A JBS-Friboi, empresa brasileira líder mundial em carne bovina, trabalha para convencer o governo dos Estados Unidos a liberar a compra da National Beef pela empresa. Nesta segunda, o Departamento de Justiça apresentou queixa à Justiça em que defende que a aquisição seja bloqueada. O governo dos EUA, entretanto, liberou a compra de outra empresa do setor, a Smithfield Beef, pela JBS-Friboi. “A JBS anuncia seu plano de conclusão imediata da aquisição da Smithfield Beef enquanto defende vigorosamente o processo do Departamento de Justiça americano que impede a compra da National Beef”, diz o comunicado.

Para o Departamento de Justiça, "a transação proposta eliminaria a competição entre as companhias que estão planejando a fusão e, provavelmente, diminuiria o vigor com o qual a JBS e outros dois importantes frigoríficos vão competir para comprar gado e produzir e vender carne classificada e embalada sob as regras do USDA (sigla em inglês para o Departamento de Agricultura dos EUA)".

A ação do governo diz ainda que a proposta de fusão viola leis antitruste. Para a acusação, a fusão daria à JBS o controle de aproximadamente um terço da capacidade de processamento e embalagem de carne da região de "High Plains", região central dos EUA.

"Não concordamos com a decisão do Departamento de Justiça que tenta impedir a transação" diz Wesley Batista, Presidente da JBS USA. A JBS anunciou a aquisição da National Beef no dia 5 de março deste ano. A empresa estima o negócio em 970 milhões de dólares.

"Essa transação favorece altamente a competitividade e irá gerar eficiências e sinergias significantes que beneficiarão nossos fornecedores de gado e consumidores de carne. Acreditamos que o governo está equivocado e pretendemos defender essa questão na corte", completa Batista.

Filé mignon

Em nota, a corretora do Santander classificou como “surpresa negativa” a ação do Departamento de Justiça dos EUA. A avaliação é de que a compra da empresa pela JBS seria a melhor aquisição a ser feita porque a National Beef tem margens mairoes que a Smithfield e também que a Swift, comprada no ano passado.O Santander lembra ainda que a National Beef tem quase o dobro da capacidade de abate da Smithfield. “Estimamos que a National Beef teria aumentado a nossa estimativa preliminar consolidada de Ebitda para 2009 em 34%”, diz o comunicado.

A Brascan Corretora compartilha da percepção de que a rejeição ao negócio é negativa para a JBS-Friboi no longo prazo, mas diz que no curto prazo a empresa poderá preservar seu caixa e evitar a redução de rating (avaliação de risco de suas dívidas). A agência Moody´s já havia ameaçado cortar a classificação da empresa caso as autoridades reguladoras dos EUA aprovassem as duas aquisições. Por esse motivo, a decisão americana deve ter um efeito positivo sobre suas cotações no curto prazo.

Se fosse autorizada a comprar as duas empresas, a JBS-Friboi se tornaria a maior processadora de carne bovina dos Estados Unidos, à frente de gigantes como Tyson Foods e Cargill. Sem a National Beef, a JBS seria apenas a segunda do mercado americano, com participação de cerca de 23%.

A empresa

Maior produtora e exportadora mundial de carne, a JBS conta com uma capacidade de abate de 57.600 cabeças por dia. As operações da companhia são realizadas em 22 plantas industriais localizadas em nove estados brasileiros, seis plantas em quatro províncias argentinas, além de 12 plantas nos EUA e nove na Austrália.

Ela é a terceira maior produtora de carne suína dos EUA, com uma capacidade de abate de 47.900 cabeças/dia. As marcas da empresa são Friboi, Swift, Maturatta, Cabaña Las Lilas, Organic Beef Friboi, Anglo, Mouran e Plata.