

O Itaú prevê ainda um crescimento de 2% a 2,5% no PIB para este ano, além de inflação sob controle, taxa Selic estável e queda no desemprego. Não se sabe se a realidade vai obedecer as projeções do banco desta vez. Já o lucro bilionário em 2019 é praticamente certo.

 

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